Dinamarca, a saga da desclassificação para a conquista da Eurocopa 1992

Como uma seleção que não se classificou para competição se tornou campeã da mesma? Parece estranho essa pergunta, mas foi o que aconteceu com os dinamarqueses em 1992. Mas antes de contar a história temos que ressaltar o carismático selecionado da Dinamarca entre 1979 e 1990 comandado pelo alemão Sepp Piontek (treinou também as seleções do Haiti, Turquia e Groenlândia), nesse período a equipe venceu a Escócia (1 a 0), o Uruguai (6 a 1) e a Alemanha Oriental (2 a 0) na Copa do Mundo de 1986, porém a grande sensação da competição foi eliminada pela Espanha de Butragueño.

No início da década, o treinador saiu da agremiação e no seu lugar indicou Richard Nielsen, seu auxiliar na época. Todavia, a federação do país achou melhor fechar a contratação de um técnico estrangeiro, mas após uma sequência de rejeição (sete ao total), principalmente pela equipe não ter se classificado para Copa do Mundo de 1990, os dirigentes se renderam e contrataram o dinamarquês que estava disposto a mudar o rumo dos dinamarqueses. O início dele na Dinamarca não foi positivo, pois Michael Laudrup, considerado o melhor da história por muitos do país não queria jogar no estilo de atuação do treinador e assim não seguiu na sequência do torneio continental.

Nas eliminatórias da Eurocopa, os dinamarqueses enfrentaram Iugoslávia, Irlanda do Norte, Áustria e Ilhas Faroe, em termos de desempenho. Eles venceram os faroenses (4 a 1 e 4 a 0), iugoslavos (2 a 1), austríacos (2 a 1 e 3 a 0) e norte-irlandeses (2 a 1), além de um empate e uma derrota. Na época, a vitória valia dois pontos e no final a Dinamarca chegou aos 13, mas mesmo assim foram eliminados, todavia contaram a sorte e dias depois, após uma sanção para a Iugoslávia por causa da guerra instaurada no país, os dinamarqueses acabaram sendo convidados a competição.

Os jogadores já estavam de férias e aos poucos recebeu a ligação do treinador Richard Møller, a priori como estavam atrasados em relação aos adversários que treinavam para competição há dias o pensamento era de somente cumprir a tabela. Contudo, a convocação de atletas na época jovens como Peter Schmeichel (campeão do mundo em 1999 com o Manchester United), Kim Viltorf (ele acabou saindo dos treinamentos dentro da competição por causa do tratamento de sua filha, mas retornou e fez gol na final), Brian Laudrup (irmão de Michael e vencedor da Liga dos Campeões com o Milan em 1993/1994) e Henrik Larsen (ex-atleta de Pisa e Aston Villa).

Na fase de grupos, eles enfrentaram a Suécia (dona da casa), França e Inglaterra. Na estreia, um empate até interessante contra os ingleses, contudo na segunda partida a derrota contra o suecos por 1 a 0 deixou a situação complicada. Foi ouvindo o seu auxiliar que Nielsen mudou de comportamento ficando mais próximos dos atletas que eram bons, mas que estavam longe de serem motivados. Antes da partida decisiva, ele levou os jogadores para jogar golf e no final que vencesse ganharia um queijo patrocinado, a aproximação teve sucesso e a equipe saiu vitoriosa por 2 a 1 contra os franceses.

A semifinal era somente contra a campeã da Eurocopa, a Holanda de Ronald Koeman, van Basten, Bergkamp e Rijkaard. Para motivar, o treinador utilizou uma estratégia pouco usual, ele disse que se a seleção vencesse, o elenco poderia se reunir com suas namoradas. O gol de Christofte garantiu 5 a 4 nos pênaltis e a ida pela primeira vez a final, todavia a preocupação pairava na mente da diretoria, pois os jogadores estavam totalmente exaustos e alguns machucados pela sequência de jogos. Mesmo assim, os dinamarqueses venceram o campeão do mundo em 1990, os alemães por 2 a 0. O jogo foi tão importante que o show do Nirvana teve que ser paralisado na hora.

Foto de capa: Getty Images.