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Entrevista com o técnico Jair Ventura

Jair Zaksauskas Ribeiro Ventura nasceu em 19 de março de 1979, na cidade do Rio de Janeiro-RJ. Filho do ex-atacante e tricampeão com a seleção brasileira em 1970, Jairzinho, Jair teve uma curta carreira como jogador, antes de se estabelecer como um dos mais promissores técnicos do futebol brasileiro.

Em entrevista com o Mercado do Futebol, Jair falou sobre sua trajetória como treinador e sobre a pausa de quase dois anos que fez na carreira, período no qual buscou aprimoramento para seguir a carreira.

 

MF- Primeiramente como surgiu seu amor pelo futebol? Quando você percebeu que era este o caminho que iria seguir?

Jair Ventura – Nasci no meio do futebol, não deu muito certo a minha intenção de ser jogador, mas estudei e vi que meu caminho era esse mesmo. Não tinha como fugir.

 

MF- Você teve uma carreira de jogador, que se iniciou no Rio de Janeiro e passou por França e Gabão, antes de decidir encerrá-la cedo. Como foi essa vivência como jogador e o quanto você acha que essas experiências favoreceram sua formação como técnico.

Jair Ventura – Foi uma experiência muito boa, porém sem sucesso. Acredito que minha experiência fora de casa me ajudou muito, eu sei muito bem o que passa um jogador quando sai de casa. E atuar fora do país também me deu uma visão diferente do futebol.

 

MF- Em 2009, você inicia sua trajetória como auxiliar-técnico do Botafogo, clube no qual seu pai fez história. Como foi essa sua transição de atleta aposentado para treinador e como foi sua chegada a General Severiano?

Jair Ventura – Estava no clube, trabalhando nas categorias de base e depois como auxiliar-técnico. Quando o treinador saiu, o presidente me ligou perguntando se eu estava pronto, achei que era para comandar a equipe somente no jogo seguinte, até que ele falou que seria efetivado, foi uma surpresa, mas encarei como sempre como um desafio a ser conquistado.

 

MF- Também treinou a equipe Sub-20 do Botafogo, sua primeira experiência como treinador de fato. O quão diferente é assumir um time de garotos, também sendo muito jovem? Foi difícil conseguir se impor com os comandados?

Jair Ventura – Foi muito legal esse período, por causa que os jovens jogadores sempre querem absorver o máximo que um treinador pode dar e usei isso para mostrar a eles o que achava certo. Em relação a me impor não foi complicado porque a absorção dos atletas foi muito boa e a aceitação deles também.

 

MF- Entre 2016 e 2017, você finalmente teve a oportunidade de assumir o time principal do Botafogo, conseguindo resultados expressivos no processo. Conte alguns momentos marcantes de seu trabalho como treinador, ficou satisfeito com o que conseguiu entregar?

Jair Ventura – O primeiro momento marcante foi quando o presidente me ligou e perguntou se eu estava preparado. Trabalhei muito para chegar nessa posição e o que conquistei no Botafogo, clube que conheço desde novo, foi muito bom. Fiquei satisfeito sim com o que entregamos e carrego em minha memória muitos momentos bons ali. Conseguirmos a vaga na Libertadores, o título como treinador revelação, muitas histórias boas.

 
Botafogo atinge G6 mas técnico Jair Ventura evita falar em Libertadores |  Torcedores | Notícias sobre Futebol, Games e outros esportes
Trabalho de Jair Ventura levou o Botafogo à Libertadores em 2016. (Foto: Vitor Silva/Botafogo)
 

MF-  Em 2018 você passa por Santos e Corinthians, na dupla paulista você encontra os clubes com dificuldades e não consegue emplacar o trabalho esperado.  O que você acha que foi o fator essencial para isso? 

Jair Ventura – Como você ressaltou, os clubes estavam com dificuldades. Não realizei o trabalho que eu esperava, mas também não foi o que muitos pintam por em vários locais, dizendo que não fiz renderem Gabigol, Rodrygo e Bruno Henrique e que deixei a equipe na zona do rebaixamento. O Bruno saiu no início do primeiro jogo da minha estreia e só voltou nas três últimas partidas. Saí com o Santos classificado para as oitavas-de-final da Libertadores e para as quartas da Copa do Brasil. Acredito que foi um trabalho regular no Corinthians, fiz a minha primeira final de uma competição nacional. Claro que o resultado não foi esperado e ninguém gosta de perder.

 

MF- Desde então você está ausente da função de treinador. Como tem sido esse período?

Jair Ventura – Por vontade própria, eu tirei um ano sabático e tive um motivo muito especial: Curtir a minha filha que nasceu e ficar mais presente na vida da família. Além disso, também tenho me dedicado muito aos estudos sobre o futebol. Tudo para aprender, evoluir e trocar boas ideias.

 
Jair Ventura dá a notícia que o torcedor do Corinthians queria sobre  reforços para 2019
A passagem pelo Corinthians em 2018, foi o último trabalho de Jair Ventura (Foto: Divulgação)
 

MF- Por fim, em 2020, a grande discussão do futebol brasileiro é sobre o sucesso de treinadores estrangeiros e uma teoria de que supostamente os treinadores brasileiros estariam ultrapassados, o que o Jair pensa disso? Estamos ultrapassados?

Jair Ventura – Acredito que tenha espaço para todos no futebol. Não acredito que o treinador brasileiro esteja ultrapassado. Aliás, eu nem gosto muito desse termo. É preciso ter respeito pelas pessoas. Acredito que pode haver uma troca de conhecimento entre todos para que o futebol fique cada vez melhor. Todos se esforçam e buscam a melhor performance.