St. Pauli

St. Pauli, o clube alemão ativista contra o fascismo

O Fußball-Club Sankt Pauli von 1910, conhecido popularmente como St. Pauli, é um tradicional clube do futebol alemão. Foi fundado em 15 de maio de 1910 (109 anos) e é sediado em Hamburgo, na Alemanha.

Apesar de discreto dentro de campo e não tão presente na primeira divisão, os Freibeuter der Liga (piratas da liga), são admirados por seus posicionamentos fora das quatro linhas.

Ativismo contra o fascismo

Uma identidade de luta por direitos, que se emergiu lentamente dentre os torcedores, foi construída em torno da política de esquerda e do ativismo social. Além disso, os apoiadores do clube escolheram como o seu símbolo (não oficial) o crânio e os ossos cruzados.

Foto: Reprodução/Internet

O clube alemão é conhecido por ser a voz de comunidades desprezadas pela sociedade. Em sua história se virou contra o fascismo, o racismo, o machismo e a homofobia, se contrapondo a todas as formas de segregação social. Contudo, o St. Pauli também foi a primeira equipe alemã a banir, de forma oficial, as atividades nacionalistas de direita. Em 1981, a equipe possuía uma média de público de 1.600 torcedores, mas ao final dos anos 90, a média já girava em torno de 20.000 espectadores, muito por atrair torcedores com seus posicionamentos fora de campo.

O St. Pauli preza pelo caráter de esquerda de seus torcedores, a maioria declarados anti-racistas, antifascistas, anti-homofóbicos e anti-sexistas, que, consequentemente, os colocaram em confronto com neonazistas e hooligans, em jogos fora de casa. A organização adotou uma postura franca, favorável a tais movimentos e incorporou o posicionamento em sua constituição.

Adesivo do punho que destrói a suástica, para reiterar a identificação política, vendido nas lojas do clube.

Vale ressaltar que, entre 2002 e 2010, o clube foi presidido por Corny Littman, o primeiro presidente assumidamente homossexual de um clube alemão. Durante anos, ele foi a personificação dos ideais defendidos pela equipe e por sua torcida. 

O grupo de viajantes do FC St.Pauli em torno de Ewald Lienen e o treinador Jos Luhukay posam com bandeiras do movimento LGBT em frente à Trump Tower. 
Foto: twitter.com/fcstpauli

Nas arquibancadas, os torcedores expõem seu posicionamento com bandeiras e faixas. Além do crânio e dos ossos cruzados, é comum identificar faixas em apoio a comunidade LGBT e bandeiras com o rosto do guerrilheiro argentino Che Guevara, que se opunha aos movimentos elitistas.

Foto: St. Pauli
Princípios Fundamentais

Mas, além dos movimentos externos, o St Pauli também foi o primeiro clube alemão a integrar uma série de princípios fundamentais, para ditar como o clube é administrado. Os princípios foram aprovados por maioria esmagadora de votos no Congresso St. Pauli, em 2009, mas vão além do futebol. Sendo, dois deles:

“Na sua totalidade, composta por membros, funcionários, torcedores e oficiais honorários, o St. Pauli faz parte da sociedade pela qual está cercado e, portanto, é afetado, direta e indiretamente, por mudanças sociais nas políticas, cultural e social esferas”.

-“A tolerância e o respeito nas relações humanas mútuas são pilares importantes da filosofia de St. Pauli” .

O fato de políticas de inclusão e a luta contra o fascismo serem tratadas como fatores indispensáveis dentro do clube, fez com que o St Pauli se tornasse um dos clubes mais populares da Alemanha até os dias de hoje, mesmo em meio ao cenário em que o patrimônio financeiro vem sendo prioridade em outras equipes, mesmo que isso custe a sua história.

O apego em seus princípios o colocam como grande contraponto do futebol dos milhões, sendo um dos maiores e mais importantes clubes, em representatividade, no país.