Surreal! Nem mesmo com 100% do meu otimismo, eu iria adivinhar que a Alemanha venceria o Brasil com um placar tão surreal como foi o 7×1.
Eu temi a derrota nas oitavas de final. A Alemanha mostrava perigo na área da Argélia e era melhor em campo, mas não conseguiam finalizar e todas as bolas que ameaçavam a Seleção adversária, o goleiro defendia e/ou a zaga afastava, fazendo com que o jogo terminasse 0x0 e fosse para a prorrogação, me fazendo quase entrar em desespero. Mas para o meu alívio, André Schürrle abre o placar e Mesut Özil complementou com o segundo gol para a Alemanha e em seguida Abdelmoumene Djabou amenizou o placar para a Argélia, terminando com a vitória Alemã por 2×1 e me fazendo acreditar que nos próximos jogos o sofrimento seria maior.
Contra a França, nas quartas de final, a Alemanha levou muita pressão no início do jogo, mas Mats Hummels fez um belo gol de cabeça, pouco depois do início do jogo, arrastando a Alemanha para a semi-final contra o Brasil, já que o placar permaneceu de 1×0 no Maracanã.
Eu estava na Praça do Marco Zero, no Centro de Recife, rodeada de centenas de brasileiros e, possivelmente a única torcendo para a Seleção alemã. Esperava um jogo bem disputado, competitivo, difícil, me fazendo assim, mais uma vez, temer a derrota contra a Seleção da casa. Porém a Alemanha demonstrou confiança, firmeza e domínio o jogo inteiro, me fazendo ter esperanças de uma vitória em cima do Brasil. E foi exatamente o que aconteceu.
Aos 11 minutos do primeiro tempo, com gol de Thomas Müller, eu vi a Seleção que eu torcia há alguns anos, começar o que seria o massacre e eliminação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo dentro da própria casa. Logo depois de, exatamente 12 minutos do primeiro gol, Miroslav Klose fez o segundo e enquanto eu nem terminava a dose de oxitocina que tomava conta do meu corpo, Toni Kroos fez o terceiro aos 24 minutos, aos 26′ fez o quarto e Sami Khedira aos 29′ fez o quinto gol para Alemanha.
Ao final do primeiro tempo, enquanto eu sentia uma enorme carga de adrenalina correndo pelo meu corpo, eu olhava ao redor e notava a expressão de vergonha e decepção no rosto de vários que ali estavam. E logo quando começou o segundo tempo analisei que algumas pessoas já havia ido embora e outras ainda permaneciam em estado de choque com o placar. Eu também estava em choque pelo placar, mas o sentimento que eu estava era totalmente diferente de todos que ali estavam.
Com mais dois gols no segundo tempo de André Schürrle e eu estava aos prantos por não poder expressar todo sentimento que explodia dentro de mim. A vontade que eu tinha era gritar, correr, pular, chorar. Qualquer coisa que aliviasse a tensão de sentimentos que me consumia. O placar era de 7×0 e eu não conseguia acreditar, não imaginava que tudo aquilo que estava acontecendo era real. Realmente um fato surreal para mim, mas positivamente. Para outros, negativamente. Até que aos 90′, Oscar fez o primeiro gol para a Seleção Brasileira, amenizando, ou não, o placar para os donos da casa que, sem animação, não comemoraram o encontro da bola com a rede.
Em vez de sorrisos e abraços, eram lágrimas e consolo. Eu estava sentindo borboletas dentro de mim, enquanto consolava meu amigo que provavelmente estava desejando que aquele dia nunca tivesse existido, mas eu agradeço até hoje pelo dia histórico que foi o 8 de julho de 2014. E no final de tudo…
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