O 7 a 1 dos olhos de quem não sofreu com o passeio
Crônica de Gabriel Neri
Ser criticado por torcer contra uma seleção que representa seu país é algo que algumas pessoas vivem. Meu caso. Mineiro de nascença, mas torcedor argentino. Não tem jeito, a Albiceleste ganhou meu coração e não tem como torcer para uma camisa verde e amarela que não me remete a nenhum sentimento. Futebol é sentimento e se não há isso, deixe de torcer e procure outro amor.
Hoje é um dia histórico para o futebol mundial, a primeira e quiça única vez que a Seleção Brasileira, em sua casa, disputando uma semifinal de Copa do Mudo, em 2014, sofreu o maior vexame em cem anos. O 7 a 1 para a Alemanha, que seria campeã do Mundo no Maracanã, feito que o Brasil já esteve perto e não conseguiu por uma suposta falha de um goleiro que foi condenado a sua vida inteira e morreu sem saber que aquilo não era vergonha. Moacir Barbosa morreu em 2000, muito antes do Mineirazo.
O Brasil foi cinco vezes campeão da Copa depois do fatídico gol do uruguaio Ghiggia, que deu o título ao Uruguai no famoso Maracanazo. Em contraposição, Barbosa sempre foi culpado por um crime que jamais cometeu. Como o próprio goleiro que foi impedido de alentar seus compatriotas campeões nos Estados Unidos, no tetra em 1994, disse à época “no Brasil, a pena maior por um crime é de trinta anos de cadeia. Há 43 anos pago por um crime que não cometi”.
Quem vos escreve não era nascido quando Barbosa morreu. Nem vi o Brasil ser campeão em 2002, tinha apenas poucos meses. Mas em 2014, vi a Copa inteira. Me iludi por querer ver algum jogo no estádio, no entanto, não consegui. Porém, há seis anos, a tristeza de muitos naquela tarde de Sol no Estádio Mineirão não foi a minha. Se algum dia, quando mais novo, torci para a Seleção Brasileira, hoje não alento mais.
O Brasil alimentava uma ilusão com um time que nitidamente perderia para a melhor seleção daquela Copa. A Alemanha não foi ameaçada, somente em alguns momentos quando permitiu. Aos 15 minutos, 1 a 0 com gol de Thomas Muller. Dos 20 aos 30, quando “virou passeio”, Miroslav Klose, Toni Kross (2) e Sami Khedira (2) deram números finais ao primeiro tempo. 5 a 0. Minha família não acreditava, e nem eu acredito até hoje direito. Quando no intervalo do vexame, o desalento batia nos torcedores brasileiros, eu não senti isso. Era mais um jogo para mim e uma derrota que não era minha.