Tri-campeão!
Depois de um bom tempo sem o título da libertadores, o São Paulo chegou na final da competição em 14 de julho de 2005. O adversário era o forte Atlético Paranaense e, depois de empatar na primeira partida, o São Paulo decidira em casa e, para o delírio de um garoto de 10 anos que buscava entender o que era o futebol, a felicidade desse título traduziu perfeitamente.
O clima era de tensão, a expectativa, enorme e o espetáculo foi apenas questão de tempo. O São Paulo ainda me conquistara quando venceu o Campeonato Paulista e entrava em campo para ir em busca de um título que não vinha há 10 anos. 10 anos, a minha idade na época, a idade de quem pouco poderia entender, mas que vivenciou uma emoção cautelosamente guardada com imenso carinho até os dias atuais.
Em campo, Rogério Ceni, Fabão, Lugano e Alex; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior; Amoroso e Luizão. Estes 11 jogadores, comandados por Paulo Autuori, me levaram ao êxtase e numa mistura de leve saudosismo com orgulho, aquele histórico 3-5-2 começava com um goleiro que a cada partida fazia mais e mais história, uma zaga que, mesmo sem a chamada “grife” vinha num nível de altíssima entrega ao torcedor, um meio-campo marcador, pegado, forte que voava no apoio de dois alas que faziam jus ao termo “winger” e se encerrava na cadência, inteligência e alto poder de decisão de um 10 que cumpria perfeitamente o seu papel e um ataque com potência, com agressividade, mais entrega e muito faro de gol.
E tal faro de gol se mostrou presente, logo aos 16 minutos do primeiro, quando Luizão tocou de calcanhar, desconcertando a defesa e a abrindo para um chute forte de Danilo com a perna direita. O rebote do goleiro foi uma dividida entre o nosso 10, o próprio goleiro e um defensor adversário, com a bola sobrando e se oferecendo para a cabeça de quem abriria o placar naquela final: Amoroso, camisa 9! A partida continuou aberta até que, no segundo tempo, o massacre se acentuava e ele começou cedo, com Fabão, o zagueiro sem medo, sem mídia e muita raça, que acertava uma cabeçada indefensável após o cruzamento de Cicinho. 2 a 0 e a torcida ficava tão em êxtase quando eu, criança, pulando em casa como um louco. Aos 25’, o faro de gol entrava novamente em destaque, com Amoroso vencendo seu marcador no mano-a-mano e cruzando na medida para Luizão, que apenas completou para o fundo das redes e fez sua comemoração característica batendo com a mão no peito e chorando de emoção enquanto acabava com qualquer possibilidade de reação dos adversários e, já no final, aos 43’, o então jovem Diego Tardelli fechava de vez o caixão do Atlético depois de cortar o defensor e chutar no canto do goleiro.