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“Quero grandes desafios”; conheça Pepa, novo treinador do Cruzeiro

O Cruzeiro anunciou, nesta segunda-feira (20), o substituto para Paulo Pezzolano, que deixou o cargo de treinador da equipe após a eliminação para o América-MG no último domingo (19), na semifinal do Campeonato Mineiro.

Pedro Miguel Marques da Costa Filipe, mais conhecido como Pepa, tem 42 anos, é português e considerado um dos mais promissores da nova geração. Desde pequeno, tinha alguma coisa dentro de si que pulsava por ser treinador e passar por grandes desafios.

O início

Antes de se tornar treinador, Pepa encarou alguns anos de futebol profissional. Inclusive, em 1999, com apenas 18 anos ele foi apontado por jornais portugueses como “novo Eusébio” após fazer um gol nos últimos minutos de uma partida pelo Benfica, mas a fase boa não durou muito.

Por conta de inúmeras lesões, o promissor jogador precisou se aposentar aos 26 anos. Na época, já com filhas para sustentar, iniciou seus estudos para virar treinador de futebol.

“É curioso olhar para trás e perceber que eu sempre gostei do trabalho dos técnicos. Já havia em mim, mesmo que de forma inconsciente, uma pontinha de vontade de ser treinador. Devia ter meus sete ou oito anos, e lembro de ficar desenhando esquemas táticos durante as aulas na escola. Montava times ideais, imaginava e rabiscava equipes com craques mundiais.”, disse Pepa em entrevista ao ‘The Coaches’ Voice’, em português, em 2021.

Desde lá de baixo

A primeira experiência de Pepa foi na escolinha do Sacavenense. A equipe, formada por meninos e meninas, sequer participava de competições. Os pais pagavam para que jogassem, era somente um passatempo para as crianças. Mas, para ele, era a porta de entrada.

Alguns anos depois, o Benfica lhe abriu as portas novamente para trabalhar nas categorias de base do clube. Por lá, ele fazia um pouco de tudo, como ele mesmo relata. Teve contato com grandes treinadores, aprimorou seu conhecimento, mas não era o bastante.

Decidiu deixar o clube e sua estrutura de primeiro mundo para, pela primeira vez, assumir um clube profissional. Pepa assumiu a Sanjoanense, que estava na ‘Distrital’, a quarta divisão portuguesa. Muitos o chamaram de louco, mas ele queria desafios.

“Sabe o que é? Eu queria ir para a ‘selva’. Nos clubes grandes, você tem tudo o que precisa, está protegido. Não falta nada. Na quarta divisão, não é assim. Você acaba por valorizar o pouco que tem. E isso traz traquejo a quem vive essa realidade da selva.”, afirmou o português.

Contra as estatísticas

Quando chegou ao humilde clube, o treinador português foi muito criticado e avisado que ninguém sairia da quarta divisão para assumir um clube da elite portuguesa. No entanto, ele contrariou todas as estatísticas possíveis. Isso porque, precisou de apenas um ano em cada divisão até chegar à primeira divisão de Portugal.

Após dois anos de um trabalho bem sucedido na Sanjoanense, o Feirense. na época ocupando a segunda divisão, ofereceu um contrato ao treinador. Pepa saiu antes do término do campeonato, mas comandou a equipe na maior parte da temporada de acesso do Feirense.

Na elite

Sua primeira oportunidade na primeira divisão foi o Moreirense, mas durou pouco. Com 10 rodadas ele foi demitido por resultados ruins e deixou a equipe na última colocação do Campeonato Português. após algum tempo, o Tondela, que na época era o último colocado procurou o treinador.

Era, claro, um risco. Afinal, mais um trabalho ruim e, pior ainda, um rebaixamento, poderia colocar em cheque toda sua carreira. No entanto, no fim das contas, ele assumiu e livrou o Tondela do rebaixamento na última rodada, por conta de um gol de saldo.

No total, ele ficou três anos no Tondela e sempre com campanhas positivas. Até que o Paços Ferreira, que estava em último lugar do Português, o contratou. Por lá, foram ótimos dois anos. Os objetivos não foram apenas conquistados, mas superados. Em 2020/21, o Paços terminou a liga na quinta posição, garantindo uma vaga na Europa Conference League. 

Na temporada seguinte, ele conseguiu o mesmo feito pelo Vitória de Guimarães e se consolidou como um dos treinadores mais promissores da nova geração portuguesa.

Trabalho mais recente

O trabalho mais recente de Pepa, no entanto, não é bom. Entre julho de 2022 e janeiro de 2023, o português de 42 anos esteve à frente do Al-Tai. Por lá, comandou o time em 15 partidas, com seis vitórias e nove derrotas.

Estilo de jogo

Pepa, de acordo com seu empresário, é conhecido pelo estilo de jogo ofensivo e por promover o desenvolvimento de jogadores jovens. O treinador gosta do estilo de jogo apoiado, no entanto, não entende que é a única maneira de se atuar.

“A minha ideia de jogo é a organização. Gosto do jogo apoiado, gosto de ter a bola, mas não compactuo com a moda de que só isso funciona. A posse de bola estéril não me interessa. A minha obsessão não é a posse, é a baliza adversária.”, explicou Pepa.

Além disso, o treinador, mesmo que prefira ter a bola e jogar ofensivamente, diz que não se importa se precisar jogar sem a bola. Para ele, o importante para uma equipe é ter uma convicção de trabalho e, independente de como jogar, sempre buscar o gol adversário.

“Repare que não defendo aqui uma ou outra ideia específica de jogo. Há várias formas de se jogar, e todas são plausíveis. Meu ponto é você ter a sua convicção e treinar para que ela dê resultados. Assim, a vitória será bem mais prazerosa.”, finalizou.