Cruzeiro

O PENTACAMPEONATO DA COPA DO BRASIL

1993-1996-2000-2003-2017

No dia 27/09/2017, no Mineirão lotado para mais de 60 mil pessoas, mais uma página heroica imortal era escrita. A campanha que teve vários gigantes como adversários acabou com o jejum de 14 anos na Copa do Brasil. Com esse título, o Cruzeiro se igualava ao Grêmio como maior campeão da competição, cada um com cinco taças. Relembre agora a emocionante campanha do pentacampeonato da Copa do Brasil.

PRIMEIRA FASE

A campanha foi iniciada no dia 15 de fevereiro de 2017, contra o Volta Redonda. A partida realizada no estádio Raulino de Oliveira marcou a primeira vitória na competição, pelo placar de 2 a 1. Com os gols marcados por Alisson e Robinho, o time avançou à segunda fase para enfrentar o São Francisco.

Alisson e Robinho foram os autores dos primeiros gols na Copa do Brasil de 2017 (Foto: Hoje em Dia)

SEGUNDA FASE

Uma semana mais tarde, mais um confronto eliminatório. Dessa vez, o rival foi o São Francisco-PA no Mineirão. Diferentemente do placar apertado contra o time carioca, o time celeste venceu com facilidade. No fim do primeiro já estava 5 a 0, com quatro gols de Sóbis e um de Robinho. Essa partida marcou também a estreia de Thiago Neves com a camisa celeste. Na etapa final, Arrascaeta fechou o placar após belo chute de Lucas Silva. Final 6 a 0 e Cruzeiro na terceira fase.

Rafael Sóbis foi o destaque naquela partida, marcou quatro dos seis gols contra o São Francisco (Foto: Lance)

TERCEIRA FASE

O mês de março na Copa do Brasil marcou o inicio dos confrontos com ida e volta. O primeiro adversário nessa nova fase foi o Murici-AL. No jogo de ida, em Murici, o Cruzeiro teve dificuldades diante das péssimas condições do gramado e da raça alagoana. Os gols da vitória por 2 a 0 só saíram depois dos 25 do segundo tempo. Manoel e Ramon Ábila foram os autores dos gols.

Momento do primeiro gol de Manoel na competição (Foto: Globo Esporte)

Na semana seguinte, o jogo da volta no Mineirão. Cruzeiro, que já tinha feito 2 a 0 na ida, marcou mais três vezes e venceu novamente. A partida foi marcada pelos gols contra da equipe alagoana e a grande partida de Thiago Neves. Dois dos três gols celestes foram contra, com a assistência de Thiago Neves. O outro gol foi de pênalti, marcado por Rafael Sóbis, artilheiro do Cruzeiro na competição com 5 gols.

Com 5 a 0 de placar agregado, o time cruzeirense avançou para enfrentar o São Paulo na quarta fase (Foto: Gazeta Esportiva)

QUARTA FASE

Depois das três primeiras fases, os confrontos da quarta fase foram definidos por sorteio. O adversário da vez foi o gigante São Paulo, com a primeira partida no Morumbi e a segunda no Mineirão.

JOGO DE IDA

A partida que teve o amplo domínio territorial do São Paulo, terminou favorável ao Cruzeiro, que soube segurar a pressão e foi cirúrgico no ataque. Os gols da vitória por 2 a 0 foram marcados na etapa final. O primeiro gol foi, mais uma vez, contra. Depois de cruzamento de Thiago Neves, Lucas Pratto finalizou de cabeça no ângulo de Renan Ribeiro. No segundo gol, tivemos a presença da lei do ex. Hudson, que estava emprestado pelo São Paulo, marcou também de cabeça e fechou o placar, 2 a 0. Com isso, o time de Mano Menezes poderia perder por até um gol de diferença em casa.

Os gols de Lucas Pratto (contra) e Hudson calaram os mais de 40 mil são-paulinos presentes no Morumbi (Foto: Globo Esporte)
JOGO DA VOLTA

O jogo de volta, que prometia ser mais tranquilo para o coração cruzeirense, foi muito emocionante. Com o placar de 2 a 0 contra, o tricolor paulista partiu para o ataque. Antes dos 15 minutos, Lucas Pratto abriu o placar de cabeça. Com isso, São Paulo só precisava de mais um gol para empatar. A pressão são-paulina era imensa, mas o primeiro tempo terminou somente 1 a 0.

Na etapa final, brilhou a estrela de Thiago Neves. Depois de falta de Rodrigo Caio em Arrascaeta, o camisa 30 cobrou, a bola desviou na barreira e deixou Renan Ribeiro estático, Cruzeiro 1 a 1, no agregado, 3 a 1. Nos 15 minutos finais, blitz são-paulina. Gilberto, impedido, marcou o segundo gol paulista. Porém, o time de Mano segurou o time de Rogério Ceni e o Cruzeiro avançou às oitavas de final. Alegria para os mais de 35 mil cruzeirenses presentes no Mineirão.

