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Un día como hoy: Gol de Joãozinho e a Libertadores em Santiago

Há 45 anos na capital chilena, o Cruzeiro se consagrava como o segundo brasileiro campeão da América

A final entre Cruzeiro e River Plate na Libertadores de 1976 foi a quarta entre brasileiros e argentinos. Na época em que os dois países banhados pelo Rio da Prata dominavam a Copa, um brasileiro ousou quebrar a hegemonia. O timaço do Cruzeiro em 1976, podemos dizer assim, foi o melhor campeão da história da Copa com 88% de aproveitamento e 46 gols. A única derrota na campanha foi para os millonarios no Monumental.

A geração de Raul, Piazza, Nelinho e Roberto Batata tinha ficado por duas vezes com o vice brasileiro nos anos anteriores, para Vasco e Internacional. Os comandados de Zezé Moreira pareciam fadados a conquista somente de Campeonato Mineiro – sem menosprezo com o estadual, mas Minas Gerais era pouco para aquele plantel.

A entrada na competição internacional foi à época dos grupos binacionais. Campeão nacional em 75, o Inter acompanhou a Raposa na saga internacional. A fórmula de disputa era simples, passava o líder do grupo para o triangular semifinal. O primeiro jogo foi o melhor embate entre brasileiros na história. Cruzeiro 5, Internacional 4, partida em Belo Horizonte. Seguindo a campanha, vitória no Defensores del Chaco contra o Sportivo Luqueño e empate diante do Olímpia. No returno do grupo, três vitórias e passagem invicta às semifinais.

O triangular semifinal tinha de um lado Cruzeiro, Liga de Quito e Alianza Lima. Do outro, River Plate, Independiente (então tetracampeão consecutivo da Libertadores) e o Peñarol. Era nítida a diferença de ‘peso’ entre os grupos. O lado brasileiro-equatoriano-peruano não tinha Liberta. Já argentinos e uruguaios somavam nove, o sem Copa era o River.

O primeiro turno foi fora de casa, duas vitórias para La Bestia contra LDU e Alianza Lima. Na volta a Belo Horizonte do jogo em El Matute, a equipe desembarcou em BH e o time foi liberado. Roberto ‘Batata’ Monteiro, mesmo cansado, pegou a Fernão Dias para rever a família em Três Corações. Aos 26 anos, em 13 de maio de 76, no quilômetro 182, sua vida foi interrompida por um acidente. Comoção geral. Todo o Brasil chorou pelo camisa 7 – uma das referências no ataque da seleção cruzeirense.

Uma semana depois, o Cruzeiro voltou ao Mineirão e venceu o Alianza Lima por 7 a 1 em um dessas histórias que o futebol nos reserva. O 7 que brilhava no céu foi para o placar no Gigante da Pampulha. Dez dias depois, goleada na LDU para selar a vaga para final. Na outra chave, os argentinos decidiram no jogo desempate quem avançaria. Veio o time de Núñez.

Pelo Cruzeiro e por Roberto Batata, a final começou a ser jogada no Mineirão em 21 de julho. Nelinho, Palinha duas vezes e Waldo fizeram os gols celestes no 4 a 1. Oscar Más descontou. Não havia saldo, só o resultado importava. Ou seja, empate no Monumental e título cruzeirense. No entanto, a primeira derrota em campo veio. 2 a 1 e a batalha final foi para Santiago, no Chile.

A histórica cancha tinha vantagem em torcida para argentinos. Era como se o River jogasse de local duas vezes. Cruzeiro tinha a melhor campanha, só que um vacilo lhe custaria o primeiro título internacional. No dia, o plantel de Álgel Labruna veio com Luis Landaburu; Pablo Comelles, Daniel Lonardi, Héctor Artico e Hugo Urquiza; Reinaldo Merlo, Alejandro Sabella e Norberto Alonzo; Pedro González, Leopoldo Luque e Oscar Más. Vamos, Millo, dale alegría a mi corazón.

Para os visitantes, Zezé Moreira mandou a campo Raul; Nelinho, Morais, Darci Menezes e Vanderlei; Eduardo Amorim, Piazza e Zé Carlos; Ronaldo, Palinha e Joãozinho. Vamos, Cruzeiro, por Batata.

O tenso jogo começou com Nelinho abrindo o placar. Na volta do segundo tempo, três gols rápidos. Ronaldo ampliou para os mineiros. Más e Urquiza empataram antes dos 20 minutos. A partida tendia ao empate até que o Cruzeiro sofreu uma falta na entrada da grande área. Nelinho, um dos melhores batedores de falta da história, ia se ajeitando para fazer o gol do título.

Aquele lance era um pênalti para ele. Só que o camisa 10, Joãozinho, não se acovardou e surpreendeu a todos. Pelo amor de Deus, Joãozinho. O Bailarino da Toca mandou no ângulo direito de Labruna. O gol da libertação, da primeira Copa, do Cruzeiro.

O jogo terminou e a conquista foi gritada no chão pelos jogadores e por Roberto Batata no céu. Há 45 anos, un día como hoy, o Cruzeiro Esporte Clube copava a América.