Especial

Entrevista com Pereira, goleiro do Al-Jeel

Aos 28 anos, o goleiro Pereira iniciou sua trajetória no Gama, além de atuar atuado por outras equipes de Goiás e Distrito Federal. Atualmente defende a meta do Al-Jeel, da segunda divisão saudita

 

1- Seus dois primeiros clubes na sua carreira como profissional foram o Gama e o América-GO, ambos atualmente em divisões inferiores. Você chegou a passar algum tipo de dificuldade nesse seu começo de trajetória no futebol?

R: Quando cheguei ao Gama em 2008, eu tinha o sonho de todo garoto que gosta de futebol de chegar ao profissional, durante essa trajetória passei por momentos muitos difíceis, tive momentos que não tinha dinheiro pra pagar a passagem para ir ao treinos, tinha que pedir para amigos, vizinhos para poder ir treinar, foram momentos que sabia que valeria a pena mesmo sendo novo. Fui ao profissional em 2011, foi um sonho realizado me ver entre todos aqueles jogadores já renomados e bem rodadas no futebol, ao chegar no profissional do Gama minha maior dificuldade era para estudar e conciliar os treinos, tinha que sair correndo do colégio, as vezes perder a última aula para chegar a tempo no treino, muitas vezes sem almoçar, e eu tinha que dar o meu melhor nos pois trabalhei duro para estar ali, depois passei a estudar de noite, mas nada mudou pois tinha que sair correndo dos treinos para não perder o horário da escola.

R: Eu era o quarto goleiro, sempre o primeiro a chegar e o último a sair do treinos. Em 2012 fiz minha estreia no profissional com 20 anos, primeiro jogo entreguei a bola no pé do atacante e perdemos esse jogo, mas o treinador Augusto César e Glauber Ramos que hoje estão no Goiás e o preparador de goleiro Adalberto Bizarro me mantiveram como principal goleiro e na sequência consegui me destacar na competição e ter o contrato renovado. No ano seguinte fui emprestado para o Santa Maria, onde joguei a segunda divisão do Campeonato do Distrito Federal, sendo um dos destaques da equipe conseguindo o acesso a primeira divisão.

 

2- Ainda sobre seu início, você conseguiu seu primeiro título pelo Gama em 2015 (o Campeonato Brasiliense). Qual foi a sensação de levantar o troféu e ser eleito o melhor goleiro da competição?

R: Após voltar do empréstimo permaneci no clube em 2013 e 2014, ambos os anos não joguei, mas em 2015 algo novo de Deus estava chegando na minha vida, comecei a pré-temporada como reserva, mas logo na segunda rodada conseguir atingir a titularidade, nesse ano foi tudo muito diferente pra mim, pois joguei com jogadores renomados no futebol brasileiro como o Baiano que jogou no Santos, Palmeiras e Boca Juniors, Lenilson, que jogou no São Paulo e o Rodrigo Gral, jogou no Grêmio e no Sport. Nesse ano conseguimos conquistar o título que o Gama não ganhava há 20 anos, me senti abençoado em honrado em poder ser campeão no maior estádio de Brasília com um público de aproximadamente 30 mil pessoas e era um sonho de criança se realizando. Fui eleito o melhor goleiro da competição e o menos vazado. Foi algo indescritível estar naquele momento sendo campeão pelo clube em que sonhava jogar e dando assistência para o gol do título.

Foto: Al-Jeel.

3- O destaque pelo Operário-MS rendeu a sua transferência para o Al-Jeel. Foi uma decisão difícil ir para um país diferente? E como foi ficar longe da família e amigos? Algo pesou na sua escolha quando recebeu a proposta para mudar de clube?

R: Ao chegar no Operário-MS em 2018, por meio do Rodrigo Gral, onde fizemos amizade no Gama, e acabou me levando para jogarmos juntos novamente, graças a Deus conseguimos o título que o clube não ganhava há 19 anos, me destaquei em jogos importantes, e enquanto eu me preocupava em fazer meu melhor pro clube, o empresário que me trouxe buscava jogadores para trazer para Arábia. No jogo da final o um empresário estava assistindo para ver um atacante, mas acabei me destacando na partida, fazendo ótimas e decisivas defesas e sendo campeão. Ele gostou de mim, não pensei nem um segundo em vir pra cá, pois era algo que mudaria minha vida por completo.

R: A maior dificuldade foi ficar longe da família, pois eu era recém casado, então ficar um ano longe da minha esposa e minha família foi algo super difícil, mas como era plano de Deus e sabia que valeria a pena passar por isso, e valeu. Na época que recebi a proposta havia acabado meu contrato com o Operário-MS estava livre, então foi tranquilo a transferência e claro que um contrato que mudou minha vida.

4- Logo na sua chegada na Arábia Saudita você sentiu algum impacto na questão cultural e até mesmo na variação do clima do país? E no futebol você se impressionou no estilo de jogo da liga?

R: Chegando na Arábia Saudita a maior dificuldade foi o clima, quando cheguei fazia 50 graus, o vento com areia queimava a pele. Outra coisa foi o fuso horário que é de seis horas então para falar com família era complicado, pois aqui na Arábia já era de noite, então tinha que dormir de madrugada várias vezes pra falar com minha família. Com o passar do tempo eu consegui me adaptar a cultura e ao clima do país, graças a Deus me adaptei muito rápido, já a adaptação no futebol demorei um pouco, pois é diferente o estilo de jogo, a estrutura a forma de como eles pensam e agem no futebol. Pra nós estrangeiros o futebol é nossa vida, o sustento da nossa família, já pra muitos deles. os Árabes, é apenas jogar futebol se divertirem. Isso no começo me irritava muito pois eu dava minha vida em jogos e treinos e eles apenas jogavam por jogar, mas ao longo do tempo fui sendo sábio e fui me adaptando ao estilo e pensamentos deles. O futebol aqui é muito irregular, tem momentos que jogamos contra grandes clubes e ganhamos e com os últimos colocados perdemos.

Foto: Al-Jeel.

5- Nesta temporada vocês estão na 13ª colocação do campeonato nacional. O que a equipe almeja para esta temporada e se você tem algum objetivo individual a ser alcançado?

R: No primeiro ano que cheguei aqui terminamos a liga na quinta posição, ficando há três pontos para subirmos para primeira divisão, já no segundo ano, terminamos em décimo terceiro sem muita força para lutar pois não tínhamos tanta qualidade como no ano anterior, mas neste ano que é meu terceiro ano aqui, o pensamento do clube é apenas permanecer nessa divisão para poder montar um plano para próxima liga, e tentar o acesso.

 

6- Por fim, atualmente estás com 28 anos e é a sua terceira temporada na Arábia Saudita. Você tem o desejo de voltar ao Brasil no futuro próximo?

R: Nunca imaginava que um dia jogaria na Arábia Saudita, por ser goleiro então era algo impossível, mas como para Deus nada é impossível já estou na minha terceira temporada no Al-Jeel, com 97 jogos sendo o primeiro estrangeiro e goleiro a atingir esses números. Não tenho planos de voltar a jogar no Brasil, estou aqui há três anos e pretendo permanecer por mais sete, assim fazendo 10 anos e logo após volto para me aposentar onde comecei. Estamos muitos felizes aqui eu e minha esposa, aqui nesse país onde fomos muito bem recebidos pelos locais que são pessoas muito receptivas e atenciosas, e no lado profissional que não me deixa faltar nada. Temos um centro de treinamento com boa estrutura, bolas de qualidade, campos e materiais de trabalho que muitos clubes no Brasil não tem.

Juan Henrique

Falo de tudo e mais um pouco. Cursando jornalismo.

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