Ademir Quintino fala no Mercado do Futebol

Seguindo a ideia de trazer entrevistas com jogadores em atividade, ex-jogadores e pessoas ligadas ao futebol, hoje o Mercado do Futebol tem a honra de poder entrevistar o Blogueiro e Repórter de Campo Ademir Quintino, que cobre há anos, o dia-a-dia do Santos Futebol Clube.

 

 MF– Ademir, Radialista desde 1997, mais de mil jogos do Santos tiveram sua cobertura e seus comentários, por diversas rádios e vários locutores consagrados como o saudoso Fiori Gigliotti. Como isso é para você hoje?

R: Faço o que mais amo e tenho a felicidade de cobrir o time que sou apaixonado. Sou feliz e realizado. A maior parte da torcida do Santos me reconhece como referência nas informações do clube e com um blog independente, sem associação com nenhum outro veículo de comunicação grande.

 

 MF– Muitas coberturas que você fez lhe encheram de orgulho, outras o deixaram decepcionado. Mas qual pode ser citada como a mais marcante?

R: Creio que tenha sido em Assunção, no Paraguai. Meu avião atrasou e cheguei no estádio há duas horas do jogo. Estava tão cheio que não consegui chegar as cabines. Transmiti o jogo da laje do estádio, através do celular, porque o funcionário me impediu de ir a área reservada à imprensa. O Santos se classificou para a final da Libertadores em 2011. Eu estava com tanta pressa que esqueci o notebook no táxi quando cheguei ao estádio. Fui atrás do taxista após o jogo e recuperei. Inesquecível pelas dificuldades e também pela classificação do Santos diante do Cerro Porteño e voltava a final da maior competição do continente, após oito anos.

 

 MF- Ademir, você se tornou referência para o torcedor santista e é hoje o principal setorista do Peixe. Você em algum momento da carreira chegou a temer que dizer ao grande público a sua predileção ao SFC poderia lhe prejudicar profissionalmente?

R: Temos outros bons profissionais que acompanham o clube. Sim, nos meus primeiros anos de rádio, até 2007, eu não falava que era santista – eu era um repórter água com açúcar. Depois resolvi ser mais polêmico e assumi a santistidade. Perdi algumas oportunidades por isso, mas não me arrependo em ter tornado público que sou apaixonado pelo Santos. Queria fazer sucesso com a torcida do Santos, não outra e acho que isso eu consegui.

 

 MF- Como é a sua relação com os torcedores alvinegros? É sabido que muitos torcedores lhe perguntam o tempo inteiro sobre informações do Peixe via redes sociais. Você se sente cobrado em demasia pelos torcedores ou há alguma pressão para que todas as informações cheguem ao grande público com o máximo de precisão?

R: Não. Cobrança não, mas como trabalho com outras atividades profissionais, não tenho tempo de responder a todos e cresceu demais as pessoas que me acompanham. Torcedores de outros clubes estão me seguindo e perguntam também. E recebo cobranças da família por não dar o tempo devido a eles. Dentro das minhas limitações procuro responder tudo e todos. Hoje faço assessoria de dois políticos da minha cidade, fazia de um clube da 4ª divisão paulista, trabalho para a TV legislativa da minha cidade e corro atrás de anunciante pro meu blog também. É muita coisa, mas se sou alguém hoje, dou graças principalmente ao torcedor do Santos e a eles devo satisfação, por isso procuro dar atenção a todos, na medida do possível.

 

 MF– O Santos iniciou o ano, de uma forma muito conturbada, cheio de dúvidas e medo por parte dos seus torcedores. Chegamos ao final do ano, Campeão Paulista, finalista na Copa do Brasil e no G4 do Brasileirão, além das categorias de base estarem disputando finais em quase todas suas divisões. Como avaliar este ano para o Santos?

R: Pode ter sido surpresa para alguns, para mim não foi. Escrevi em janeiro que o clube manteve a espinha dorsal e que poderia ser campeão estadual, como foi. O que efetivamente me surpreendeu foi o trabalho do Dorival ter dado certo a curto prazo. Eu esperava resultados por que conheço o potencial desses jovens, a médio e longo prazo, não que sairia da zona de rebaixamento para disputar a final da Copa do Brasil e a retomada no Brasileiro. O ano será maravilhoso se a vaga a Libertadores for confirmada. O time não disputa a competição desde 2012. Um time da representatividade do Santos não pode passar três anos sem disputar essa competição.

 

 MF– Neste final de ano, as categorias de base do Santos estão nas finais do Paulista sub-17 contra o SCCP e nas semifinais do sub-20 contra o Rio Claro. Surge mais uma nova “safra” de Meninos da Vila para as próximas temporadas?

R: Gosto de acompanhar a base do Santos. Vejo ótimos meninos no 13, 15 e 17. No 20, vi poucos jogos. Tem bons jogadores, mas não esperem nenhum Robinho ou Neymar a curto prazo. Isso não brota da noite para o dia.

 

 MF- Você trabalhou com o Jean Chera e infelizmente o jogador não rumou pelo caminho que lhe daria mais chances de sucesso, como todos acreditavam que iria ocorrer. Você tem alguma opinião formada sobre em qual momento o Jean Chera perdeu a oportunidade de ser um grande talento no futebol profissional?