Bate papo com Rafael Compri, lateral do Uberaba

Natural de São Carlos/SP, o lateral direito Rafael Compri, de 22 anos, é uma das apostas do Uberaba para 2018. O jogador já foi “Menino da Vila” e também marcou história no time do São Carlos, seu primeiro clube, quando marcou o primeiro gol internacional do Clube, em partida amistosa na Turquia. No São Carlos, o lateral também passou pelo momento mais delicado da sua vida, quando um grave problema de saúde, que quase colocou um ponto final em sua carreira.

 

MF – Rafael, todo início de carreira no futebol é algo difícil, conseguir as oportunidades e conhecer as pessoas certas não é tarefa nada fácil. Como foi o início da sua carreira?

COMPRI – O início da minha carreira foi um pouco conturbado por problemas extra-campo que me aconteceu, na questão da operação do meu coração, depois dessa parada por um tempo voltei mais forte, renovado. Em 2013, o treinador Roberto Oliveira, se empolgou na minha primeira Copa Paulista, São Carlos x Inter de Limeira, logo no meu primeiro jogo como profissional, me lembro até hoje e na época eu tinha 16 anos. Logo em seguida chegou o Rodrigo Santana e o Neto Pajolla, o que me ajudar a aprimorar e foi aonde melhorei ainda mais meu futebol. Passei na mão por diversos treinadores na base aprendi muito com alguns, como André Bernal, que foi um treinador que me deu a base do futebol me ensinou muita coisa boa. Já no profissional ganhei a admiração de todos que acompanhavam meu trabalho e profissionalismo. Outros treinadores com bastante bagagem profissional, também me ajudaram a aprimorar mais e com o tempo passaram a admirar o meu trabalho.

 

MF – Em 2011 você descobriu em um exame de rotina que tinha um problema no coração, o que poderia tirar a possibilidade de se tornar jogador de futebol profissional. Como foi receber esta notícia?

COMPRI – Na hora eu não esperava, foi um back para todos que estavam ao meu lado, principalmente para os meus pais. Este era mais um obstáculo que eu teria que passar, e desistir foi algo que jamais passou pela minha cabeça. A persistência sempre foi algo marcante na minha carreira. Foi um momento aonde pensei que estava tudo acabado, só que por insistência minha e dos meus pais, Ronaldo e Marta, foi onde busquei forças para encarar todos os meus desafios e aí sim, voltar a fazer o que mais gostava, que era jogar futebol, profissionalmente.

 

MF – O tempo que ficou fora do futebol para cuidar da saúde, como foi para você este período? O que te motivou de verdade a partir para a operação, algo tão arriscado para sua vida?

COMPRI – Foi um período da minha vida onde Deus mostrou que nem tudo estava perdido. Minha motivação maior foi querer dar o conforto para os meus pais para a minha família, pois corro por eles, além de eu amar jogar futebol. Eu tinha o apoio deles e sempre quis deixar eles orgulhosos do filho que eles têm, agora corro pelo meu filho Lucca Henrico q completa 1 ano dia 9 de janeiro de 2018.

 

MF – Após sua a cirurgia que correu com todo sucesso, como foi o retorno aos gramados?

COMPRI – O retorno aos gramados foi uma subida interessante na minha carreira. Uma mensagem eu deixo, é que os obstáculos que aparecem na vida de cada um, por mais que seja difícil para você, NUNCA DESISTA. Persisti nisso para vencer este obstáculo, porque saltando ele você verá a luz da felicidade, você ganha forças para correr atrás do seu sonho. E foi isso o que me aconteceu, pois depois da operação comecei a treinar mais que os companheiros de clube. Puxava a fila nos físicos comecei inclusive a ser exemplo e foi onde a evolução profissional veio precocemente, aos 16 anos. Desde então minha carreira começou a decolar, até chegar no Santos.

 

MF – Depois de retornar ao futebol e ser destaque no São Carlos, inclusive sendo o primeiro jogador do time a marcar gol em uma partida internacional, o Santos o contratou. Como foi passar na base do Santos, o time que mais revela jogadores jovens no país?

COMPRI – Assim que cheguei no Brasil, depois de uma pré-temporada onde fui o destaque do São Carlos e coloquei meu nome na história do time, marcando o primeiro gol internacional do clube, contra o Sivaspor (time do ex-lateral esquerdo Roberto Carlos), da Turquia, recebi o convite pra jogar no Santos. Na hora, cheguei a não acreditar, pois não esperava chegar nesse nível, e foi aí que eu vi o quanto valeu perseverar e correr atrás do sonho de ser jogador profissional. Minha passagem no Santos foi uma experiência e tanto, aprendi muito sobre o futebol e, cheguei a ser elogiado pelo Dorival Jr., mas na época as laterais santistas estava bem servidas, e meu empréstimo estava acabando. As diretorias de Santos e São Carlos não se acertaram, aí eu acabei retornando ao São Carlos.

 

MF – Olhando o futebol de hoje, vemos que não só os jogadores, mas os técnicos mudaram muito a sua maneira de treinar e comandar as equipes, inclusive começando mais jovens na função. Como você vê isso?

COMPRI – Minha visão do futebol atual é que as jogadas individuais estão morrendo, pois muitos treinadores priorizam a marcação. De uma certa forma, estão corretos, porém eu penso que se deixar essa parte para nós, os defensivos, os atacantes acabam “descansando” lá na frente, e na hora que precisarmos, eles vão fazer  seus gols, enquanto a gente lá atrás se vira pra “segurar a bronca”. Hoje em dia, o jogo fica muito truncado você só consegue quebrar uma linha quando parte para a jogada individual. Já trabalhei com treinadores que não deixam você fazer nada, apenas a sua função, tocar a bola e cruzar e passar apenas isso, mas com o Rodrigo Santana, Rafael Guanaes foram diferente. Eles te deixam a vontade para driblar fazer o que você sabe fazer do meio campo pra frente, e desta forma o jogo flui, é onde nós jogadores, nos sentimos à vontade para jogar e vê q o treinador passa a confiança que a gente precisa.

 

MF – Este será seu terceiro trabalho com o Neto Pajolla, agora como seu treinador. Como você analisa este momento?