Ex-Flamengo tenta se reerguer no Girona, garante que espera jogar no Real Madrid e reclama de falta de explicação por poucas chances em time alemão: “Dois anos perdidos”
Uma das recentes revelações do Flamengo ao futebol foi o atacante Reinier, de 20 anos, campeão da Libertadores e Brasileirão pelo clube carioca em 2019. E após o ano mágico, o jogador foi vendido ao Real Madrid, porém, acabou emprestado por dois anos ao Borussia Dortmund, onde não viveu uma boa fase.
Com isso, agora no Girona, o jovem brasileiro falou sobre sua passagem pelo clube alemão em entrevista ao podcast Gringolandia. Confira:
“Eu fazia de tudo. Respeitava todas as pessoas que trabalhavam no clube. Estou com a consciência tranquila. É passado. Não tem muito o falar sobre. Torço muito para o Borussia e para meus amigos que estão lá tenham uma temporada maravilhosa, e segue a vida. Estou no Girona, estou feliz, estou bem.“
“Passaram dois anos que, para mim, foram perdidos e não vão voltar. Agora tenho que recomeçar dando a vida aqui no Girona.”
Perguntado sobre a oportunidade no Girona, o jogador falou que terá mais chances e minutos em campo, para se desenvolver melhor no futebol mundial.
“Sim, estou sentindo isso. Estou bastante animado com o projeto. O que eu quero é jogar, ser feliz fazendo o que eu amo, que é jogar futebol. O projeto me encanta. Projeto bom, para mim e para minha família. Foram cinco jogos, pouco a pouco vou ganhando confiança, ganhando meu espaço também nos treinamentos. Estou muito feliz. Estou dando meu melhor no dia a dia e quero continuar assim, jogando bem, mostrando ao treinador que posso estar no time, jogando todos os jogos e ajudando meus companheiros.”
Reinier ainda comentou sobre o Borussia e falou sobre o período vivendo na Alemanha, que foi um aprendizado com outra cultura e uma cidade boa para se viver.
“Pela experiência de vida, sou outra pessoa. Dois anos na Alemanha… sou outra pessoa, outra cabeça. Experiência com grandes jogadores, que hoje são meus amigos. Eles me ajudaram bastante desde que cheguei lá. Não falava inglês, não falava alemão, que é bastante difícil. Eles me ajudaram, Haaland, Emre Can, Jude (Bellingham), e isso foi uma experiência muito boa. A má é que eu não pude desenvolver meu futebol. Treinava bem, as pessoas, não vou citar nomes, mas as pessoas no treino falavam: ‘Você está treinando muito bem, parabéns, continue assim’, e não botavam para jogar. Eu não entendia. Treinava bem e não me botavam para jogar? É uma escolha deles, respeitei todo mundo, a instituição, os jogadores que estavam jogando, mas é uma pena. A cidade é muito fria, mas uma cidade boa. Torcida incrível, aquela Muralha (Amarela, torcida do Dortmund). Tudo era ótimo, só que dei azar de não ter jogado. É a vida”.
Por fim, o jovem comentou as críticas sofridas no time aurinegro e sua vontade de sair do gigante da Alemanha.
“Só foi massacre. Era só porrada… Foi um período muito difícil. Mas todo mundo sabe, todo jogador sabe que essas pessoas que falam “Ah, Reinier não está jogando nada” são haters, que não sabem o que a gente passa. Não sabem o que é essa vida, acham que é só coisa boa, que é só luxo. Claro que não, a gente passa por muita coisa. Claro, cada um tem seu estilo de vida, mas a gente passa por muita coisa, e não é só coisa boa. Nesses dois anos, na minha profissão, eu não tive coisa boa. Passei por muita coisa difícil com 18, 19 anos. Sentir isso, minha família me ver triste. Eu saía dos jogos muito abalado, não conseguia dormir. Sempre joguei no Flamengo e, de repente, não jogar e sentir que você pode estar ajudando seu time… você sente que a coisa não está boa para você.
“Eu só queria sair de lá. Quando deu um ano eu percebi que não ia mudar e não era por mim, porque eu estava fazendo de tudo. Treinava em casa, tinha fisioterapeuta, nutricionista. Já não tinha mais o que fazer. Só queria sair e ser feliz de novo. Tinha tudo, mas não estava jogando. Então só queria ter minha família por perto, era a única coisa que me fazia me feliz. E era isso, jogar que é bom nada. E as pessoas falando que não estava jogando porque sou ruim, porque sou tal. Sei do meu valor. Jogadores sabem como posso ajudar também. É uma pena… os brasileiros parecem que querem ver o jogador só se ferrar, se dar mal. Isso aí para mim não cabe. Isso para mim é lamentável. Em vez de jogar para cima, só querem detonar. Não sabem o que a gente passa. Mas a vida é assim, quando está no alto, muita palminha, quando está no baixo é só porrada. Passei dois anos no baixo, e agora de peito aberto trabalhando todo dia. Com minha família do lado. Vamos para cima com muita humildade. E baila Vini!”