Thiago Mendes Larghi é natural de Paraíba do Sul. Atualmente sem clube, o treinador de 40 anos soma passagens por Seleção Brasileira, Botafogo, Sport, Corinthians, Atlético Mineiro e Goiás. Bacharel em Educação Física, Thiago além das licenças da CBF, tem a licença UEFA B.
1- Como iniciou-se seu desejo em trabalhar com futebol?
R: “O trabalho iniciou com o desejo de jogar futebol, desde os 6 anos estava dentro do campo, de chuteira, uniforme, vestiário e jogando divisão de base, em diferentes competições. Lá para os 19 anos, junto com a família, a gente viu e achou que não ia ter muito futuro, que era um jogador mediano, esforçado e a gente entendeu que o melhor caminho era estudar, pra continuar trabalhando no meio. Fiz Educação Física, fiz curso de treinador e tinha como inspiração o Parreira. Fui auxiliar de preparação física. Esse aí é o início 2000 e ali o termo era observador técnico, onde eu segui uma linha de estudar, coisa que depois virou analista de desempenho e aí foram dez anos como analista de desempenho pra depois no futuro aí me tornar treinador.”
2 – De 2011 a 2012, você trabalhou como analista de desempenho no Botafogo. Como avalia a sua passagem no clube e como define essa função no futebol que vem crescendo cada vez mais?
R: “Sim, 2011 e 2012 eu tive no Botafogo, foram campanhas muito boas. O Botafogo tinha bons times, em ambos os anos, uma estrutura boa, bem gerido. O Anderson Barros era o gerente de futebol, e peguei dois treinadores muito bons, o Caio Júnior e Osvaldo de Oliveira, que valorizavam a função de analista de desempenho. Treinadores com visão, com entendimento do jogo bastante interessante e valorizava a nossa função. A gente dava o suporte pras tomadas de decisões deles, oferecia material de qualidade, tentando sempre facilitar o trabalho deles nas tomadas de decisões. É uma função que vem crescendo cada vez mais, porque o futebol tá cada vez mais competitivo e as informações estão mais disponíveis. Hoje em dia é bastante acessível informações quantitativas, informações qualitativas, o acesso aos vídeos, aos jogos do mundo inteiro, a analisar jogador. Enfim, está tudo bastante disponível aí, tem muitas plataformas e muita gente competente trabalhando nessa área.”
3- Posteriormente, você exerceu a mesma função na seleção brasileira, o quão importante foi esse período para a sua carreira?
R: “O período na seleção foi o início do fim de um ciclo, né? Eu tinha iniciado 2004 e 2005 com o observador da seleção brasileira, perspectivando um dia chegar na seleção. E com muitos estudos, muitos trabalhos feitos, oferecendo material para os treinadores na época. Primeiro o ciclo do Parreira, depois o Dunga. Foi bastante significativo para mim poder chegar a seleção em 2013, quando voltou o Parreira como coordenador, e o Felipão de treinador. Para mim foi uma experiência muito rica, porque eu convivi também com o Felipão, que é quem eu não conhecia e pude ver a maneira dele liderar, a maneira dele conduzir, vitorioso como é. E o Parreira pela experiência dele também, pude conviver mais perto, apesar de já o conhecer, há bastante tempo naquela época. Foi um prazer, um aprendizado muito importante, porque são profissionais de muita experiência, com muita rodagem, visão de jogo, formas de liderança, então isso daí pra mim foi um ciclo muito importante em que a gente viu o futebol de alto nível jogado por outras seleções. Participei da Copa das Confederações e a Copa do Mundo e isso foi muito significativo, foi muito importante todo o aprendizado, aquela vivência me fez aprofundar bastante sobre o jogo, me fez aprender muito. Na sequência eu sabia que ali meu círculo de análise de desempenho tinha se enterrado e aí eu fui pra Europa estudar, fiz curso da UEFA pra me tornar um auxiliar técnico quando eu voltasse pro Brasil.”
4- Após o trabalho na seleção, você foi para à Europa onde tirou a licença UEFA B, e fez um estágio com Pep Guardiola no Bayern de Munique. Como foi a dinâmica de aprender com um dos melhores técnicos do mundo nos últimos anos?
R: “Após esse passagem de analista, fui na Itália, fiz um curso da Federação Italiana com professores muito bons, onde eu vi que a Itália também já tava pensando em modernizar o seu jogo, coisa que vem acontecendo para evoluir, né?. Coisa que a Espanha tinha feito anos atrás, a Alemanha tinha feito e aí a Itália tava se modernizando. E no período que eu tava na Itália, foram quase quatro meses de curso lá, eu tive a oportunidade visitar o Bayern, tive a oportunidade de conhecer o Guardiola, de ver treinamentos, e principalmente conversar com um dos auxiliares dele, que era o Carlos, sobre a metodologia, sobre tudo que tava por trás ali daquele modelo de jogo. Isso para mim também foi um passo importante, porque eu vi acontecendo ali na frente, aquilo que a gente via acontecer nos jogos, a gente viu o treinamento, como que ele fazia para aquilo acontecer e uma integração muito grande entre aquilo que acontece no treino e a execução dentro do jogo. Uma metodologia muito bem implantada, obviamente com toda a escritura necessária, com jogadores de qualidade, também fundamentais para qualquer jogo de mais qualidade acontecer, como a gente sabe. Mas a condução do trabalho, os conceitos, isso aí tudo muito bem claro, muito bem executados e foi tricampeão alemão no período que ele teve lá com sobra, e mais outros títulos. Isso pra mim foi bastante significante também poder ter essa experiência.”