800 VEZES FÁBIO

Fábio Deivson Lopes Maciel, 38 anos, mato-grossense de Nobres, se perpetuou mais uma vez na história cruzeirense. O goleiro que há muito tempo já é o jogador com mais jogos pelo clube chegou ao incrível número de 800 partidas. Não é para qualquer um. Poucos atletas chegam nesta marca, no Brasil, temos Rogério Ceni e Pelé por exemplo. O pai da Valentina e do Pablo sempre mostrou-se fiel ao clube e após várias conquistas receberá as devidas homenagens.

CHEGADA AO CRUZEIRO

O jogador com mais jogos pelo clube chegou em 1999. Com poucas oportunidades, ele era reserva de André, Fábio teve uma passagem curta ao time celeste, mas importante para seu futuro. A estreia de Fábio foi no dia 4 de março de 2000, em um amistoso, no Mineirão contra o Universal-RJ. Ali iniciava a história do maior jogador do Cruzeiro Esporte Clube.

Em entrevista ao site UOL em 2011, o goleiro citou seu primeiro jogo e a importância dele em sua trajetória:

Lembro da primeira vez que entrei no Mineirão, contra um time do Rio de Janeiro, o Universal. Foi marcante para mim, foi muito importante. Dentro do Mineirão, num amistoso, em que, se não me engano, tive a oportunidade de entrar no segundo tempo, acho que nem comecei jogando. Mas foi importante, e foi o primeiro passo”, relembrou o goleiro.

SAÍDA E VOLTA EM 2005

Depois de começar no União Bandeirantes, passar pelo Atlético-PR e Cruzeiro, Fábio chegava no Vasco. O goleiro viveu quatro anos no time de São Januário. Lá, ganhou o Campeonato Brasileiro de 2000, além da Copa Mercosul e o Carioca de 2003. Depois dessas quatro temporadas, chegava ao fim sua trajetória no cruzmaltino e o clube seguinte foi o Cruzeiro.

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O goleiro jogando pelo clube carioca (Foto: Vasco Notícias)

O retorno em 2005 veio em um ano conturbado na Raposa. Depois da tríplice coroa em 2003 e o ano pífio de 2004, o time, juntamente com a diretoria, estava pressionado por resultados. A entrada de Fábio como titular foi através do técnico Levir Culpi. Mesmo com algumas críticas, o goleiro foi mantido entre os 11.

CRÍTICAS INICIAIS E CONFIANÇA DOS TREINADORES

Nos anos de 2005 e 2006, Fábio foi duramente criticado pelos torcedores cruzeirenses. O camisa 1, ainda recém chegado ao clube, falhou em alguns jogos importantes. Os maiores exemplos são a final do Campeonato Mineiro de 2005, em que o Cruzeiro caiu para o Ipatinga e a semifinal da Copa do Brasil de 2005, na qual o time mineiro perdeu para o Paulista de Jundiaí. Nesse momento, a condição do goleiro como titular não era aceita por parte da torcida. Mesmo assim, o goleiro começava a operar seus milagres.

2007: O ANO CRÍTICO, MAS DA REDENÇÃO

O terceiro ano de Fábio como titular do Cruzeiro foi o pior, mas de redenção com a camisa celeste. Na temporada de 2007, o goleiro vivia uma má fase no primeiro semestre juntamente com o resto do time. A Raposa caiu nas oitavas da Copa do Brasil para o Brasiliense, no entanto, chegou na final do Mineiro. O título estadual poderia salvar o semestre, mas não foi o que aconteceu.

No primeiro jogo da final do estadual, uma partida totalmente atípica, talvez a pior do Fábio com a camisa celeste. Nessa partida, o Cruzeiro terminou goleado por 4 a 0 para o rival Atlético. O camisa 1 tomou um gol de cobertura e o famoso gol de costas, tão lembrado pela torcida atleticana. Após passar por esse inferno, ele foi diagnosticado com uma lesão no joelho e, ali, começava sua redenção.

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Quarto gol sofrido por Fábio no jogo contra o Atlético-MG

Como o goleiro conta em testemunho, no dia seguinte ele foi à Toca da Raposa e passou pelos protestos da torcida cruzeirense, que pedia sua saída do clube. Fábio chegou a pedir a rescisão de seu contrato, mas o Presidente do Cruzeiro manteve o jogador no clube. Os meses de recuperação foram de muita reflexão para o jogador. O prazo de recuperação era de seis meses, mas em 120 dias, ele estava de volta aos gramados.

Os meses finais de 2007 foram para recuperar a confiança de parte da torcida e principalmente, a vontade em jogar futebol.

2008 E 2009: OS ANOS DA ASCENSÃO

Nesses dois anos, o goleiro conquistou quase que totalmente a confiança dos torcedores cruzeirenses. Em 2008 veio a glória no Campeonato Mineiro. O resgate da alegria para o torcedor e dos títulos para o clube. Novamente na final do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro aplicou uma sonora goleada por 5 a 0 no rival e Fábio estava novamente no topo e ascendendo.

