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Confira a entrevista com Nilton, ex-Corinthians e Vasco

Nilton Ferreira Júnior, nascido no dia 21 de abril de 1987, atua como volante e fez parte de grandes equipes do futebol brasileiro. Passou por Cruzeiro, Internacional, Bahia, CSA e Oeste, além dos times já citados no título. Agora à espera de uma nova oportunidade, Nilton deu um recado aos torcedores do seu possível novo time e também falou sobre a sua carreira. Confira as respostas do atleta de 33 anos.

Apoio: Joubert Júnior.

Mercado do Futebol (MF): Como foi o seu início de trajetória no futebol? Fale sobre os motivos que te levaram a querer ser jogador, dificuldades enfrentadas e os principais acontecimentos que precederam sua chegada ao Corinthians.

Nilton (N): “Eu posso dizer que o meu objetivo, o meu sonho, a minha meta que eu colocava desde cedo não foge muito dos sonhos dos garotos de hoje em dia. Contando que eu era muito novo, né, saí de casa com 11 anos de idade e simplesmente tive que amadurecer muito rápido. Acho que isso me fez criar uma raiz, uma maturidade muito cedo e sabia da responsabilidade, do compromisso que eu tinha comigo em poder dar uma condição boa para a minha família e poder ser mais um em milhares de jogadores a tentar trilhar no futebol brasileiro, mundial. E graças a Deus, eu consegui. A minha saída foi muito cedo, como eu disse, com 11 anos eu fui para Etti Jundiaí, hoje a gente chama de Paulista Jundiaí.

Início com 11 anos e oportunidade de ir para o Corinthians

Fiquei 2 anos, pude aprender algumas coisas lá, e em um certo jogo acabei jogando contra o Corinthians e eu fui muito bem. E foi um diretor que acabou me observando. Perguntou se eu tinha o objetivo de tentar ir para o Corinthians, eu falei que era o sonho de qualquer jogador e o meu não era diferente. Ali foi um começo do Nilton, nas bases, na categoria de base do Corinthians que eu posso dizer que foi maravilhosa e que eu soube aproveitar também. Acho que é isso que um garoto tem que saber. Já traçar uma meta e um objetivo que todo treino não poderia ser diferente, tinha que ser sempre em alto nível.

E eu acho que é isso que fez eu me destacar durante as bases do infantil até o profissional B. Então, eu acho que isso aí posso garantir que foi um começo maravilhoso. Eu fico muito feliz em poder ter conquistado todos os títulos na base com esses objetivos de tentar não mudar e buscar cada vez mais”.

A ajuda de Vampeta e a recepção vascaína

MF: Já no clube paulista, quais momentos você considera os mais importantes durante sua passagem por lá? Conta aí.

N: “Ah, acho que já no Corinthians, eu posso dizer que não houve um, houveram várias situações que ficaram marcadas. Então, eu acho que uma delas eu posso especificar. Foi no jogo contra o Botafogo, lá no Rio de Janeiro. Eu estava tentando cortar uma bola e nisso acabou desviando o Bruno Otávio, acabou entrando e colocaram que o gol foi contra. Aquele momento assim, na minha cabeça passava tudo, né, passava todo o momento ali de sofrimento que eu tive, todo o esforço. E tentar cortar uma bola e fazer um gol contra ali assim, né, que eu considero que não foi. Porque eu iria tirar, mas infelizmente acabou resvalando no Bruno Otavio.

Confiança do técnico e participação decisiva

Mas eu acho que a volta no 2º tempo que eu tive, que eu estava jogando de zagueiro, naquele momento, o Carpegiani falou: ‘Garoto, você vai jogar de volante agora com o Vampeta’. O Vampeta chegou em mim e falou assim: ‘Ó, é o seguinte, responsabilidade toda para cima de mim, eu quero que você jogue tranquilo, leve, faz o que você está fazendo nos treinos, na base, que você vai se dar muito bem aqui’. Cara, eu acho que aquilo ali para mim foi essencial, foi fundamental.

Naquele momento ali eu senti uma confiança que eu comecei a ir para cima, eu tocava e passava, e chegou um lance que eu estava muito distante. E eu falei: ‘Não, eu vou pedalar’, pedalei e arrisquei de longe, e acabei fazendo um gol ali, de empate. E que aquilo fica muito marcado para mim, que eu chorei muito, porque era um garoto começando e ter uma situação dessa.

Às vezes é difícil poder tentar dar a reviravolta, eu pude estar ajudando e acabou saindo de lá um resultado positivo, no Rio de Janeiro. Ali foi um e o outro foi contra o Santos, que ficou muito marcado naquele gol de falta, que eu não iria sair jogando. O Zé Augusto, que era o treinador da base, que era o interino, acabou me colocando porque o Ricardinho tinha sofrido uma lesão muscular. E falou: ‘Ó Nilton, você vai jogar de líbero e é você, tenho confiança’. Então, no jogo, no começo, eu não estava indo tão bem, depois acabei me soltando cada vez mais.

