Entrevista com o treinador Léo Santin, do United Soccer, dos Estados Unidos

Na última segunda-feira, 27 de abril, entrevistamos por meio de uma live do nosso Instagram, o treinador Léo Santin que comentou sua trajetória na carreira. Além do seu estágio no Barcelona e suas impressões do esporte nos Estados Unidos e no Brasil, confiram os fragmentos textuais e abaixo a live por completo:

 

1- Primeiramente, peço para que se defina em termos de vida ou de academia para os leitores que não lhe conhecem?

R: Eu sempre joguei na categoria da base, comecei na Francana e depois passei pelo Taubaté. Com 17 anos, fui convidado para jogar nos Estados Unidos e fiquei quatro temporadas, jogando em duas equipes diferentes. Mas acabei tendo lesões de ligamento cruzado e no final de 2014, o gerente de futebol da Francana me ligou e ele estava precisando de auxiliares para iniciar o primeiro trabalho do Júlio Sérgio como treinador, já tinha feito curso na CBF e decidi parar, porém nem chegamos a estrear no campeonato. Pois tivemos um problema com a diretoria, assim acabei no sub-17 do Botafogo-SP com o Alexandre Ferreira por quatro meses, depois fiz estágio de um mês no Barcelona, por causa que um amigo era familiar do treinador do time B, conhecendo toda estrutura.

R: Recebi o convite dos Estados Unidos, passando alguns meses trabalhando no país. Depois fui para o Comercial por pouco tempo, retornei aos Estados Unidos ficando mais de um ano. Voltei ao Brasil para atuar no Batatais e na Francana e agora recebi o convite do United Soccer, que é um clube de categoria de base do sub-6 ao sub-20 para ser um diretor-técnico em matéria de desenvolvimento. Essa trajetória meteórica, pois ainda sou jovem, graças a Deus está sendo boa. Em termos de academia, ficou a cargo dos cursos, da formação em gerenciamento e alguns artigos publicados falando de variações táticas.

 

2- Antes de nos aprofundar, queria que se possível definisse o modelo de franquias nos Estados Unidos? Você acredita que seja uma pauta viável para o mundo do futebol? Segundo, quais eram as diferenças entre a MSL, a USL e a extinta NASL? Por qual motivo se dissolveu esta competição? Como descreves as suas passagens pelo futebol estadunidense, anteriormente pelo Union University e pelo Alabama A&M? Quais as diferenças entre os times de Alabama (contando sobre o seu time atual)? 

R: O futebol universitário foi desenvolvido para ser um dos caminhos para o profissional. Em estrutura é fantástica, todas as faculdades, tanto as quais joguei e treinei. Chegando a ter clubes das divisões inferiores que utilizam em treinamentos essa estrutura das Universidades. Basicamente a liga universitária, você deixa de ganhar dinheiro para conseguir a sua formação, ganhamos também na cultura e na época tínhamos 14 bolsas atléticas, assim recrutamos as atletas. Os treinamentos são de boa qualidade, o nosso treinador foi campeão na seleção brasileira de futsal em 1996. Eu diria que se equipara a alguns estaduais no nosso país em nível técnico.

R: Aqui funciona da seguinte maneira, a MLS são franquias, onde tem times de alto valor com o Orlando City. A USL tem um caráter mais regionalizado e a USL One, como se fosse a terceira divisão, começa regional para se tornar nacional. Além disso, tem a NISA que é uma espécie da inexistente NASL que tem o New York Cosmos, o San Francisco Deltas, onde o Dagoberto atuou. A franquia, eles vem o benefício do clube e da liga, como algo positivo, então eles fazem tudo direcionado para os dois e assim os times ficam forte e as decisões são tomadas em conjunto, por exemplo a paralisação dos jogos e treinos.