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Fábio levantando sua primeira taça após a lesão em 2007

Na Copa Libertadores daquele ano, o time não passou das oitavas, caiu para o Boca Juniors com duas derrotas. No entanto, o goleiro celeste teve boas atuações nos dois jogos e não foi culpado pelas derrotas.

No período seguinte, em 2009, mais uma página heroica pelo clube. O time venceu o Campeonato Mineiro aplicando novamente 5 a 0 sobre o rival e Fábio vivia seu melhor momento até então. O título mineiro foi o único na temporada, porém o mais marcante naquele ano foi o vice-campeonato na Libertadores.

Em pleno Mineirão, após 0 a 0 na ida, contra o Estudiantes, com Fábio pegando tudo, o time sucumbiu. O tricampeonato parecia conquistado no gol de Henrique, mas com o brilho de Verón, os argentinos viraram para 2 a 1.

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No jogo contra o Estudiantes, Fábio foi culpado por sofrer os gols e esse fantasma perseguiu por vários anos
2010: A MELHOR TEMPORADA

O ano de 2010 traz muitas lembranças ao coração dos torcedores. Nesse ano, a Copa do Mundo ficou com o brilhante time espanhol e seu “tique-taca” e, para o Cruzeiro novas esperanças para acabar com um jejum de 7 anos sem títulos importantes. A temporada de 2010 foi muito especial para o camisa 1 celeste. No entanto, as expectativas iniciais não foram cumpridas. O Cruzeiro perdeu todo seu primeiro semestre caindo na semifinal do Campeonato Mineiro e nas quartas da Libertadores.

Restava, então, o Brasileirão, aonde Fábio brilhou em toda a campanha do vice-campeonato. O título não veio por alguns detalhes, mas a confiança por parte da torcida em Fábio só aumentava. Nessa temporada, ele conquistou vários prêmios de melhor goleiro do Brasil, como o da Revista Placar e o Troféu Tele Santana da Globo Minas.

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Em 2010, Fábio fez um de seus melhores anos no Cruzeiro (Foto Cruzeiro)
2011: O ANO DA LIDERANÇA

O ano de 2011 começou de forma empolgante para a equipe celeste. A equipe teve a melhor campanha na fase de grupos da Libertadores e foi campeão mineiro. Contudo, o ano começou a ruir na eliminação precoce para o Once Caldas na Libertadores. O time cruzeirense venceu o jogo de ida por 2 a 1, mas tomou o revés em casa por 2 a 0. Além disso, a derrota na primeira partida da final do Campeonato Estadual abalou ainda mais a confiança no time.

O único título do ano veio em Sete Lagoas. A equipe necessitava reverter o placar adverso do jogo de ida e assim se fez. Fábio, sensacional, defendeu uma bola de cara-a-cara contra Magno Alves, na continuação do lance, Wallyson fez o gol do título mineiro. Antes da partida, Fábio mostrou sua liderança durante a preleção. Entre as frases ditas está uma das que mais inspiram até hoje: “A gente tem que entrar lá e dar a última gota de suor, a última gota de sangue e voltar chorando de felicidade”.

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Foto de campeão mineiro de 2011 (Foto: Cruzeiro)

O segundo semestre foi um verdadeiro inferno para o Cruzeiro. O time sofreu um desmanche e teve que lutar até a última rodada por sua permanência na primeira divisão. Fábio ajudou com sua liderança e suas defesas impossíveis o Cruzeiro manter-se na série A. O alívio chegou contra o mesmo rival da final do Campeonato Mineiro. Nem o camisa 1, nem Montillo, outro líder daquele grupo, estavam presentes. Mesmo assim, a equipe celeste goleou o Atlético-MG por 6 a 1 no, talvez, mais importante jogo da década.

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(Foto: Cruzeiro)
2013 e 2014: AS PRIMEIRAS GRANDES GLÓRIAS

Depois de um ano inconstante e um time limitado em 2012, o time voltou a almejar títulos em 2013. O bom inicio de temporada com o técnico Marcelo Oliveira, fazendo a melhor campanha da primeira fase do Campeonato Mineiro, trazia novos ares aos torcedores celestes. Mesmo com a equipe perdendo a final do estadual para o Atlético, o bom clima continuou.

O retorno ao Mineirão e os novos jogadores contratados faziam o torcedor celeste lotar o Estádio. Apesar da eliminação precoce na Copa do Brasil para o Flamengo, o time manteve a boa campanha nos pontos corridos. Fábio fez seu primeiro ano com uma grande glória. A campanha incontestável de 76 pontos, muitos deles conquistados graças as defesas do camisa 1, trouxe alegria ao rosto do cruzeirense. E, depois de 8 anos, o goleiro levantava seu primeiro grande título como capitão.

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Cruzeiro levantando a taça de campão brasileiro em 2013 (Foto: Portal Sete)

Na temporada seguinte, o Cruzeiro fez uma temporada ainda melhor. O time venceu o Campeonato Mineiro e chegou na final da Copa do Brasil. Além disso, o bicampeonato brasileiro foi conquistado. Na Libertadores, o time caiu nas quartas de final para o San Lorenzo, mas isso não abalou a confiança para o fim da temporada.

