Athié Jorge Coury, o presidente mais vitorioso do futebol

Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória

Nascido em 1º de agosto de 1904, na cidade paulista de Itu, “o berço da República”, Athié Jorge Coury terá seu nome ligado eternamente à história centenária do Santos e jamais deixará de ser reverenciado pelos torcedores alvinegros, em especial por aqueles que viram e acompanharam Pelé e o grande time do Santos reinar absoluto em todos os continentes.

Seus atos e sua conduta pessoal, sempre delegando funções, foram os destaques de sua gestão à frente do clube praiano, prova é que ao seu lado estavam dirigentes prestativos como Modesto Roma, Nicolau Moran Villar e Augusto da Silva Saraiva.

Como goleiro, Athié também foi um dos melhores goleiros do Brasil, defendendo a meta praiana de 1927 a 1934. Permaneceu como o mais vitorioso presidente de um time de futebol por 26 anos seguidos, levando a entidade à conquista de inúmeros títulos oficiais entre os anos de 1945 e 1971. Na vida pública portou-se com louvor, defendendo os interesses da cidade e de seus trabalhadores.

Athié fez o curso primário e o secundário no Colégio São Luís, em sua terra natal, onde sua família tinha plantação de café. Depois foi morar em Piracicaba (SP), cursando até o segundo ano de agrimensura. Na capital paulista diplomou-se em Economia no Colégio Mackenzie.

Na adolescência estudava e defendia a meta do Esporte Clube Sírio. Amigo de vários atletas do time santista, Athié foi convencido a jogar no Alvinegro por Ricardo Pinto de Oliveira e Zeca Ratto, dirigentes do Santos.

Ao aceitar descer a serra em direção à Baixada Santista, de imediato se tornou sócio de uma corretora de café, época em que o país era o maior produtor e exportador de sementes da fruta do café.

Ele se filou ao Santos no dia 9 de setembro de 1927 e seu proponente foi o presidente Guilherme Gonçalvel, atendendo a um pedido do diretor-geral de esportes Urbano Caldeira.

Urbano queria um goleiro para jogar no segundo quadro e fazer sombra ao então titular Tuffy, “o Satanás Negro”, que dois meses depois seria expulso da Vila Belmiro. Athié e assumiria a titularidade do arco praiano, fazendo parte do “time do ataque dos 100 gols”.

Goleiro dedicado e corajoso

Sua primeira participação no esquadrão da Vila se deu no dia 9 de outubro de 1927, aos 23 anos, na vitória de 9 a 0 sobre o Corinthians de Santo André, no amistoso realizado no estádio que ainda não tinha o nome de Urbano Caldeira. Naquele domingo Feitiço marcou cinco gols, Siriri três e Camarão um. O time formou com: Athié, Bilú e David; Alfredo, Júlio e Hugo; Omar, Camarão, Siriri, Feitiço e Passos.

Nos anos seguintes foi sempre convocado para atuar pela Seleção Paulista e era nome certo para goleiro principal do Escrete Nacional na Primeira Copa do Mundo de Futebol, em 1930, no Uruguai.