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Entrevista com Paulo Bonamigo, técnico do Clube do Remo

Paulo Afonso Bonamigo nasceu no dia 23 de setembro de 1960 na cidade de Ijuí-RS. O treinador tem serviços prestados em equipes como Atlético Mineiro, Botafogo, Palmeiras, Coritiba e Bahia. Atualmente está no Clube do Remo. É conhecido e reconhecido pelos bons trabalhos em vários clubes e pelos títulos no Brasil e nos Emirados Árabes Unidos

 

1- Nessa temporada de 2020/2021, você conseguiu chegar na final da Taça Guanabara com o Boavista, e agora está próximo de chegar a uma final de Série C com o Remo. Você já pode considerar essa temporada a melhor da sua carreira como treinador? Se não, qual foi a melhor?

Paulo Bonamigo: Realmente foi uma temporada muito boa, até porque a gente conseguiu surpreender no estadual do Rio de Janeiro com uma equipe nova, a gente conseguiu disputar a final da Taça Guanabara, fazendo um jogo igual com o grande time do Flamengo, na época do Jorge Jesus, e a gente teve essa subida do Remo fantástica que foi um trabalho com muita dedicação, com um empenho muito grande de todos, responsável por esse projeto, que nos deixou muito feliz, porque a gente sabia que era um desafio, mas dizer que foi a melhor temporada, eu acho que eu tive temporadas melhores, o próprio ano de 2000 aqui no Remo também foi uma temporada fantástica, porque as condições de trabalho eram muito diferentes que nós encontramos hoje, foi em cima de muito sacrifício, o Remo foi um time que foi pra Série A em 2000, tive 2002 e 2003 no Coritiba também, que eu consegui levar o time com folha de pagamento muito baixa também, conseguimos ser campeões invicto paranaense e chegamos a levar o Coritiba Football Club na Libertadores da América em 2003, também teve outros anos, o acesso com o Fortaleza em 2017, enfim a carreira de técnico normalmente assim é altos e baixos, mas esse ano evidente tá deixando muito satisfeito por ter atingido essa meta aqui nesse acesso com o Clube do Remo.

 


2- Jogos com estádios sem torcida, foram mais benéficos ou prejudiciais pra sua equipe? Ou não fez muita diferença?

Paulo Bonamigo: Não, sem dúvida nenhuma nós tivemos prejuízo, eu sempre falei, se montar um time competitivo, jogando com alma e com determinação, com técnica, com intensidade, a torcida leva o time, a torcida empurra o time, então com certeza que a torcida do Remo fez muita falta na nossa campanha, tivemos jogos fantásticos com viradas estupendas, que certamente dá mais motivação, mais confiança pra equipe dentro da própria competição.

 


3- Em 4 Re-Pas na Série C, você conquistou 3 vitórias e 1 empate, ou seja, não perdeu. Existe algum segredo pra disputar esse tipo de clássico?

Paulo Bonamigo: Re-Pa sempre um clássico especial como todos os outros, acho que a força mental, os níveis de confiança, essa preparação emocional que você na semana tem que fazer e deixar os jogadores respeitando bastante o adversário, mas não temendo, deixando ativos e determinados, confiantes pra desenvolver o que podem fazer dentro do campo, acho que é um fator decisivo quando se jogar clássico no nível que é um Re-Pa, que é um dos maiores clássicos do futebol brasileiro.

 


4- Falando de 20 anos atrás, Remo x Paraná em 2000, houve algum erro preponderante na sua opinião, para o Remo não ter vencido aquela partida e acabar ficando de fora da final da Série B?

Paulo Bonamigo: Não, acho que tudo o que foi feito naquela situação na Série B, na Copa João Havelange, aquele grupo foi fantástico, trabalhou em cima de dificuldades, em cima de muita dedicação, de superação principalmente, porque era um grupo que não fugia do trabalho, não fugia de dorzinha, e evidentemente encontrou um propósito pra chegar naquela classificação nossa pra subida, então tudo o que tinha que ser feito naquela época em termo dos protagonistas, que são os jogadores, foi muito bem feito.

 


5- O que você achou da dispensa dos jogadores do Remo: Djalma, João Diogo e Wellisson, envolvidos em pelada? Essas demissões passaram pelo seu aval?

Paulo Bonamigo: Evidente que passaram pelo meu aval, o presidente consultou, nós tivemos uma reunião, e esse é o momento que nós tínhamos que respeitar a instituição, esse é o momento que tu tem que pensar no Clube do Remo, não pode pensar na individualidade, no atleta, e foi uma atitude extremamente infeliz dos três atletas, não fomos comunicados, mesmo sendo um jogo beneficente, mas o momento não foi o momento ideal, então evidente que os três jogadores que foram dispensados já eram reincidentes em termos de indisciplina, e o Gedoz não era reincidente, por isso que ele não foi punido, mas foi multado, enfim, era um momento importante pra todos que tão trabalhando, e principalmente um ato de falta de comprometimento com o próprio grupo de atletas, que cada vez nós estávamos mais focados e comprometidos com o objetivo do clube.

 
Foto: Samara Miranda/Remo.
 

6- Antes de ser contratado em 2020, você já tinha recebido propostas pra voltar a ser técnico do Remo?