Fábio teve algumas falhas, mas no cenário geral, foi responsável por salvar o time em vários jogos com placares apertados. O capitão levantou novamente a taça de campeão em 2014.

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Tetracampeão brasileiro comemorando o título (Foto: Guerreiro dos Gramados)
2015 e 2016: DECEPÇÕES E LESÃO

Com mais um desmanche em 2015, o time fez uma péssima temporada. No Campeonato Mineiro, o time caiu na semifinal, em casa, para o Atlético. Na Libertadores, a eliminação mais traumática. O Cruzeiro avançou na fase de grupos e eliminou o São Paulo nas oitavas de final. Fábio, no embate contra o tricolor, fez duas grandes partidas salvando o gol celeste. Na decisão por pênaltis, pegou duas cobranças e o time mineiro avançou; Na fase seguinte, venceu o jogo de ida contra o River Plate, mas caiu em casa com uma derrota por 3 a 0.

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Herói contra o São Paulo, Fábio salvou em vários jogos o Cruzeiro em 2015 (Foto: Globo Esporte)

O resto do ano foi pífio, a eliminação na Copa do Brasil e a briga contra o rebaixamento no Brasileirão. No entanto, Fábio mostrou todo o seu talento nas batalhas contra a degola, O camisa 1 teve várias atuações memoráveis.

A temporada seguinte, a dose foi repetida no Cruzeiro. Mais um ano brigando contra o rebaixamento. O time chegou na semifinal da Copa do Brasil, mas caiu diante do Grêmio. Fábio sofreu uma lesão no Estádio Independência e só voltou a jogar em 2017.

2018: O HERÓI DAS COPAS

Após duas temporadas sem títulos, 2017 foi uma das melhores temporadas de Fábio. No princípio, ele foi reserva de Rafael para seguir sua recuperação da lesão. A campanha do pentacampeonato passou pelas mãos do goleiro. O jogador com mais jogos pelo clube teve papel fundamental no título. Contra a Chapecoense e Palmeiras segurou durante os 90 minutos. Na fase semifinal, operou vários milagres na Arena do Grêmio e no jogo de volta defendeu o pênalti decisivo contra o craque Luan.

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(Foto: Cruzeiro)

Na final, ele repetiu a dose. Pegou mais um pênalti do craque adversário, Diego, e Thiago Neves confirmou o pentacampeonato. Depois de 17 anos, o goleiro comemorava outra Copa do Brasil, dessa vez como titular e herói. Muitos torcedores cobravam um título de mata-mata dele e Fábio conquistou e aumentou seu status de ídolo.

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O goleiro comemorando a defesa diante do Flamengo (Foto: Goal.com)

Com 38 anos, 2018 está sendo um ano especial para Fábio. O goleiro levantou duas taças no ano e foi personagem importante em ambas. No Campeonato Mineiro, defendeu vários resultados favoráveis ao Cruzeiro. Pela Libertadores, auxiliou o time a chegar na fase quartas de final. O ápice foi a conquista da Copa do Brasil. Especialmente contra o Santos, em que o goleiro na partida de ida fez defesas importantes. No jogo de volta, o brilho máximo de um iluminado defensor. Fábio pegou TRÊS pênaltis seguidos e levou a equipe à semifinal.

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Herói da classificação, o camisa 1 fez sua maior sequência de pênaltis defendidos em sua carreira (Foto: Cruzeiro)

Na fase seguinte, ele continuou a operar milagres. Contra o Palmeiras, fez um jogo impecável em São Paulo e garantiu a vantagem. O título conquistado sobre o Corinthians, o hexacampeonato da Copa do Brasil, não teve muitas participações de Fábio na final e nem precisou.

FÁBIO: O MAIOR JOGADOR DA HISTÓRIA CRUZEIRENSE

Fábio Deivson Lopes Maciel entrou para a história ao chegar no jogo de número 800 pelo Cruzeiro. O goleiro que nunca nos abandonou e sempre mostrou amor a camisa e profissionalismo é sem dúvidas, um dos maiores deste clube glorioso. Para alguns torcedores, é o MAIOR JOGADOR DA HISTÓRIA do Cruzeiro. Quantas vezes já escutamos: Fábio salvou e o Cruzeiro venceu? Inúmeras vezes.

OBRIGADO FÁBIO

Nos gramados de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Brasil e da América ele nos defendeu. Essa homenagem relembrando sua trajetória é apenas um pouco da grandeza dele para o Cruzeiro. Ele não precisa provar mais nada, superou as dificuldades de 2007 e 2009; agarrou muito em 2011; foi importante em 2013 e 2014; no bicampeonato da Copa do Brasil, sempre decisivo. Enfim, muito obrigado Fábio por sempre honrar nossa gloriosa camisa e como é cantado nos jogos em Belo Horizonte: É O MELHOR GOLEIRO DO BRASIL, FÁBIO.