Foto: Francana-SP

3- Como você avalia seu estágio no Barcelona? Você chegou a ter algum contato com os grandes jogadores da equipe em 2015? O que você poderia definir do que aprendeu no clube e hoje utiliza nos Estados Unidos? Como foi a negociação para chegar ao United Soccer? Como está a situação perante a pandemia? O estado do Alabama está na leva dos lugares que estão próximos de voltar a normalidade? O que poderias falar sobre torcida, estrutura e elenco do clube que treinas?

R: É um estado do Sul dos Estados Unidos, a cultura é bem forte e eles são conversadores nos costumes. Tem essa característica, eu particularmente gosto muito daqui, em relação a pandemia, o lugar está sofrendo bastante na economia. Como não é um dos locais mais ricos, acabou dificultando ainda mais, está havendo um debate, mesmo entre os conversadores para abrir a economia. Existe um plano de três fases falado pelo presidente para reabrir o comércio de forma devagar. A governadora do estado não assinou e se abriu o debate, porém aqui existem vários condados, por exemplo no meu tem poucos casos.

R: Foi um momento importante, não somente por ver os grandes jogadores daquela época, mas também pela dedicação deles nos treinamentos, seriedade que tratam o futebol. Os ensinamentos de jogo mais vistoso, isso eu tirei, conceitos táticos, triangulações, processos de metodologia. O foco no jogador na Espanha, aqui no Brasil tem a periodização tática advinda dos portugueses. Dentro da nossa realidade, nosso trabalho é colocado em xeque todos os dias, mesmo assim tem muitos brasileiros em busca de um lugar como treinador. No Barcelona B, não existia tanta pressão, mesmo que fossem derrotados três vezes seguidas, o foco é na evolução dos jovens. Sobre estar com os grandes jogadores, fiquei feliz, pois estava em um dos maiores clubes e eles me receberam muito bem, no dia que voltei ao Brasil, eles me deram um presente e disseram que poderia presentear pessoas que gostam do time, assim vi uma ideia de marketing.

 

4- Como avalias a sua passagem pela Francana como auxiliar-técnico? Pretendes voltar ao futebol brasileiro em um futuro próximo? Você chega a acompanhar mesmo de longe a situação dos times da Série A3 do Paulista? Essa parada é prejudicial em que nível para estes específicos times? No começo do ano, você foi em defesa de seu amigo Alexandre Ferreira, que foi demitido no Olímpia FC. O fato de não respeitarem o tempo de trabalho dos treinadores é um dos motivos do enfraquecimento do futebol brasileiro perante o mundo?

R: Falar da Francana é um prazer, local que tive uma boa passagem ano passado. As pessoas que estão hoje são profissionais tão capacitados quanto nós. Tivemos um período de oito meses de trabalho, então conseguimos implantar nossa metodologia. A Francana é uma instituição centenária, mesmo com altos e baixos conseguimos fazer um bom trabalho. Foi algo muito bacana, pois vimos um respaldo e sobre o Alexandre Ferreira, um presidente entrar no meio do jogo e no vestiário para demitir o treinador é totalmente errado.

R: O presidente de um time tem todo direito de contratar quem quiser e demitir também. Porém, ele não poderia fazer aquilo, tentar uma interferência desse nível. Eu defendi o Alexandre Ferreira, como defenderia qualquer um outro treinador, pois ali tem um ser humano que se esforça e busca o melhor. É do jogo, às vezes o planejamento do embate não acontece. Te mostro um exemplo, tínhamos uma programação para subir o time, porém contra o Flamengo de Guarulhos nas quartas, dois contra-ataques e gols por consequência, assim ficou difícil reverter fora de casa. Todavia dentro das condições salariais e de trabalho que a equipe possuía, fomos até bem. Também o caso do Júlio Sérgio, que saiu por causa que a diretoria não oferecia as condições necessárias para um bom trabalho. Então, é uma via de mão dupla, o Alexandre, o Júlio e o Massaro, treinador do Santa Cruz sub-23, certamente o mercado vai oferecer a chance de se provar.

Jean Lucas

Jornalista por formação, Geógrafo nas horas vagas, dono de um conhecimento vasto sobre o futebol, países e curiosidades que vocês somente verão em minhas matérias.

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