Peres é afastado e Orlando Rollo assume. O que pode mudar no atual cenário do Santos?

Depois de inúmeras denúncias e várias tentativas de impeachment, o Conselho Deliberativo do Santos decidiu, após votação onde 161 de 176 aprovaram, a abertura do Processo de Impeachment do presidente José Carlos Peres, nesta segunda-feira, por meio de reunião virtual. Desta forma, Orlando Rollo, que esteve afastado praticamente por todo o mandato do presidente José Carlos Peres, assume, em caráter provisório a partir desta terça-feira a diretoria do Santos.

Além do presidente José Carlos Peres, membros do Comitê de Gestão também foram afastados de forma interina e, são eles: Pedro Dória, Paulo Schiff, Matheus Rodrigues, Fábio Gaia, Estavam Juhas, Bruno Carbone e Anilton Perão. Vale lembrar, que o vice-presidente Orlando Rollo não foi afastado, pelo fato ter ficado sem função alguma desde 2018.

Quanto ao afastamento do presidente santista, a Comissão de Inquérito e Sindicância apontou irregularidades nas contas de 2019, além de apontar como “temerária”, a gestão atual. Nas contas de 2019, foi apresentado um superávit de R$ 23,5 milhões, contando inclusive com a venda do atacante Rodrygo ao Real Madrid. Uma irregularidade apontada pela Comissão Fiscal, foi o uso indevido do cartão corporativo, além do pagamento inapropriado de comissões em negociações dos atletas.

Depois de afastados, Peres e os membros do Comitê de Gestão, serão julgados de forma individual, tendo cada um, 10 dias para apresentar sua defesa. Após as defesas apresentadas, a Comissão de Inquérito e Sindicância terá sete dias úteis para emitir novo parecer. Se após o novo parecer o impeachment for mantido, cabe a Mesa do Conselho marcar nova votação e, permanecendo o “sim”, uma nova assembleia será marcada, dentro de um prazo de 60 dias, onde todos os relacionados ficam suspensos do Clube.

Outro fator de relevância é a proximidade das eleições santistas, que vão acontecer na primeira quinzena de dezembro, e até o momento, são oito pré-candidatos: Andrés Rueda, Daniel Curi, Esmeraldo Tarquínio, Fernando Silva, Milton Teixeira Filho, Ricardo Agostinho, Rodrigo Marinho e Vagner Lombardi. Com a decisão, Orlando Rollo assumirá a presidência nesta terça-feira, e poderá escolher novos integrantes para o Comitê de Gestão e também um vice-presidente. Afastado, José Carlos Peres deverá ir à Justiça para reverter o processo, por meio de liminar para as próximas horas.

Esta não é a primeira ação que Peres sofre sob o comando do Santos. Em 2018, Peres foi ‘salvo’, em uma assembleia que contou com o voto dos associados, quando ele foi inclusive criticado por “usar a máquina” para se salvar. Em 2019, depois de uma alteração no Estatuto Social em 2019, Peres terá de ficar afastado até o processo de impeachment ser concluído.

Com o afastamento, Orlando Rollo assume o cargo, e segundo pessoas próximas, a postura será “agregadora”, com o intuito de ajudar na transição até o candidato eleito nas eleições de dezembro. Rollo ainda afirma apoiar o técnico Cuca, e deve buscar soluções para o caos financeiro que o clube atravessa. Esta será a segunda vez que Orlando Rollo assume o Santos. Em 2019, quando Peres foi suspenso no STJD, ele acabou ficando no comando santista por um dia, já que no dia seguinte, José Carlos Peres conseguiu uma liminar que derrubava sua punição. Mesmo ficando por apenas um dia, Rollo trocou parte do Comitê de Gestão, mas ao entrar nas dependências do Clube, se deparou com “gavetas fechadas”, e diversos funcionários dispensados naquele dia, o que casou várias confusões e discussões entre os funcionários presentes e pessoas ligadas ao Orlando Rollo.

Na ocasião, Rollo afirmou assumir sem medidas extremas. “A gente assumiu e está evitando medidas extremas, pelo bom clima que tem que pairar no clube. O clima está ruim por causa do próprio presidente.” Sua declaração, foi rebatida por José Carlos Peres, que classificou como ‘clima de terrorismo’. “Tentaram dar um golpe por 15 dias. Nada justifica criar esse clima de terrorismo”.

OPINIÃO – Já não é de hoje, que o presidente José Carlos Peres vem sendo alvo de denúncias, de atos mau resolvidos, atitudes indevidas, posturas inadequadas e centralização de poderes. A maior afirmação sobre isso, é o fato dele ser afastado, e seu vice não, pelo fato de, que desde o início do mandato, Orlando Rollo, com quem Peres rompeu relações, pouco tempo depois de assumir a presidência. As acusações não são poucas e as contas atuais, são de deixar todos preocupados, pois o Clube atualmente deve a outros clubes, tem ações trabalhistas em curso e devido suas dívidas, punições já foram impostas pela Fifa, e que podem ser ainda mais rígidas, como a perda de pontos e até mesmo o rebaixamento de divisão. O que se espera do vice-presidente, Orlando Rollo, é que ele tenha sobriedade nos atos, e com coerência, consiga em pouco tempo, sem esperar muitas ações, pelo menos que tente recuperar parte do respeito que o Santos merece. Esperar que em dois ou três dias ele conseguirá reverter tudo, é algo impossível, mas que ele tenha uma postura digna e pense única exclusivamente na instituição.