Arsenal pós-Wenger
A situação do Arsenal é de difícil análise para qualquer brasileiro. No Brasil, todo técnico é interino. Poucos são os técnicos mantidos após mais de um ano de fracasso e escassez de títulos. Em filosofia antípoda, está o Arsenal, time comandado por Arsène Wenger por mais de 20 anos. Em 20 anos de comando, estabeleceu-se uma mentalidade e um modo de jogar futebol muito bem definido. Adaptar o time a uma nova realidade é uma tarefa dura, que o time londrino já começou a sentir: estreia com derrota para o Manchester City.
Unai Emery assumiu uma dura missão. Ser técnico de futebol já é o emprego mais perigoso do mundo. Na situação de Emery, bem, não conheço a legislação trabalhista inglesa, mas com certeza ele deveria receber adicional pela periculosidade do cargo que ocupa,: a inauguração de uma nova era do Arsenal.
Como se o fantasma de Wenger não fosse transtorno suficiente, Emery também não conta com novo material humano à altura de sua missão. As contratações mais fortes foram jogadores periféricos, como Sokratis Papastathopoulos, Lucas Torreira e Mattéo Guendouzi, que falhou no primeiro gol ao marcar (mal) Sterling e entregou uma bola que deixou Aguero na cara (Cech salvou).
Em sua estreia na Premiere League, Emery levou um nó de Guardiola. A marcação alta do City engessou totalmente a equipe do norte de Londres, que acabava recuando para Cech e gerando pânico no estádio pela ineficiência do goleiro em jogar com os pés. No primeiro gol, Sterling teve a liberdade de limpar três defensores e finalizar. No segundo, Mkhitaryan deixou um corredor para o lateral esquerda Mendy subir e cruzar a bola finalizada por Bernardo.
Começo com o pé esquerdo, mas deve-se atentar ao fato de ser apenas o começo. Em um campeonato de pontos corridos, a primeira rodada não fornece amostragem suficiente para uma análise científica e muito menos para previsões. Mas, pelo futebol apresentado, o pessimismo é inevitável.