Pelos 9 milhões de torcedores

O goleiro bate o tiro de meta para o zagueiro, a bola passa pela linha de defesa, vai para o volante, avança ao meia, que enfia para o ponta cruzar para o centroavante. O camisa 9 finaliza e marca o gol. O torcedor vai comemorar, os jogadores vão comemorar. Se é assim com um gol, por que não seria com um aniversário de 100 anos?

Hoje, 2 de janeiro de 2021, o Cruzeiro Esporte Clube completa o centenário. Essas páginas heroicas imortais em 100 anos passaram por muitas pessoas, como na jogada que eu descrevi no começo deste texto. Mas antes de tudo isso, passou pelo pensamento e pelas mãos de imigrantes italianos lá em 1921. Ainda não era uma constelação como hoje e sim a Societá Sportiva Palestra Itália. As cores eram o verde, o vermelho e o branco, tal qual a bandeira do país europeu.

Depois, por uma guerra, teve de esquecer seu nome e suas principais cores. Adotou Cruzeiro Esporte Clube como nome e o azul do céu para colorir Minas Gerais. O branco ficou, porque depois da guerra vem a paz. Aí cresceu para se tornar gigante. Crescimento que veio nos pés e nas mãos de homens, mulheres, crianças e idosos. Seja dentro de campo, da quadra, na arquibancada ou em qualquer lugar que for.

Ao longo desse século de vida, a Raposa de Minas foi ganhando corações, sentimentos, histórias e hoje são 9 milhões que vão comemorar (eu sou um deles). Isso através das vitórias, dos títulos, das derrotas e de tantas páginas de um livro que nunca terá um final. Não tem como o Cruzeiro morrer, enquanto houver uma criança com cinco estrelas no peito, existirá o clube.

Um dia eu já fui essa criança, iludida por algo que não sei quando comecei a amar, mas que sei que nunca vou abandonar. Tantas vezes, Cruzeiro, eu larguei tudo para te ver. Não me arrependo de nada. Larguei coisas passageiras pela sua eternidade. Não só eu, mas sim 9 milhões.

Por memórias de vitórias, de tantas comemorações, voltas olímpicas, de derrotas, desgraças, rebaixamento e por tantos outros inumeráveis itens, temos de comemorar. Aniversário não é todo dia, é um a cada 365 dias. Um centenário é mais raro ainda. Vou comemorar porque é a minha história, porque eu amo o Cruzeiro. O momento importa, é claro, só que dois anos não estragam os outros 98. Um dia voltaremos para onde nunca deveríamos ter saído. Por hora, é comemorar como aquele gol que eu descrevi no início do texto.

Feliz centenário, Cruzeiro!

Foto de capa: Cruzeiro