Marielle
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CBF proíbe entrada de bandeira com menção a Marielle Franco no Mineirão

Nos últimos dias, repercutiu nas redes sociais uma nova intervenção da CBF: a Confederação Brasileira de Futebol proibiu o movimento da torcida do Atlético-MG, nomeado como ”Resistência Alvinegra”, de entrar no estádio com bandeira que faz menção a Marielle Franco.

Ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle foi assassinada em 14 de março de 2018. Desde então, se tornou um dos principais símbolos de movimentos relacionados à defesa dos Direitos Humanos, movimentos feministas, luta contra contra o racismo, dentre outros.

Diante da pandemia, as arquibancadas dos estádios não podem ser ocupadas, mas as torcidas de boa parte dos times levam faixas e bandeiras para preencher os espaços deixados pelos torcedores. No meio Atleticano, a torcida ”Resistência Alvinegra” constantemente marca presença no estádio com suas faixas e bandeiras.

Além disso, o movimento possui histórico recente em participações por lutas sociais e protestos ocorridos nas ruas de Belo Horizonte.

Proibição

Diante da grande repercussão da presença da Resistência Alvinegra no Mineirão, a CBF interferiu no caso. A bandeira que faz menção a ex-vereadora Marielle Franco foi barrada dos estádios, através de uma notificação da CBF ao clube.

Sabendo dos riscos, a torcida não mantinha a bandeira no Mineirão durante a transmissão dos jogos, sendo utilizada apenas no pré-jogo, onde a torcida fazia fotos para as páginas do movimento.

No entanto, o Atlético foi notificado da proibição, com base no art. 1º do capítulo 1 das Disposições Preliminares do Regulamento Geral das Competições da CBF. Informou-se que não se permite “manifestações político-religiosas” nos estádios em campeonatos por ela organizados.

Posicionamento

Procurado pelo site Mercado do Futebol, um representante da Resistência Alvinegra comentou o caso. ”Acreditamos que futebol e política sempre se misturaram e sempre vão se misturar. Fomos proibidos de colocar a faixa no Mineirão, logo o Mineirão que o nome do estádio homenageia um político, governador, que trabalhou ativamente no golpe de 64. Futebol é política, mas quando a manifestação é de caráter popular, ela é censurada, usando esse discurso de não se misturar. É isso que acreditamos”, afirmou.

Ainda de acordo com o regulamento, ”as competições nacionais oficiais do futebol brasileiro exigem de todos os intervenientes colaborar de forma a prevenir comportamentos antidesportivos, bem como violência, dopagem, corrupção, manifestações político-religiosas, racismo, xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação”.

O representante ainda criticou que ”em diversos países, as organizadas têm uma luta muito além do estádio. Elas têm consciência social e histórica. Vemos que ainda é uma coisa que falta nas organizadas do Brasil”.

Na última semana, muito se questionou sobre a Torcida Organizada Galoucura, também do Atlético, que utilizou das tais ”manifestações políticas” quando estampou em uma de suas bandeiras, o rosto do ex-militar e político de extrema-direita René Barrientos.