Contratação de Robinho rende denúncia ao STJD
A contratação do atacante Robinho, talvez o maior ídolo do Santos pós-Pelé, está rendendo muitas críticas e manifestações da torcida nas redes sociais. Treze coletivos de torcedores encaminharam ao STJD uma notícia de infração disciplinar, onde oferecem a denúncia e pedem a anulação do registro do atacante junto ao Santos. O jogador foi anunciado como reforço do Santos no domingo dia 11 e seu registro foi efetuado na segunda-feira dia 12, em caráter de plantão extra-oficial da CBF.
Segundo a denúncia oferecida, a inscrição do jogador deveria ocorrer no primeiro dia útil após o anúncio da contratação, e o registro foi feito em um dia que era feriado nacional. O ‘correto’ seria ter acontecido o registro no dia 13, terça-feira. O ‘plantão’ da CBF para se fazer o registro aconteceu devido o Santos ser punido novamente, agora pela dívida com o Huachipato do Chile, pelo não pagamento na contratação do atacante Soteldo, e voltaria a ser enquadrado no ‘transfer ban’, o que proibiria de registrar jogadores para a temporada.
Seguindo o parágrafo 3º do art 22 do regulamento nacional de registro e transferência de atletas de futebol, “a publicação no BID dar-se-á em horário de expediente da CBF”, o que não poderia ser em caráter de plantão, apenas dentro de dias úteis e horário de trabalho. O registro só foi conseguido depois do presidente Orlando Rollo ter ido pessoalmente à CBF e conversado com o presidente da entidade e também com o presidente da Federação Paulista de Futebol, solicitando deles que fizessem os registros de jogadores que o Santos anunciasse no final de semana, na segunda-feira, feriado. O Santos ficou liberado para registros de novos atletas na última sexta-feira dia 9, após o acordo com o Hamburgo, onde o Santos quitou seu débito com o clube alemão, na compra do zagueiro Cléber Reis.
Sobre a denúncia, Caroline Rocha, porta-voz do coletivo feminino da torcida organizada “Flamengo da Gente” falou ao UOL Esporte detalhes da ação. “A indignação com o anúncio do Robinho foi geral dentro do nosso coletivo, por toda a questão da condenação que o envolve. O “Flamengo da Gente” é um coletivo de ação, então procuramos o caminho para nos posicionarmos contra esse absurdo. Assim, as “Mulambas da Gente”, frente feminina da torcida, entraram em contato com outros coletivos de diferentes clubes e assinamos, juntos e coletivamente esse documento. Foram 28 assinaturas – de 13 coletivos de torcedoras diferentes, de diversos estados.”
O documento tem base o art. 1º do regulamento. “Este Regulamento Geral das Competições, foi elaborado pela Confederação Brasileira de Futebol, no exercício da autonomia constitucional desportiva para concretizar os princípios da integridade, ética, continuidade e estabilidade das competições, do fair play desportivo, da imparcialidade da verdade e da segurança desportiva, buscando assegurar a imprevisibilidade dos resultados, a igualdade das oportunidades, o equilíbrio das disputas e a credibilidade de todos os atores e parceiros envolvidos. O movimento entende que desta forma, o artigo foi burlado, criando-se um plantão para registrar o jogador, o que é proibido. “O artigo foi burlado quando criou-se um plantão fora do expediente para registrar um jogador. Foi um jeitinho que deram. E é essa a nossa queixa”. Após a notificação feita, a Procuradoria Geral do STJD, a entidade pode fazer a denúncia e exigir a nulidade do registro.
Desde o anúncio da contratação do atacante Robinho, a repercussão está sendo muito polêmica, tanto pelo retrospecto ruim dentro de campo, quando pelo fato do jogador responder por crime de estupro, onde já foi condenado em primeira instância pela Justiça Italiana. Nas redes sociais, inúmeros torcedores pegaram fotos de campanhas contra a violência da mulher que o time postou em 2019, e colocaram junto das postagens atuais, do anúncio da volta do jogador, apontando não ter coerência o anúncio com a causa defendida anteriormente. A repercussão negativa também aconteceu no meio da imprensa, onde praticamente todas as opiniões afirmam não ter sentido contratar um jogador condenado por estupro.