Ex-presidente santista é expulso do quadro de associados do Santos
A noite desta terça-feira foi ‘quente’ e marcou a expulsão do ex-presidente santista, Modesto Roma Júnior, do quadro de associados santista. Também foram punidos com suspensão o ex-vice-presidente César Conforti e o sobrinho e assessor de Modesto Roma Júnior, Moacyr Roma.
O que culminou a expulsão do ex-presidente santista, foi a reprova das contas em 2017 e também o imbróglio com a empresa Quantum Solutions Limited, de Malta, que ao que tudo indica, foi intermediária de negociação com o Paris Saint-Germain, no mecanismo de solidariedade, quando o time francês comprou o atacante Neymar, junto ao Barcelona. O Santos na ocasião, por ser clube formador, recebeu 5% do valor da negociação, que rendeu aos cofres santista R$ 34 milhões da multa rescisória.
O ex-presidente não compareceu à reunião, mas ainda pode acionar a justiça comum para recorrer da decisão do Conselho. Modesto foi presidente santista de janeiro de 2015 à dezembro de 2017. Durante sua gestão, alguns contratos foram considerados suspeitos e encaminhado aos conselheiros para análise. O empresário Giuliano Bertolucci é citado, pois detinha direitos econômicos de jogadores e também financiava empréstimos ao Santos, com garantia nos próprios direitos dos atletas. Outro nome citado foi do agente Luiz Taveira, que em 2017, por sugestão do Conselho Fiscal, não se fizesse mais pagamentos por agenciamento de atletas. A orientação não foi seguida e o agente recebeu durante os meses de agosto à outubro de 2017, cerca de R$ 440 mil por intermediações em negociações.
Modesto ainda foi citado por “negociações perigosas”, como a venda do volante Thiago Maia ao Lille. Naquela ocasião, o Santos ficaria com 70% da negociação, algo em torno de R$ 9,8 milhões, e não repassou os 30% restante aos intermediários, que gerou uma dívida aos cofres santistas de R$ 14,5 milhões, que foi lançada nos relatórios. Outra negociação que gerou dúvidas foi a aquisição de 10% dos direitos econômicos do volante Alison, por R$ 800 mil, que deveria ser pago em quatro parcelas, durante 2018 e 2019. Desta forma, 70% do passe do jogador seria do Santos, 20% seria da Unique e 10% do próprio volante, mas o acordo com o empresário Giuliano Bertolucci, a empresa Unique ficou de fora, e o Santos aparece com 100% dos direitos federativos do jogador. Outro agravante nesta negociação é que ela foi feita durante os três meses finais do mandato de Modesto Roma, o que é proibido por estatuto.
Além das irregularidades nos contratos, o Conselho também apontou variações na quantidade de funcionários e seus salários. Um exemplo citado foi que em 2016, a folha salarial dos atletas santistas era de R$ 4,8 milhões, e em 2017, saltou para R$ 6,9 milhões. Também foram apontados em 2017, que o Santos respondia por 99 processos na justiça, sendo 43 cíveis e 56 trabalhista, com uma perda de R$ 15 milhões em ativos, além de um atraso próximo dos R$ 20 milhões em impostos que não foram pagos, o que ainda poderia se caracterizar uma apropriação indébita.
OPINIÃO – A expulsão do ex-presidente Modesto Roma Júnior do quadro de sócio do Santos está recheada de desmandos e manobras, que sem sombra de dúvidas, prejudicam as ações financeiras do clube, até hoje inclusive. Resta saber se será somente ele punido, ou se outras pessoas, que naquela gestão também teriam poderes para apoiar e decidir junto do mandatário, e também como que a instituição Santos Futebol Clube, poderá ser restituída destes prejuízos causados pelas atitudes erradas de seus comandantes.