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ÍDOLO CORAL: Grafite fala com o MF

Edinaldo Batista Libânio ou Grafite como é conhecido, nasceu em Jundaí-SP no dia 2 de abril de 1979.

Grafite tem passagens por muitos times nacionais e internacionais, mas sua trajetória mais marcante (nomeada pela colunista) foi no Santa Cruz Futebol Clube.

Grafite fez um história marcante no time coral, levantando a taça da Copa do Nordeste e levando o tricolor pernambucano de volta à elite do futebol. Não demorou tudo isso pra se tornar Ídolo.

 
Foto: Santa Cruz FC.
 

Confira a entrevista:

 

1- Como foi sua infância? De onde veio esse sonho de ser jogador de futebol? Se não tivesse a oportunidade de ser jogador, qual outra profissão você mais se identifica?

G: Então, minha infância foi tranquila, foi normal como de qualquer outra criança. Meu pai era metalúrgico, minha mãe era dona de casa, assim nós não tínhamos fartura, mas nunca faltou o básico dentro de casa para nós vivermos, como alimentação, roupa, bem estar, então foi tranquilo. Meu pai sempre foi um cara rígido, priorizava em sermos todos corretos, honestos e foi normal. Eu, sempre que me dei por gente, gostava de futebol, tinha uma bola e ficava com ela o dia todo. Quando eu me mudei para Campo Limpo Paulista, aos 8 anos de idade, tinha um campinho de futebol em frente à minha casa, então à partir daquele momento, eu jogava bola todos os dias, na escola e em casa, então eu sempre gostei de futebol. Se eu não fosse jogador de futebol, eu não sei o que seria, porque até os 22 anos eu vendia saco de lixo, trabalhava como autônomo e não tinha uma profissão definida, então é difícil falar o que eu me tornaria, mas eu me identifico muito com a área policial, investigação, essas coisas. Talvez eu me tornasse isso, mas ainda assim é difícil definir.

 

2- No ano ‘mágico’ de 2005, pelo São Paulo, você perdeu boa parte do ano devido a uma lesão. Como foi aquele momento e como foram os bastidores daquela época toda?

G: Realmente, 2005 junto com 2009/2010 foram os grandes anos da minha carreira como jogador profissional. 2005, no momento daquela lesão, eu era o melhor jogador brasileiro em atividade, jogando aqui no futebol nacional, havia sido convocado para a seleção brasileira, na despedida do Romário, posteriormente para os jogos das eliminatórias, contra Paraguai e Argentina. Tava num grande momento, tava bem física e mentalmente, tecnicamente e infelizmente a lesão veio num momento muito bom da minha carreira, mas acontece, né? Acho que se eu continuasse naquela sequência, talvez eu pudesse ter jogado a Copa de 2006, não sei. O momento foi muito difícil, muito complicado quando a lesão interrompe a sua carreira do nada e você tem que ter todo um processo de recuperação muito dolorido, complicado porque tem dias que você se sente muito motivado e tem dias que você está com a motivação em baixa e fisioterapia tem muito movimento repetitivo, muita repetição de segunda à segunda (no começo). Entrava no CT do São Paulo 8h da manhã e saía às 17h todos os dias, só no domingo que eu ia só pela manhã e tinha o resto do dia de folga. Foi um momento muito difícil mas graças à Deus, serviu de aprendizado, muitas pessoas que se diziam amigos meus, se afastaram porque você não estava mais no auge, não está nos holofotes, fica um pouco “esquecido”, mas vida que segue. Foi bom para dar mais valor à família e aos verdadeiros amigos.

 
Foto: Santa Cruz FC.
 

3- Houve contato do tricolor paulista em seu retorno ao Brasil? Se sim, como foram os detalhes?

G: Não, com o São Paulo nunca teve um contato para um possível retorno. Houveram especulações, mas nunca um contato oficial por parte do São Paulo e nem de minha parte e quando eu voltei para o Brasil, em 2015, eu não tinha intenção de voltar, eu voltei e por um acaso eu encontrei alguns dirigentes do Santa Cruz, começamos a conversar e o negócio foi tomando corpo, tomando forma e aí nós acabamos fechando o contrato. Eu tinha contato com Vasco, Coritiba e equipes da primeira divisão, mas com o São Paulo nunca teve uma conversa para voltar a jogar.

 

4- Pela sua carreira, quais pontos você achou em comum nos clubes que passou e quais as maiores diferenças?

G: Assim, diferenças tu não vê muito porque o dia-a-dia é muito parecido com os clubes do futebol brasileiro, a diferença fica nas estruturas. Se for falarmos de estrutura, tem Athletico Paraense, São Paulo, Goiás, Grêmio e Santa Cruz, que são os clubes que eu joguei no futebol brasileiro. Athletico, São Paulo, Grêmio e Goiás as estruturas são bem parecidas, lógico, com a uma diferença e acho que a do Athletico está na frente de todas, mas você não vê uma diferença grande no dia-a-dia, na condição de estrutura de profissionais, treinamento, centro de treinamento, campos de futebol, estrutura física, alojamento, departamento de fisiologia, de refeitório, concentração, esses clubes são bem parecidos. Só no Santa Cruz que tem um déficit muito grande, do fato do Santa Cruz treinar e jogar no Arruda. Eu joguei em 2001-2002 e voltei em 2015-2016 e continuava a mesma estrutura, com treinamentos no Arruda, jogos no estádio, concentração feita no Arruda ou em hotéis ou seja, o Santa Cruz está muito atrás desses clubes por causa da falta desse CT, que está sendo terminado agora, já inauguraram o primeiro campo e a gente espera que nos próximos anos, o Santa Cruz consiga ter esse CT com condições de treinamento, não só um campo, mas dois, três para as divisões de base também, um hotel, um refeitório, um dormitório para os jogadores descansarem, pois tudo isso pesa bastante na temporada do clube, na preparação, no recrutamento de novos jogadores, isso tudo pesa e quando você tem uma estrutura formada, pronta, isso ajuda muito o clube a se fortalecer.