Manchester City, Guardiola e Champions League: o que falta?

Desde que Pep Guardiola assumiu o Manchester City no lugar de Pellegrini, há muita expectativa sobre o técnico e seu time. Sem dúvida, há dois anos o Manchester City joga o melhor futebol do mundo e muito se deve à filosofia do técnico catalão. Porém, os únicos títulos conquistados foram a Premiere League da temporada 2017-2018, uma copa da liga inglesa e uma Supercopa da Inglaterra. Esses tentos, embora tenham seus valores, não correspondem à expectativa. Só um título é capaz de preencher esse vácuo, a UEFA Champions League.  O problema é que este título sequer chegou perto de acontecer.

Na temporada 16-17, o time de Manchester parou nas oitavas diante do Mônaco. Na competição seguinte caiu diante do Liverpool ainda nas quartas. Nesta temporada de 2018-2019 conseguiu vencer apenas o Shaktar e Hoffenheim em seu grupo, sendo incapaz de se impor diante do Lyon. Sim, lidera o grupo, mas os resultados já levantam questionamentos sobre a força da filosofia de Guardiola.

Na última rodada da Champions a equipe empatou com o Lyon e garantiu sua vaga nas oitavas, mas o mero resultado não exprime o sangramento sofrido por essa derrota. O Lyon se limitou a jogar de forma mais adiantada, sufocando o Manchester em todos os setores do campo. Os citizens não conseguiram ocupar espaços e não conseguiram reter a posse, ficando com apenas 54% dela. O padrão de jogo do City exige uma posse bem maior. Sua defesa não está acostumada a dividir a bola e o ataque depende da posse para criar chances. O resultado prático foi que o Lyon conseguiu atacar uma defesa sensibilizada e o City mal conseguiu revidar, tendo que contar com dois gols de bola parada, ou seja, mérito do talento dos jogadores. A filosofia de Pep não venceu o jogo, pelo contrário. O City só empatou o jogo pela má qualidade de finalização do ataque do Lyon (que perdeu inúmeras oportunidades) e pela qualidade gigantesca dos jogadores do City, que em lampejos conseguiram correr atrás do placar.

Talvez seja o caso de adaptar a estratégia de jogo para conseguir jogar sem a bola. Na Premiere League a maior parte dos times é técnica e taticamente inferior ao Manchester City, mas na Premiere League se enfrenta gigantes do futebol jogando o jogo de suas vidas. Os adversários irão se doar durante os 90 minutos e não irão aceitar facilmente jogar sem bola, retrancando e torcendo para o melhor. Acrescenta-se a isso o fato de que a filosofia do técnico catalão exige muito desgaste físico e o City não está tirando o pé na Premiere League, embora outros times tenham como foco principal a Liga dos Campeões.  Apenas gênios seriam capazes de apontar ao maior técnico do mundo o que lhe falta para vencer a maior competição de futebol do mundo, mas qualquer um percebe que ainda falta. E descobrir essa limitação e conserta-la é o maior teste da filosofia futebolística deste técnico e desta equipe.