Sabores do Futebol #1: Feijão Tropeiro
Iniciamos neste momento ar nova série do Mercado do Futebol. Denominada de Sabores do Futebol, como o nome já diz, tratará de contar histórias de comidas costumeiras que encontramos em estádios de futebol mundo afora. Como a primeira misturada na panela, nada melhor que inaugurarmos com o mais tradicional e carismático prato: o Feijão Tropeiro.
Está enganado quem pensa que este é um alimento recente. O prato tem início ainda no período colonial, como o nome bem refere, com os tropeiros – homens que guiavam animais pelas estradas de Minas Gerais. Para estas viagens pelas estradas, não existiam muitas opções alimentícias, até por isso, eles precisariam de uma receita prática e que fosse elaborada com ingredientes que não estragariam, daí surge um dos melhores pratos do Brasil – na opinião deste humilde autor, o melhor.
Entendida da origem do prato típico dos mineiros frequentadores de estádio, passamos aos componentes. O Feijão Tropeiro é composto por: feijão, arroz, couve, bife de porco, torresmo, molho de tomate e ovo. Engana-se quem pensa que em todos os locais a refeição é igual – nunca foi e nunca será. Existem pessoas que preferem com o molho de tomate; outras, sem, por exemplo. Há pessoas dos mais variados gostos, porém é quase uma unanimidade que o Feijão Tropeiro é algo espetacular e que deve ser experimentado por todos.
Há cerca 50 anos essa iguaria é vista nos estádios mineiros, em especial no Mineirão. O Gigante da Pampulha possui diversos momentos de relacionamento com essa culinária. Desde o clássico Bar do 13 (fazendo referência ao portão 13 do Mineirão antes da reforma), até os dias atuais, onde são comercializados dentro do estádio, mas claro, sem deixar de ser vendido fora dele. Pós-reforma, até 2016, por normas da vigilância sanitária, o Tropeiro do Mineirão foi produzido sem o “zoiúdo” – o ovo frito. Todavia, a partir do jogo entre Cruzeiro e Atlético, no dia 18 de setembro de 2016, o ovo voltou a ser ingrediente do prato, para a felicidade de 99,9% dos torcedores – ou melhor, 97,5%, segundo pesquisa feita pelo próprio Mineirão.
A vida sem esta iguaria da gastronomia mineira nos estádios seria complicada. Imagina um pós-7×1 sem um Tropeiro para consolar… não dá. Foi isso que a Fifa foi quase obrigada a fazer – mudar o cardápio padronizado das arenas da Copa do Mundo de 2014 e aceitar que este prato não poderia ficar de fora. Viver sem o Feijão Tropeiro – para este autor, é um trabalho árduo, cansativo. Acordar, saber que irá ao estádio e pensar que pode não encontrar aquele prato descartável (ou até mesmo uma marmita) recheada de ingredientes que você ama é muito triste. Foi isso que grande partes dos torcedores mineiros pensaram em 2010, quando o Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, fechou para reforma para à Copa do Mundo que seria realizada no Brasil.