“Eu só enxerguei o ângulo”

Mas o engraçado disso tudo, foi que quando eu soube que eu ia sair jogando, o Marcelo, que era o goleiro falou: ‘Nilton, você vai cobrar falta, porque você tem muito potencial, vai sair falta e você vai cobrar’. Cara, eu cobrei acho que 50, 60 faltas ali e a bola ia sempre para longe. Aí o Marcelo fala: ‘Cara, você tem tanta força, não precisa, coloca jeito’. E aí foi onde que quando saiu uma falta, né, que o Éverton sofreu, o Vampeta foi novamente lá, um cara fundamental ali que me ajudou, ele pegou a bola, me entregou e falou: ‘Cara, você vai cobrar, você treinou. Então, você vai estar fazendo esse gol, não tenha dúvida’.

Na hora que eu olhei ali para o gol, eu só enxerguei o ângulo, não enxerguei mais nada, eu enxerguei que eu ia colocar a bola ali. E na hora que eu consegui colocar praticamente com a mão, naquele momento foi onde houve aquela explosão de felicidade e onde que eu acho que começou ali os chutes fortes do Nilton, né”.

Confiança no Vasco e gols importantes pelo Cruzeiro

MF: Mudando de estado: você já passou pelo Vasco, entre 2009 e 2012. Pode nos contar alguma história do se período no Rio? Seja sobre os bastidores de algum título, episódios dentro do vestiário ou até algum evento engraçado, você quem sabe.

N: “O Vasco da Gama é um outro clube que eu tenho que ser grato, né, por ter aberto as portas para mim. A forma como eu fui muito bem recebido no Rio de Janeiro, na hora que eu vi também aquela massa de torcedores. Aquilo ali para mim, eu falei: ‘Cara, que recepção foi aquela’.
Quando a gente foi fazer a pré-temporada no Espírito Santo, acho que tinham mais ou menos umas 3.000 pessoas no aeroporto esperando a gente. Aquilo ali foi absurdo, não tinha visto nada referente aquilo. E eu falei: ‘Cara, aqui vai ser o momento que eu vou me firmar como profissional, vou ter sequência, vou colocar meu nome na vitrine, vou colocar meus sonhos e meus objetivos mais acima ainda’.

“Todo jogo eu tentava dar o meu melhor”

Então, ali eu consegui dar ter uma sequência boa, consegui fazer gols, em algum momento eu estava sendo artilheiro da equipe no estadual. E eu tracei uma meta que eu queria. Era entrar na seleção do estadual e isso para mim foi uma coisa que eu sempre busquei. Todo jogo eu tentava dar o meu melhor, eu tinha uma meta durante o jogo. Na época, existia uma revista que dava notas para os jogadores e eu traçava aquilo como objetivo, eu não podia tirar menos que 6. Então, aquilo ali eu sempre jogando, fazendo gols, sempre ali, né, me policiando de não cometer erros.

E aquilo ali para mim foi tão marcante assim que no período quando eu achei que não estava dando certo foi onde que veio meu nome na seleção do Campeonato Carioca. Aquilo ali para mim foi uma explosão de felicidade. Foi um momento de êxtase. De poder falar: ‘Cara, o Nilton, agora sim, agora eu posso dizer que tô mais forte, que o meu nome irá trilhar ainda mais nesse futebol brasileiro’.

E dali para frente, eu comecei a ter uma confiança tão grande, que os jogadores, treinadores que acabei jogando, me ajudando sempre falavam: ‘Cara, você é um líder, você vai ser um cara fundamental por todos os clubes que você for passar’. E ali foi onde que eu consegui ter uma bagagem maior ainda pelo Vasco ter aberto essas portas para mim”.

“Ali eu posso dizer que foi o (gol) mais bonito”

MF: Agora uma pergunta sobre a Raposa e uma dúvida, inclusive, de um torcedor. Você foi bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, ao conquistar a competição em 2013 e 2014. Qual dos gols feitos durante esses dois anos, pelo Brasileirão, você considera o mais marcante? Por quê?

N: “Ah, falar do Cruzeiro eu tenho que pegar e começar agradecendo muito pelos torcedores, agradecer muito pelo Cruzeiro ter aberto as portas para mim. E eu acho que foi onde eu tive um auge meu, né, no futebol, que eu tive aquele momento ali de entrar em uma seleção do Campeonato Brasileiro. Ali foi, para mim, a chave de tudo que precisava e eu acho que pude estar mostrando também mais uma vez que eu tinha a capacidade de fazer gols, de ter uma marcação muito forte.

Ali o nome do Nilton pôde trilhar mais ainda e o que eu queria eu consegui naquele momento. Que era ter um holofote ali apontado, ser um dos protagonistas e teve um momento que eu acabei sendo artilheiro, começando ali no estadual, no próprio brasileiro e isso para mim acho que ficou marcado, né, ali na equipe do Cruzeiro. Ah, e muitos, né, falam que o gol mais bonito que eu fiz no Cruzeiro lá foi contra o Botafogo no Mineirão, que ganhamos de 3×0. Ali eu posso dizer que foi o mais bonito.