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Confira a entrevista com Bruno Pivetti, técnico do EC Vitória

Bruno Marques Fernandes Pivetti é natural de São Paulo e nasceu no dia 19 de fevereiro de 1984. Com 36 anos, o atual treinador do Vitória concedeu uma entrevista ao MF e falou sobre a sua relação com o futebol, seu trabalho no clube, além de outros assuntos mais. Bruno, que já passou por times como a Ferroviária, Athletico e Ludogorets, da Bulgária, assumiu o Vitória após a demissão de Geninho. Agora, sem mais delongas, vamos à entrevista.

Mercado do Futebol: Como começou a sua relação com o futebol? Teve alguém que te incentivou ou foi a principal pessoa a te ajudar nessa caminhada até agora?

Bruno Pivetti: “Minha relação com o futebol começou desde o dia em que nasci. Tenho uma família que respira futebol e isso me influenciou durante toda a minha infância. Comecei como torcedor, da mesma forma como todos nós, que amamos o futebol. Minha principal brincadeira como criança era jogar bola com meus primos. Tive o sonho de ser jogador quando criança, mas não dei sequência à prática em categorias de base. Na impossibilidade de seguir como jogador, estabeleci que gostaria de respirar futebol durante toda a minha vida, coloquei então como sonho poder atuar profissionalmente como treinador. Assim, já no final da minha adolescência defini como meta que iria perseguir este sonho não importasse as dificuldades que aparecessem em minha vida.

Com isso, já na época do vestibular, prestei o curso de Bacharelado em Esporte na EEFE-USP. Iniciei na graduação com o intuito de direcionar a minha formação para conseguir ingressar no mercado do futebol e, posteriormente, conseguir a minha oportunidade como treinador principal. Me comportava na universidade como um estudante profissional, estabelecia metas, me pressionava a sempre ter os melhores resultados. Isto para adquirir todo conhecimento possível, nas diversas disciplinas oferecidas, para ter uma bagagem teórica que me permitisse ter um bom alicerce para ingressar na prática profissional.

E foi assim que consegui vivencias universitárias que me permitiram ter as melhores oportunidades no âmbito profissional. Pela universidade realizei um intercâmbio em Portugal, graças ao meu desempenho enquanto aluno. Neste período tive a oportunidade de entrar em contato com a metodologia de treino Periodização Tática, a qual utilizo até os dias atuais a fim de operacionalizar as minhas ideias de jogo em todas as equipes que trabalhei.”

Primeiros projetos e a realização de um sonho

“Após a universidade, ingressei no antigo Projeto Pão de Açúcar Esporte Clube, que depois viria a se tornar o AUDAX SP e, por fim, Grêmio Osasco Audax. Neste período realizei diversas funções do futebol, como Preparador Físico, Fisiologista e então Auxiliar Técnico. Costumo dizer, que este projeto foi a minha Universidade da prática, em que pude aplicar meus conhecimentos teóricos, mas também acumular conhecimentos práticos por meio da atuação diária. Além disso, neste período, tive a felicidade de atuar com grandes profissionais que estão hoje no mais elevado rendimento. Estes puderam contribuir para o amadurecimento das minhas ideias de jogo, bem como na aplicabilidade das mesmas.

Foi então que surgiu o primeiro convite para exercer a função de Treinador Principal na Categoria SUB 20 do Clube Athletico Paranaense. Aceitei o desafio, podendo vivenciar esta, que foi sempre a função que sonhei em minha carreira. Com o bom desempenho, fui promovido para Auxiliar Técnico da Categoria Profissional, em que iniciei uma parceria profissional muito importante em minha carreira com o Professor Paulo Autuori.

Fizemos uma grande temporada e conquistamos alguns relevantes resultados em competições importantes. Após esta experiência passei por outro projeto sério de trabalho na Ferroviária, em que consegui também oferecer minha contribuição para a conquista de bons resultados. E então veio uma importante experiência internacional em minha carreira, o Ludogorets da Bulgária. Neste clube, além de importantes títulos, pude vivenciar o mais elevado nível das competições europeias. Após o término da temporada, o Presidente Paulo Carneiro me convidou para integrar o Projeto do EC Vitória como Assistente Técnico do Profissional e Coordenador Técnico da Formação. Já havia trabalhado com o mesmo no Athletico e sempre tivemos muitas convergências de ideias e de processos. Isto fez com que eu tivesse uma atuação abrangente na instituição, antes de ter a oportunidade de assumir como treinador principal da equipe.

Hoje, estou realizando a concretização de um sonho, que foi conquistado com muita dedicação ao longo de muitos anos. Estou bem preparado por ter tido experiências que me acrescentaram uma considerável bagagem teórico-prática para exercer bem a função de treinador principal de uma equipe gigantesca como o EC Vitória.”

MF: Quando você foi efetivado, sentiu alguma diferença entre o cargo de auxiliar e, posteriormente, técnico?

BP: “Na verdade, sempre fui um Auxiliar muito atuante com todos os treinadores que trabalhei. Tive a felicidade de trabalhar com grandes nomes do cenário nacional como Antônio Carlos Zago, Fernando Diniz, Paulo Autuori, PC de Oliveira, Geninho, dentre outros. Pelo estabelecimento de uma relação de confiança, participava ativamente do processo de preparação das equipes nos treinos e jogos. Claro que alguns dão mais liberdade, outros menos, mas consegui estabelecer um processo vencedor com todos. Por vezes se tem a falsa ideia de que o auxiliar é meramente um ajudante do treinador, porém o que sempre estabeleci foi construir de maneira conjunta o processo, respeitando obviamente a hierarquia estabelecida. O intuito era trazer informações, contrapontos e reflexões para auxiliar no processo de tomada de decisão do líder principal do processo.

Desta forma, pude contribuir muito, de maneira ativa, com os processos dos quais fiz parte. Isso me possibilitou vivenciar muitas experiências de elevada pressão que me preparam bem para exercer a função de treinador principal. Outro fator que me ajuda foi a diversidade de competições que tive a oportunidade de vivenciar com sucesso ao longo da minha carreira. Disputei no Brasil as séries A, B, C e D do Brasileiro; os estaduais do Paraná e as séries A1, A2, A3 e B de São Paulo; a Copa do Brasil; a Copa Paulista; a Primeira Liga; a Libertadores da América; na Europa disputei o Campeonato Búlgaro; as eliminatórias da Champions League e Europa League; e a Europa League. Considero que todas essas experiências me possibilitam aproveitar bem o atual momento da minha carreira e poder absorver bem a grande responsabilidade inerente às minhas atuais funções.”