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Entrevista com o técnico Ney Franco, do Goiás

Ney Franco da Silveira Júnior nasceu dia 22 de julho de 1966, é um famoso treinador brasileiro com passagenss pela Seleção Brasileira sub-20 e diversos clubes do país como Flamengo, Botafogo, Coritiba, São Paulo, Vitória, dentre outros e hoje está no Goiás

 

1- Você é formado em Educação Física e passou muito tempo treinando as categorias de base de Atlético Mineiro e Cruzeiro, onde até foi interino e disputou jogos, entretanto seu primeiro time foi o Ipatinga que foi campeão Mineiro de 2005 e Semifinalista da Copa do Brasil de 2006, como foi surpreender tanto com aquela equipe?

R: Claro que todos sempre esperam que o Cruzeiro, o Atlético-MG ou, em menor escala, o América-MG, ganhe o Campeonato Mineiro. Afinal, são clubes mais tradicionais. No entanto, sabemos o quanto trabalhamos e o quanto merecemos aquele troféu. É um título que tem um significado gigantesco na minha vida, pois, passei a ser reconhecido nacionalmente. No ano seguinte, inclusive fui campeão da Copa do Brasil pelo Flamengo. Depois, continuei sendo vitorioso em outros clubes. Tudo que ganhei foi graças àquela conquista em 2005, que me abriu muitas portas.

 

2- No Flamengo foi campeão desta mesma Copa do Brasil e Carioca no ano Seguinte, mas caiu nas oitavas da Libertadores, e voltou ao clube em 2014, qual é o carinho que você tem por esse clube o qual conquistou o primeiro título nacional?

R: Um carinho muito grande. Minha última passagem não foi como imaginava, mas colocar no currículo que treinei o Flamengo é algo extraordinário. Apenas três técnicos foram campeões da Copa do Brasil pelo clube. Sou um deles.

 
Foto: Alexandre Cassiano/O Globo.
 

3- Em seguida você passou por Athletico, Botafogo onde foi finalista Carioca e rumou para o Coritiba, clube o qual não conseguiu evitar o rebaixamento em 2009 mas teve um grande 2010 sendo campeão brasileiro da Série B e em seguida, assumindo a seleção sub-20, como foi esse grande ano de 2010 para você com toda essa superação e esse grande momento?

R: Chegar à seleção brasileira, mesmo que a de base é o grande sonho de qualquer treinador. Foi uma passagem maravilhosa em minha vida e guardo com muito carinho. Assim como só tenho coisas boas para falar do Botafogo e do Coritiba. Mesmo não evitando o rebaixamento do clube paranaense, quando cheguei já estavam em uma situação difícil, mas fiquei no ano seguinte e fomos campeões da Série B, fui muito feliz lá. Tanto que voltei em outras oportunidades.

 

4- Em 2012 e 2013 você passou pelo São Paulo, onde teve uma grande passagem e conseguiu o último título do clube, a Sul-americana como você avalia este feito?

R: Mais do que o título, vi o surgimento e o crescimento do Lucas que fez o que fez na semifinal da Champions na última temporada. Um jogador fantástico. Em 2012, todos os nossos rivais havia ganhado títulos. Só faltava o São Paulo, já no final do ano, no dia 12 de dezembro, 12/12/12, fomos campeões da Sul-Americana. Foi lindo levantar o troféu naquele Morumbi lotado. Um título inédito até então para a equipe. Inesquecível. Querendo ou não, estou na história do clube, que com certeza está na minha história.

 

5- Ainda na sua carreira, você teve uma boa passagem pelo Vitória logo em seguida, quase levando a equipe para disputa da libertadores, e a de momento no Goiás, onde vocês surpreenderam na Série A de 2019 e onde conseguiram manter alguns destaques e ainda se reforçar, e começar bem em 2020. O que você tem a dizer sobre essa sua “estrela” com essas equipes

R: Não digo que seja estrela [risos]. É fruto de um trabalho duro feito em todos os clubes pelos quais passei. Veja só: ganhei um estadual com um time que não era um dos favoritos, um torneio nacional com o Flamengo e um continental com o São Paulo. Lógico que houve mérito dos jogadores, comissão técnica e diretoria em todas essas conquistas. Mas em um mercado competitivo como o nosso, não são muitos os técnicos que possuem esse currículo. Os bons trabalhos no Vitória e no Goiás, citados por você têm a ver com toda uma carreira de muita entrega a todos os projetos nos quais participei.  

6- Como você enxerga o mercado de técnicos no Brasil, após a ascensão de Sampaoli e Jorge Jesus, resultaram em um assédio maior aos técnicos estrangeiros?

R: É normal que os clubes olhem para técnicos estrangeiros após o sucesso do Jorge Jesus, mas acredito que haja espaço para todos. Temos ótimos e vitoriosos nomes brasileiros também.

 

7- Ao seu ver, como um técnico bastante experiente o que você recomendaria para alguém que tem interesse em seguir a profissão, sendo ou não ex-jogador?

R: Em qualquer área, nunca deixe de estudar e se atualizar. O mundo é muito dinâmico e não permite acomodação em nenhum setor. Com o técnico de futebol não é diferente.

 

8- Em meio à pandemia do Covid-19, o futebol aos poucos está retornando no país, como você acha que será um campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e competições continentais com esta adversidade?

R: Será, sem dúvidas, muito diferente. Sem torcida, o espetáculo perde muito e o jogador, dentro de campo, sente a falta do apoio do torcedor. Mas é preciso que seja assim para evitarmos que o vírus se dissemine mais ainda. Com a vacina, creio que poderemos voltar àquela atmosfera a qual estamos acostumados nas grandes competições.

 
Foto: Rosiron Rodrigues/Goiás EC.
 

9- Você tem algum recado aos leitores da entrevista e do site? Nós desejamos para você uma boa sequência de temporada e carreira

R: Espero que tenham gostado da entrevista. Foi ótimo poder relembrar grandes momentos da carreira e falar do cenário atual. Cuidem-se, essa pandemia, com certeza, vai passar!