Titular do América-MG e numa boa temporada pelo clube, o zagueiro Eduardo Bauermann, de 24 anos, falou com exclusividade ao Mercado do Futebol. Durante o bate-papo, comentou sobre seu início de ano com a camisa do Coelho: “tive uma rápida adaptação”.
Além de contar seus desejos para 2020, em que o time comandado por Lisca disputa Série B e Copa do Brasil, Eduardo falou sobre uma pauta muito levantada nos últimos dias e que, infelizmente, é recorrente na sua vida: o racismo. Tendo sofrido dois casos de injúria racial no futebol, ele se posicionou firmemente contra as medidas tomadas pelas entidades, as quais considera insuficientes:
“Quando ocorreu comigo em 2019, estipularam uma multa de R$ 2.000 para o cara e seis meses de serviço comunitário. Que aprendizado ele teve com isso? As leis no Brasil e no mundo são uma piada”.
O jogador, com formação no Inter e passagens pela seleção de base, Náutico, Atlético-GO, Figueirense e Paraná, também falou sobre sua visibilidade na Europa e seus objetivos de carreira. “Meu maior sonho sempre foi jogar no Chelsea”, disse o atleta ao contar qual clube deseja defender.
Sobre sua passagem pela equipe profissional do Inter nos conturbados anos de 2015, 2016 e 2017, Eduardo confessou acreditar que não tenha sido um mau momento: “Fui titular em alguns jogos pelo Brasileiro e fui inscrito para a semifinal da Libertadores em 2015”.
CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:
1- Você está tendo um começo muito especial com a camisa do América nesse ano de 2020. Jogou 21 dos 22 jogos do time no ano como titular e perdeu apenas para o Atlético-MG no clássico que definiu o finalista do estadual. Como você avalia o seu início de temporada?
R: Avalio meu início de temporada como muito bom, onde tive uma rápida adaptação e consegui fazer bons jogos ao lado do Lucas Kal.
2- O Inter foi o clube que te revelou, mas você acabou não tendo uma grande passagem por lá. Você acredita que o momento em que subiu para o profissional acabou atrapalhando, já que foi durante um período crítico do clube?
R: Não avalio meu tempo de profissional no Inter como uma passagem não muito boa. Em 2015, já estava no profissional, fiz minha estreia, fui titular em alguns jogos no Brasileiro e fui muito bem visto. Em seguida, fui inscrito para a semifinal da Libertadores, porém, no outro dia o Inter perdeu e acabei não jogando. Em 2016, não foi um grande ano para o clube inteiro, em que teve a queda para a Série B. Fui emprestado e depois tive que voltar no meio do empréstimo, quando fiz alguns jogos de titulares ou estava no banco. Em 2017, foi quando comecei a ser emprestado para alguns clubes nos anos decorrentes. Até que em 2019, o Inter não iria renovar meu contrato e decidi rescindir. Então, resumidamente não vejo meu tempo de Inter como um tempo não muito bom.
3- Estamos, nos últimos meses, vivendo grandes reflexões e debates raciais no mundo todo, e no futebol, infelizmente, existem episódios frequentes de racismo. Você já passou por dois, em 2019 e 2020, enquanto jogava pelo Paraná e pelo América-MG, respectivamente. Um deles, o mais recente, envolvendo um torcedor do próprio clube. Você acredita que as medidas tomadas pelas entidades de futebol do Brasil e do mundo são suficientes?
R: Acho que as medidas que deveriam ser tomadas, não são. Por isso que continua! Põe prisão perpétua, 30 anos de cadeia, para ver se não resolve. Quando ocorreu comigo em 2019, estipularam uma multa de R$ 2.000 para o cara e seis meses de serviço comunitário. Que aprendizado ele teve com isso? As leis no Brasil e no mundo são uma piada. Eu não mereço isso, nenhum negro(a) merece passar por isso, mas infelizmente quem tem o poder real para mudar tudo, não muda. O que podemos fazer é protestar, brigar por justiça, até que um dia isso seja “resolvido”.
4- Ano passado, quando você estava no Paraná, recebeu proposta do Sint-Truidense, da Bélgica, mas decidiu permanecer no clube. Pode explicar melhor como foi essa negociação e a sua recusa?
R: A proposta que chegou do Sint-Truidense era uma oportunidade boa para aparecer para o mundo, estar na Europa, que ainda é meu sonho. Porém, meu salário seria menor do que aquele que ganhava no Paraná. Em contrapartida, ganharia uma luva muito boa, mas para receber esse dinheiro, ele teria que ir para conta do Paraná e depois que eu já tivesse lá na Bélgica, o Paraná repassava para uma conta no Brasil. Desse jeito não aceitei e por isso não fui.
5- Além disso, em junho, o jornal espanhol La Pizarra del DT te colocou entre os oito defensores que se destacam no mundo, sendo você o único brasileiro. O sonho da maioria dos jogadores é atuar na Europa, então como é para você saber que o conhecimento do seu futebol chegou ao velho continente?
R: Fiquei muito feliz ao ver, pois nunca ia imaginar que em um site espanhol, eu estaria entre os oito melhores defensores reativos no mercado, sendo o único brasileiro na lista. Isso mostra o quanto venho trabalhando e buscando meu espaço, e acima de tudo, o quanto Deus me abençoou, me sustentando e me dando saúde para buscar coisas boas a cada dia.
6- Você é um jogador novo, de apenas 24 anos, e tem ainda muitos anos de futebol. Quais seus maiores objetivos na carreira? Quais títulos sonha conquistar? Existe algum clube que você sonha em jogar?
R: Sou um jogador novo e tenho muitos sonhos e objetivos. Meu maior objetivo na carreira é jogar uma Copa do Mundo profissional. Falo profissional porque já tive a oportunidade de jogar a sub-17. O maior título que desejo conquistar, além da Copa e a Champions League. E meu maior sonho sempre foi jogar no Chelsea (ING) e no Orlando City (EUA).
7- E, para finalizar, falando agora de um futuro mais próximo: o que você espera da temporada 2020, em que disputará Série B e Copa do Brasil, tanto para o América, quanto individualmente?
R: Espero que tenhamos um grande ano, onde possamos ir o mais longe possível na Copa do Brasil e brigar pelo título da Série B. São nossos sonhos reais e vamos brigar por isso
Foto de capa: Mourão Panda/América
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