No Sport sempre houve essa tradição de bons goleiros, Manoelzinho, Manga, Tobias, Emerson Leão, País, Gilberto e Bosco foram fortes nomes que vestiram o manto rubro-negro. Mas desde o final do ano 2000, essa tradição não era seguida, com a saída de Bosco um caminhão de goleiros começou a passar pela ilha e nenhum convenceu.
O vazio era grande, um goleiro só voltou a ser destaque em 2003. Maizena viveu grandes momentos, mas ainda não honrava aquela tradição.

Até que no dia 21 de abril de 2005, há exatos 11 anos, desembarcou no Aeroporto Internacional dos Guararapes um total desconhecido. Um cara alto, de ombros largos, chamado Alessandro Beti Rosa. Vindo do Rio Branco-SP a pedido do então técnico Zé Teodoro -com quem já havia trabalhado no Fortaleza um ano antes- Magrão, como prefere ser chamado, veio só para compor o elenco, assinando um contrato de apenas sete meses.
Chegou sem muito alvoroço e cheio de desconfiança por parte da imprensa e principalmente dos torcedores. Eram poucas as informações sobre ele, apenas se sabia seu nome, clube anterior e nada mais.

Sua historia no Sport iniciou um mês após sua chegada ao clube, Magrão substituiu Maizena sob muita desconfiança da torcida e reprovação da imprensa. Estreou contra o Guarani na Ilha do Retiro, num jogo sem sustos conquistou sua primeira vitoria como titular, por 1a0 e, permaneceu na posição pelos 12 jogos seguintes, até que mas uma lesão o tirou do time em agosto e ele encerrou o ano de 2005 no banco de reservas, mesmo assim conseguiu renovar o contrato.
Magrão começou o ano de 2006 como titular, sendo a primeira opção do então técnico Dorival Júnior ao montar o time no inicio da temporada, mas o bom momento não durou muito, a desconfiança logo virou perseguição e depois de algumas atuações ruins, a torcida começou a pegar no pé e vaias contra o goleiro se tornaram constantes. Voltou para o banco de reservas e de lá viu o Sport conquistar o Pernambucano, uma nova oportunidade para o goleiro veio no Brasileiro. Magrão substituiu Gustavo e reassumiu a camisa 1 na metade da Série B. Foram 23 jogos na titularidade coroados com o acesso. Magrão enfim, começava a se firmar.

Em 2007, Magrão conquistou seu primeiro título como titular, mas a pressão sobre ele ainda era grande. Como se não bastasse toda aquela pressão, logo na segunda rodada do Brasileiro um motivo simbólico aumentou ainda mais carga sobre o arqueiro. Magrão tomou o gol 1000 de Romário, numa cobrança de pênalti em São Januário e acabou ficando marcado. Voltou pra reserva e só veio a ser titular novamente com a mudança de técnico, após dois meses no banco. Voltou com uma grande atuação na vitória sobre o Palmeiras por 2 a 1, dentro do Palestra Itália. A partir daí manteve uma regularidade considerável e começou a conquistar a confiança dos torcedores.

2008 foi um ano incrível, com defesas importantes, Magrão foi um dos protagonistas na conquista da Copa do Brasil. E ele não brilhou só com as mãos, brilhou com os pés também. No segundo jogo da semifinal, contra o Vasco, a decisão foi para os pênaltis e Magrão surpreendeu fazendo até gol e conquistou ainda mais os torcedores.
Em alta e com muita moral, Magrão que chegou como desconhecido começou a ganhar mais destaque, até mesmo internacionalmente. Em julho daquele ano, quase deixou o Sport. Recebeu uma proposta do futebol espanhol e esteve muito perto de dar adeus. Mas felizmente sua saída não deu certo.
Com a conquista da Copa do Brasil e de quatro títulos pernambucanos consecutivos, Magrão se tornava cada vez mais ídolo e se consolidava com belas defesas de tirar o fôlego a cada partida.

E por falar em defesas, que rubro-negro não lembra daquele voo espetacular na bomba de Carranza, no estádio David Allerano, no Chile? Sem duvidas uma das maiores defesas de Magrão! Aquela defesa além de linda, garantiu a vitória do Sport sobre o Colo-Colo logo na estreia da Libertadores de 2009. E foi também a primeira vitória de um time brasileiro contra o Colo-Colo dentro do Chile. No campeonato brasileiro daquele ano, o sport foi rebaixado. Mas mesmo com a queda, Magrão terminou o ano bem valorizado e quase trocou a Ilha do Retiro pela Vila Belmiro. Recebeu uma proposta do Santos e chegou até a acertar os salários, mas a saída mais uma vez não se concretizou. Aquela altura Magrão já era ídolo e o Sport não abriu mão.
Cada dia mais ídolo, Magrão ajudou a conquistar o pentacampeonato pernambucano em 2010, igualando uma marca que havia acontecido de 1996 até 2000. Mas apesar do bom início de temporada, o Sport fracassou no Campeonato Brasileiro da Série B, com uma tentativa frustrada de acesso no fim.