OITAVAS DE FINAL

Na fase de oitavas de final, os times que estavam na Libertadores chegaram para disputar a Copa do Brasil. Em sorteio, foi definido que o adversário seria a Chapecoense, com a partida de ida em Belo Horizonte e a volta em Chapecó.

JOGO DE IDA

O jogo de ida, que foi entre as finais do Campeonato Mineiro, foi decidido logo no inicio. O atacante Raniel acertou um belo chute de fora da área e marcou o 1 a 0. Detalhe: esse foi o primeiro gol de Raniel com a camisa cruzeirense. Em um Mineirão para 10 mil pessoas, o Cruzeiro conseguiu sua vantagem para o jogo de volta.

JOGO DA VOLTA

O jogo da volta, apesar do placar em branco, foi muito emocionante e tenso para ambas as torcidas. O Cruzeiro, que aderiu uma posição mais defensiva, via a Chapecoense com sua pressão chegar a todo instante. Foram aproximadamente vinte finalizações chapecoenses e Fábio, que retornava ao gol cruzeirense, teve de trabalhar algumas vezes. No entanto, o Cruzeiro teve várias oportunidades de matar o confronto, mas perdeu todas. Depois de sobreviver a chuva e o inferno que a Chapecoense fez na Arena Condá, a classificação às quartas de final estava confirmada.

Com o placar agregado de 1 a 0, o time mineiro avançou (Foto: Cruzeiro)

QUARTAS DE FINAL

O confronto das quartas de final foi contra o Palmeiras. Talvez o embate mais sofrido e emocionante na Copa do Brasil de 2017. Decidido somente aos 40 minutos do segundo tempo do jogo de volta. Ali, muitos torcedores cruzeirenses sentiam que o pentacampeonato estava próximo, inclusive esse que vos escreve.

JOGO DE IDA

O reflexo de um primeiro tempo perfeito e uma etapa final desastrosa. A primeira etapa contra o Palmeiras foi impecável. O time dominou o Palmeiras, que mal conseguiu pisar na área celeste. O primeiro gol saiu aos 5 minutos em um contra ataque de manual. Thiago Neves recebeu na pequena área e abriu o placar. O segundo gol não tardou, antes dos 20 minutos estava 2 a 0. Robinho marcou depois de uma linda troca de passes, envolvendo toda a defesa palmeirense. Aos 30 minutos, o 3 a 0 veio com Alisson. Fim de primeiro tempo: Palmeiras 0-3 Cruzeiro.

O que foi construído em 30 minutos no primeiro tempo sucumbiu em 20 na etapa final. Palmeiras foi para o tudo ou nada e conseguiu empatar o jogo. Com a lei do ex nos três gols, Dudu fez os dois primeiros. Quando o relógio marcava 20 minutos, Willian do bigode empatou, 3 a 3. O alviverde ainda teve oportunidades de fazer o quarto gol, mas ficou assim, 3 a 3.

JOGO DA VOLTA

Depois de um sentimento de derrota na primeira partida pelas circunstâncias do jogo, a torcida cruzeirense lotou o Mineirão para o jogo da volta. A partida decisiva teve menos gols, mas não perdeu em emoção para o jogo da ida. Após uma primeira etapa de um jogo morno, o jogo engrenou na etapa final. Cruzeiro defendia o resultado favorável de empate e o Palmeiras atacava. Tudo parecia sucumbir diante dos olhos cruzeirenses quando em um escanteio, Fábio afastou mal e a bola sobrou para Keno. O atacante alviverde chutou, Lucas Romero tentou cortar, e a bola entrou, 1 a 0.

Com o gol sofrido aos 25 minutos, restava apenas 20 mais os acréscimos para o Cruzeiro fazer um gol. O alívio veio com um herói improvável. Henrique passou para Alisson cruzar para área e lá estava Diogo Barbosa, que, de cabeça empatou o jogo aos 40 minutos do segundo tempo. Com o 1 a 1, o Cruzeiro avançava para enfrentar o Grêmio na semifinal.

SEMIFINAL

Algoz no ano anterior, o Grêmio era novamente o rival do Cruzeiro. O jogo de ida foi em Porto Alegre e a volta no Mineirão. Em dois jogos difíceis, o time de Mano Menezes conseguiu a vitória nos pênaltis.

JOGO DE IDA

Em uma Arena do Grêmio lotada, o time mineiro sofreu os 90 minutos. Fábio teve de fazer várias defesas difíceis. Contudo, depois de tanto tentar, o tricolor gaúcho abriu o placar. Lucas Barrios foi o autor do gol depois de falha de posicionamento do Cruzeiro. Fim de jogo: Grêmio 1 a 0 Cruzeiro. Esse cenário era novo para o time de Mano Menezes na Copa do Brasil, pois em todos os outros confrontos o time tinha de defender a vantagem.

