Especial

Entrevista com Rita Bove, meia das Sereias

Rita Bove, é meia-campista e teve passagens pelo XV de Piracicaba, São José e Santos

 

Qualidade? R: Perfeccionista (lado bom).

Defeito? R: Perfeccionista (lado ruim).

Filme favorito? R: Poder além da vida.

Prato predileto? R: Churrasco.

Cor preferida? R: Branco e Preto.

Uma música? R: Sertanejo.

Hobbie? R: Ir ao cinema.

Se não fosse jogadora seria? R: Esportista

MF: Qual foi a reação da sua família quando decidiu que seria jogadora? Teve apoio da família e das pessoas ao seu redor?

R: Não sei bem quando comecei a gostar de futebol, mas desde que me conheço o futebol faz parte de mim. Meu pai sempre foi um grande incentivador por gostar de futebol, é torcedor santista e para ele é uma honra, orgulho vestir a camisa do Santos. Meu pai e minha família sempre me incentivaram muito, nunca foram contra meu sonho de ser jogadora de futebol mesmo sabendo das dificuldades. Família conta muito e eles foram muito importantes pra mim nesse processo todo.

 

MF: Qual a sua inspiração para jogar futebol? Em que momento decidiu que queria jogar? Como surgiu a primeira oportunidade? Financeiramente como era se manter só com futebol?

R: Eu comecei no futsal da minha cidade, jogava com os meninos mesmo com dez anos de idade e foi nesse momento que passei a ter contato com outras meninas que também jogavam. Aos quatorze anos fiz um teste em uma equipe de futebol de campo adulto pois não tinha equipe de base e a partir desse momento passei a viver do futebol. Na época o futebol não era tão rentável, não conseguia viver exclusivamente do futebol, mas eu ainda era nova e o custo era pequeno, o clube fornecia o transporte e também uma bolsa de estudos na faculdade. Ainda estava no ensino médio, mas após o término gostaria de ter uma graduação então por muitos anos joguei em troco de uma bolsa de faculdade, o que é uma boa saída para outros clubes de futebol.

 

MF: Qual foi o momento mais marcante da sua carreira? Como conciliava a faculdade com o futebol?

R: A primeira convocação para Seleção Brasileira sub-20 e poder representar seu país. Quando surgiu a oportunidade na época foi o reconhecimento do meu trabalho, o que me fez dedicar mais ainda ao futebol. Para conciliar os dois era uma correria total, conciliar jogos, com treino e com aula. Tinha que dar conta de tudo, era inevitável não estar presente alguns dias, mas nada que uma conversa com o professor não resolvia e ser uma aluna dedicada facilitou muito.

MF: Você também era professora em uma escolinha de futebol. Conte essa experiência.

R: Me formei em Educação Física e tenho pós graduação em Fisiologia do Exercício. Consegui uma oportunidade em uma escolinha de futebol, fiquei a apreensiva porque aceitar uma mulher como professora em escola de futebol é muito difícil, mas o dono da escolinha abraçou a ideia, foi gente boa, achou super interessante e fiquei quase um ano. Foi uma grande experiência e de certa forma ajudou na renda.

 

MF: Qual foi a reação quando convite do Santos? Teve uma inspiração para jogar futebol?

R: Sou santista desde criança, jogar pra mim no Santos é motivo de orgulho, uma realização de um sonho, oportunidade única você jogar no clube de coração pro qual torcia desde criança, é realmente gratificante. Fiquei super feliz por toda grandeza e história que o clube tem dentro do futebol feminino, o Santos é uma das poucas equipes que tem história de anos em anos e isso merece ser aplaudido. Não tive um jogador que pudesse ser minha inspiração, cresci vendo Diego e Robinho na geração 2002, e em 2004 quando a Seleção Feminina ganhou a prata olímpica surgiu o interesse de jogar futebol. Vi grande nomes como Marta, Formiga, Cristiane, juliana Cabral também fez querer ser jogadora. Estar ali no campo mostrando que mulher também pode jogar futebol e hoje pude jogar com a maioria delas o que é muito gratificante. Hoje um exemplo é poder atuar ao lado da Cristiane, uma grande referência no futebol feminino.

 

MF: Como você e as Sereias estão mantendo a forma nessa pandemia? Há chamadas de vídeos para explicar?

R: Nós temos uma programação que o clube a a comissão técnica tem passado para a gente, temos mantido contato, tentar mantém o ritmo e a forma, é lógico que perdemos um pouco não é a mesma coisa mas temos que tentar manter o próximo possível de quando retornar não perder tanto desempenho e ter um tempo menor para se readaptar novamente. Temos que treinar motivadas e a motivação é que logo as coisas vão se ajeitar para retornar.

MF: O que as Sereias pretendem em relação à títulos na volta do futebol?

R: Com as Sereias é ganhar tudo que disputarmos, agora o principal objetivo é retornar aos trabalhos e que isso passe logo. Quero voltar a jogar, vestir essa camisa e dar alegria ao torcedor. Fazer um belo trabalho, chegar em todas as finais em decorrência do trabalho.

 

MF: Comente sua opinião sobre o cenário do futebol feminino no país (estrutura, horário, salário, visibilidade).

R: Eu acho que o futebol feminino ainda está em desenvolvimento, estamos vencendo barreiras, mas ainda tem algumas que precisam ser quebradas culturalmente. O menino quando nasce ganha uma bola e a menina uma boneca isso tem que ser mudado aos poucos, vai sendo trabalhado e abrindo a mente das pessoas para que elas entendam que o futebol é um esporte eclético para todos. Aos poucos o futebol feminino está ganhando espaço, melhorou muito do que quando comecei e em alguns estados no Brasil a situação é pior, me sinto privilegiada de poder atuar num clube como o Santos que fornece toda estrutura para as atletas pois nem todos os clubes são assim,espero que nos próximos anos isso melhore.

 

MF: Qual a sensação de ser espelho para uma geração?

R: Vou citar um fato interessante, sou do interior do estado de São Paulo, cidade pequena e toda vez que volto sou bem reconhecida por meninas e crianças, a gente não tem essa noção que pode inspirar, mas acaba sendo motivador saber que existem outras meninas que querem jogar futebol e o mais legal é que os pais incentivam falando que me acompanham, de certa forma muda o preconceito em relação a mulher praticar futebol tem diminuído e caído, é sensacional uma luta que vem de anos faz com que queria ainda mais abrir espaço para as novas gerações que vem surgindo.

Laura Marcello

Aspirante a jornalista e comentarista esportiva. Botucatuense, 18 anos e apaixonada por futebol. Carpe Diem

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