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Micronésia, a luta por reconhecimento de uma pequena ilha junto aos desportistas do mundo

A Associação de Futebol dos Estados Federados da Micronésia foi criada em 1999 e desde então busca um rumo de evolução não somente a nível de Oceania, como também fora dela. Mesmo assim, a estreia oficial do selecionado foi em 1995 numa derrota contra o Guam (3 a 0), quatro anos depois pela Copa organizada por sua sociedade, a seleção foi campeã ao vencer as Ilhas Marianas do Norte (7 a 0) e o Crusaders (atual terceiro colocado na Liga da Irlanda do Norte) por 4 a 1 e 14 a 1, essas foram os únicos três triunfos da história do país até o presente momento.

Em 2003, a seleção principal disputou a Copa Pacífico e com um elenco basicamente composto de jogadores jovens, o mais velho era o atacante Robert Tawerilibeg, de 28 anos não teve sucesso nos confrontos contra Taiti (17 a 0), Nova Caledônia (18 a 0), Tonga (7 a 0) e Papua Nova Guiné (10 a 0). Apesar dos 52 gols levados e nenhum marcado, alguns técnicos passaram nos anos seguintes pela localidade para tentar produzir um cenário mais favorável aos atletas da região, no caso do inglês Paul Watson e do australiano Stan Foster. Vale ressaltar que os jogos da Micronésia são disputados no Complexo Desportivo de Yap, estádio de dois mil lugares.

Em 2010, a Associação pediu aos asiáticos um espaço para que fossem reconhecidos, mas a resposta foi o silêncio. O ex-jogador semiprofissional Watson, entre 2008 e 2011 foi o primeiro ocidental a desenvolver o futebol, primeiramente foi treinar o elenco do Pohnpei (uma das ilhas) e depois realizou seu sonho de ser técnico de uma seleção. Após isso, manteve uma amizade com os dirigentes e seguiu seu rumo indo para Mongólia para ajudar na criação do Bayangol FC, além de ter escrito um livro sobre sua saga no arquipélago (Para cima, Pohnpei: liderando a maior zebra do futebol para a glória) e ser diretor do torneio da CONIFA (países não-reconhecidos pela FIFA).

Segundo o inglês várias dificuldades assolam o desenvolvimento da seleção: Pouco recurso (no ano 2015, cada uma das quatro ilhas recebia 5 mil dólares do COI), uniformes (ele conseguiu a doação de camisas usadas pelo Tottenham Hotspur, Norwich e Yeovil Town), distância (o local mais próximo é Guam, a viagem tem três horas de duração), patrocínio (após muita dificuldade conseguiu o apoio da Coyne Airways, transportadora de cargas), chuvas (índice pluviométrico de 7.600 milímetros por ano), sedentarismo (alguma ilhas possuem 90% da população com obesidade e 70% diabetes). Mesmo assim em 2010, Pohnpei venceu um time da segunda divisão de Guam, algo histórico.

Logo na sequência, Foster chegou ao país e foi técnico da seleção sub-23 que levou 114 gols e não fez nenhum no ano de 2015, os placares 30 a 0 (Taiti), 38 a 0 (Fiji) e 46 a 0 (Vanuatu). A situação tão foi grave que os jogadores estavam querendo ser goleiro, o que inverte a ordem natural do esporte, ao serem questionados eles falaram que o único a qual era aplaudido é o arqueiro, pois o único que conseguia fazer defesas e os atacantes não marcavam. Mesmo assim, existe a promessa de melhoria com o investimento da FIFA, além disso a vitória da seleção de base contra um time amador guamense (7 a 1) e chuteiras oferecidas por restaurantes da Papua Nova Guiné deixam um alento.

Foto de capa: Seleção da Micronésia.