O Rei é Galo

Edson Arantes do Nascimento, o conhecido como Pelé.
Esse mineiro que está completando hoje 80 anos, natural de três corações, poderia ter jogado em um dos grandes clubes da capital mineira, por causa de seu pai e já chegou a se declarados torcedor do clube.

No ano de 1940, em Abril, João Ramos do Nascimento, ou seu Dondinho, chegava a capital mineira para uma partida de exibição pelo Atlético Mineiro. O jogador era conhecido como o goleador do sul de Minas. Era comparado a lenda do São Paulo, Leônidas, devido a seus inúmeros gols.
Jornais da época como o Jornal dos Sports, Correio da Manhã e O Jornal, relatavam as façanhas de Dondinho pelo Atlético de Três Corações, time onde jogava no Sul do Estado.
“Dondinho, a maravilha negra do Athletico, apesar de não estar num grande dia, marcou quatro belíssimos tentos de cabeça” – O Jornal em 20 de agosto de 1939.”

Com essa fama que rapidamente estava se espalhando, e a procura do time da capital pelo substituto de Guará (4° maior artilheiro da história do Galo), o destino optou por unir o clube da capital e a família de Pelé.
Dondinho foi chamado pelo time alvinegro para participar de um amistoso contra o São Cristóvão do Rio de Janeiro.
A partida terminou em 1×1, com gols marcados no primeiro tempo.
Dondinho sofreu uma lesão no menisco do joelho e foi substituído ainda na etapa inicial, o que acabou fechando as portas para o sucesso.

Em novembro de 1971, a extinta revista O Cruzeiro fez uma reportagem com conversa entre Pelé e Dondinho. O Rei lembra que seu pai poderia ter sido um centroavante de ponta do futebol brasileiro se não fosse a “água no joelho” naquele amistoso pelo Galo. Dondinho falou a respeito de sua versão do que aconteceu no amistoso com o Galo:

“Modéstia à parte, o destino só me abriu as portas da fama uma vez. Foi em Belo Horizonte. Havia um amistoso entre meu time, o Atlético Mineiro, e o São Cristóvão, do Rio. O meu futuro iria depender daquele jogo. Até parece que estou vendo a cena na frente de meus olhos. Numa bola dividida, que estava mais para mim, Augusto, o ‘becão’ que me marcava dentro da área, pegou meu joelho torto no carrinho, e lá se foram todas as esperanças de conseguir o contrato que precisava. Como operação de meniscos era negócio só para rezadeira curar, o remédio foi me fazer de durão e continuar a minha lida, vagando pelo interior acanhado, de onde tinha saído, para não deixar a mulher e os meninos sem comida.”

Mesmo com o destino lhe fechando as portas, seu Dondinho teve em Outubro daquele ano, após voltar para Três Corações, o seu maior orgulho e sucesso, o Nascimento de seu filho primogênito Edson, o Pelé, apelido que surgiu por seu Dondinho não saber pronunciar corretamente o nome do goleiro Bilé, do Vasco de São Lourenço-MG, outro time onde atuou.

Com família mineira, e passagens pela capital ainda na barriga de sua mãe, Pelé chegou a afirmar, em 1999, na Revista Placar, que era torcedor do Galo na infância.

“Na verdade eu torcia para o Atlético Mineiro porque meu pai, seu ‘Dondinho’, jogou lá” – Pelé.

Imagina se o pai de Dondinho tivesse continuado no clube mineiro? Pelé poderia ter começado no mesmo time que seu pai, e formar uma grande dupla de ataque com Dadá Maravilha. O Rei ficou bem com o manto do Alvinegro Mineiro?

Créditos de imagem: Globo esporte