Dia 8 de maio de 2016: lembro-me cada segundo desse dia. Antes de falar sobre essa data, vamos relembrar a campanha do Coelhão no Campeonato Mineiro daquele ano. A expectativa para a competição era boa, pois meses antes, tínhamos conquistado o acesso à Série A do Brasileirão.
Na estreia, o América não tomou conhecimento do Tupi e venceu por 3 a 0. Entretanto, quem com 3 a 0 fere com 3 a 0 será ferido. A frase resume a segunda rodada para nós. A derrota para o Guarani, em Divinópolis, trouxe uma insatisfação enorme ao torcedor americano, mas a recuperação veio com as vitórias sobre Vila Nova-MG e Caldense, respectivamente.
No primeiro clássico da temporada, empate em 1 a 1 com o Cruzeiro. Resultado ‘ok’, tendo em vista que o América era visitante. O real tropeço aconteceu na 6ª rodada, com a derrota por 1 a 0 diante do Tricordiano. Em seguida, recebemos o Atlético-MG no Independência e empatamos mais um clássico, novamente por 1 a 1.
Pela oitava rodada, enfrentamos o Tombense e perdemos por 2 a 0. Era mais um revés fora da casa. Naquele momento, restavam três rodadas para o término da primeira fase. O América ocupava a 6ª posição, somando 11 pontos, e fazia uma campanha extremamente irregular, preocupando o seu torcedor e lidando com diversas críticas.
A reta final fez o jogo virar. O América venceu Uberlândia e Boa Esporte no Independência, retornou ao G-4 e dependia apenas de suas próprias forças para garantir a vaga no mata-mata. Na última rodada, o empate em 1 a 1 com a URT foi suficiente para o Coelhão sair de campo classificado para as semifinais, terminando a primeira fase na 4ª colocação, com 18 pontos.
Semifinais
Chegamos ao mata-mata sem vencer nenhum clássico. Pela frente, tínhamos o Cruzeiro, líder da primeira fase. No Independência, o Coelho bateu a Raposa por 2 a 0, com gols de Adalberto e Victor Rangel. Já no jogo de volta, tivemos alguns sustos, mas no fim, empate sem gols garantiu a vaga na decisão.
O América voltava a ser finalista do Campeonato Mineiro após 15 anos. Pela frente, o adversário era Atlético-MG, que eliminou a URT na semifinal. Por ter feito uma melhor campanha na primeira fase, a equipe alvinegra tinha a vantagem de decidir o estadual no Mineirão.
Decisão #1: jogo de ida
A primeira partida foi bastante movimentada. Teve literalmente de tudo. Entretanto, estávamos EM CASA. E que privilégio! O Independência jogou junto com a América em cada partida daquele Campeonato Mineiro. Na decisão, não foi diferente. Quem duvidou disso se fud#@.
Os visitantes começaram melhor, mas, de repente, um acontecimento veio para mudar o rumo das finais. Tiago Luís passou mal e Givanildo Oliveira teve que realizar a primeira substituição ainda na etapa inicial. Danilo Barcelos foi o escolhido para entrar na partida.
Em campo, o então camisa 14 do Coelhão conseguiu fazer a diferença abrindo o placar da decisão. Logo em seguida, o América armou uma blitz na defesa adversária, mas não conseguiu ampliar porque o goleiro deles viveu um momento inspirado.
No início da segunda etapa, Danilo Barcelos marcou o segundo do Coelhão. A partir dali, começou um verdadeiro espetáculo promovido pelo goleiro que vestia a camisa do América na época. Até pênalti cobrado por Robinho ele defendeu. No fim, o adversário ainda conseguiu descontar.
Sei que não fui o único, mas passei a semana inteira pensando no gol sofrido próximo ao apito final. A vantagem estava perfeita, mas foi só um deslize acontecer para que a tortura mental começasse: “Por que aquele gol aconteceu? E por que no final do jogo?”. Isso resume muito bem o tormento vivido naqueles seis dias.
Decisão #2: fim do jejum
Finalmente, chegamos ao dia 8 de maio de 2016. Naquela tarde, era nítido o oba-oba deles. Pelo nosso lado, tínhamos a confiança num trabalho consolidado de Givanildo Oliveira e numa equipe que cresceu ao longo da competição.
O jogo era tenso, mas o América estava bem em campo, e não dava espaços ao adversário. No final do primeiro tempo, eles ainda tiveram um jogador expulso. Tudo parecia se encaminhar para uma tranquilidade, mas eles começaram a jogar melhor com um homem a menos e conseguiram abrir o placar na etapa final.
Era só o início do drama. Lembro-me que até um funcionário do Mineirão passou mal e teve que ser retirado. Para completar o pior roteiro possível, perdemos Alisson, que foi expulso. O desastre estava completo. Nada mais poderia acontecer, certo? Errado!
Se o adversário marcou após perder um jogador, o América fez exatamente igual. O “herói improvável” apareceu de novo: Danilo Barcelos. Aproveitando um “passe” de Borges, ele deixou tudo igual e comemorou da forma que eu queria: correndo, gritando, tirando a camisa e o calção. Entretanto, eu estava no Mineirão e, obviamente, não fiz isso, podem ficar tranquilos.
Depois do êxtase, os minutos finais foram compostos com por uma verdadeira mistura de sentimentos. Por fora, gritos, suor e lágrimas materializavam tudo aquilo que estávamos vivendo. Mas foi só o árbitro encerrar a partida para a festa começar. Uma festa multiplicada por 15. Simplesmente inesquecível.
Neste período quarentena, relembrar momentos como esse só aumenta a saudade ir ao Independência e incentivar o América durante os 90 minutos. Entretanto, nosso duelo atual é pela saúde. Daqui a pouco, isso tudo vai passar e nós poderemos retornar aos estádios para fazer aquilo que mais gostamos: apoiar nosso clube do coração. Portanto, FIQUE EM CASA!
Rafael Alves
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