Momento do gol do Grêmio (Foto: Goal.com)
JOGO DA VOLTA

Em uma das mais lindas noites do Mineirão em 2017, o Cruzeiro buscava a vaga rumo a final. O herói daquela noite, Fábio, teve de trabalhar logo aos 5 minutos. Lucas Barrios apareceu de frente com o goleiro que fez a defesa. O primeiro tempo passou em branco e o Cruzeiro precisava de um gol para empatar. O gol veio aos 6 minutos da etapa final. Hudson, depois de escanteio de Thiago Neves, cabeceou forte para empatar a disputa. O time de Mano Menezes teve ainda chances para virar o jogo, mas terminou assim, 1 a 1 e pênaltis.

Nos pênaltis, Fábio salvou o Cruzeiro novamente. Fernandinho abriu a disputa, Sóbis empatou. Nos quatro pênaltis seguintes, nenhum entrou, Grohe pegou de Robinho e Murilo e Everton e Edílson mandaram na trave. Arthur marcou e Raniel idem. No quinto e decisivo, Fábio pegou a cobrança de Luan. Coube a Thiago Neves sacramentar a vaga na final e deixar a nação azul em êxtase.

FINAL

A #FinalDeTimeGrande, como foi chamada pelos times participantes, foi a reedição da final de 2003. Cruzeiro e Flamengo novamente decidiam a Copa do Brasil. Em 2003, a equipe celeste sagrou-se campeã e em 2017, não foi diferente. Em dois confrontos muito equilibrados brilhou a estrela de um uruguaio e o heroísmo do jogador com mais jogos pelo clube.

JOGO DE IDA

No Maracanã lotado para mais de 65 mil torcedores, Cruzeiro e Flamengo fizeram um duelo digno de uma final de Copa do Brasil. O Cruzeiro aderiu a um sistema mais defensivo e o rubro negro estava disposto a atacar. Fábio teve de operar alguns milagres ao longo de todo o jogo. Depois de 45 minutos de pressão flamenguista, a primeira etapa acabou em 0 a 0.

O segundo tempo mantinha o mesmo cenário, Flamengo atacando e Cruzeiro se defendendo. Porém, o gol só saiu aos 30 minutos. Em posição irregular, Lucas Paquetá pegou o rebote depois de uma grande defesa de Fábio e fez o gol. A alegria flamenguista não durou muito, pois o Cruzeiro empatou 8 minutos depois. Hudson chutou, o goleiro falhou e Arrascaeta, o camisa 10, empatou, 1 a 1. Com isso, ninguém ficava com a vantagem e o título seria decidido no Mineirão.

JOGO DO TÍTULO

A noite de 27 de setembro de 2017 jamais será esquecida pelo torcedor cruzeirense. Em um Mineirão para 61.017 pessoas, a página heroica imortal era escrita. O placar agregado de 1 a 1 não dava o título para nenhum clube, por isso, o campeão tinha de vencer no tempo normal ou nas penalidades. E, foi justamente nos pênaltis que o pentacampeonato veio com Fábio brilhando mais uma vez. Durante os 90 minutos regulamentares, poucas chances de gol. A única oportunidade mais clara veio somente no fim do segundo tempo, com Guerrero. O peruano recebeu e bateu no ângulo e Fábio salvou mais uma vez. Final de jogo: Cruzeiro 0-0 Flamengo.

PÊNALTIS

A perfeição das cobranças e o brilho de um iluminado goleiro decidiram a favor do Cruzeiro. Henrique bateu e fez. Guerrero empatou. Léo cobrou com tranquilidade. Juan, com extrema categoria, converteu. Hudson idem. Na terceira cobrança do Flamengo, assim como foi na semifinal, Fábio pegou a cobrança do craque adversário. Diego bateu no canto direito e o camisa 1 voou para defender. Diogo Barbosa confirmou a vantagem. Trauco convertia e dava as últimas esperanças para o Flamengo. A cobrança decisiva caiu no pé de Thiago Neves. O camisa 30 partiu, escorregou, bateu e…gol. CRUZEIRO PENTACAMPEÃO DA COPA DO BRASIL

Muitos fatos marcam uma conquista do tamanho da Copa do Brasil. O jejum de 14 anos acabou justamente com o mesmo adversário de 2003. Daquele 23/11/2014, data do quarto título brasileiro,  até 27/09/2017 foram três longos anos de decepções como na Libertadores de 2015 e Copa do Brasil de 2016. Além das brigas contra o rebaixamento nesses mesmos anos. 2017 trouxe novamente a alegria ao rosto cruzeirense. A campanha com vários heróis improváveis como Hudson e Diogo Barbosa e com os sempre decisivos Arrascaeta, Fábio e Thiago Neves mostrou o tamanho da força cruzeirense. O time cresceu ao longo da competição e chegou ao teto. Eliminou o tricampeão da Libertadores, São Paulo, o eneacampeão brasileiro,  Palmeiras, o pentacampeão da Copa do Brasil, Grêmio e derrubou o Flamengo. Por isso, esse título deve ser sempre lembrado por nós cruzeirenses.

E como diz o hino cruzeirense: “Nos gramados de Minas Gerais, temos páginas heroicas imortais”.

1993-1996-2000-2003-2017 (Foto: Cruzeiro)
Gabriel Neri

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