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Entrevista com o treinador do Figueirense, Jorginho

Jorge Luís da Silva nasceu em 22 de março de 1965 na cidade de São Paulo. Como treinador tem seu carreira iniciada em 2008 no Palmeiras, além disso trabalhou em equipes como Portuguesa, Náutico e Bahia. Atualmente está no Figueirense Futebol Clube. Conhecido e reconhecido pelo seu perfil atuante dentro de campo e conhecedor de tática

 

1- Você teve uma carreira como jogador que foi bem sucedida, com passagens por diversos clubes grandes do futebol Brasileiro. Olhando pra tudo que você fez dentro das quatro linhas, hoje você se arrepende de algo? 

R: Eu não me arrependo não, de nada. Gostaria é de ter o trabalho que é feito hoje de força e potência. Porque como sou uma pessoa com capacidade técnica boa, inteligência, habilidade, era rápido, mas não tinha força suficiente para suportar os jogos durante uma competição que exigisse muita força física, jogos quarta e domingo, quarta e domingo. Então sofria muito com isso, fui descobrir já com 32 anos no Atlético Mineiro. Se tivesse tido essa força teria sido ainda melhor do que fui, e poderia ter ido até para a Seleção Brasileira, e permanecido lá por muito tempo, pois isso que faltava para mim.

 

2- Em 2009, você sofreu para muitos uma das maiores injustiças já vistas no futebol. Estava com 76% de aproveitamento com o Palmeiras nos sete jogos que comandou a equipe, e, ao invés de ser efetivado, foi trocado por Muricy. Qual sua opinião sobre tudo que aconteceu nessa época que culminou com o Palmeiras perdendo o título?

R: Sofri injustiça nenhuma. Foi combinado tudo direitinho e a direção fez tudo corretamente, pois tinha um treinador de ponta na época livre, um dos melhores do país e ele foi contratado, infelizmente não deu certo. Ele também não deu sorte teve muitos jogadores bons machucados, faltou isso. Mas agradeço muito a direção, as pessoas que lá estiveram, a torcida do Palmeiras, pelo momento, por ter dado a chance de dirigir uma equipe daquele tamanho, e espero algum dia voltar ao mercado da Série A, por causa que é bom demais.

 

3- Depois do Palmeiras, o seu grande trabalho foi na “BarceLusa”. O que você guarda daquela campanha, a qual lhe rendeu o título Brasileiro da Série B cheio de atletas que rodaram o país depois? Considera este seu grande trabalho? 

R: A Portuguesa eu conheço bem, foi realmente um trabalho muito difícil, pois convencer aqueles portugueses que estávamos com razão não é fácil. Nós montamos um time jovem, desconhecido e tivemos 40 dias pra trabalhar, coisa que no Brasil é quase impossível de ter, então isso foi a gota d’água pra montarmos o time de como acho que deve ser futebol, de como o torcedor gosta. Um time com velocidade, que gosta de jogar pra frente, que goste de fazer gols e tome menos, e tenta fazer o máximo possível para deixar seu torcedor feliz e com prazer de ver o time jogar. Futebol é isso, não é só ganhar, isso é pra quem tem pouca capacidade, tem que se ganhar bem, é mais gostoso e mais prazeroso. Aquela Portuguesa foi maravilhosa, aprendi aqui que nenhum time vai ser igual aquele, e tentei fazer igual e paguei preços caro, esse foi o aprendizado, aquela Lusinha ninguém vai fazer igual tão cedo.

 

4- Após este grande trabalho, o senhor rodou por muitas equipes, principalmente pelo interior de São Paulo, até que em 2020 voltou para Santa Catarina (pois como atleta jogou no Avaí, e anteriormente já tinha treinado a Chapecoense) para comandar o Juventus no estadual, que foi a grande surpresa da competição. Qual foi o seu segredo neste grande trabalho que levou a equipe surpreendente até as semifinais? 

R: Rapaz, quando eu vim aqui para Santa Catarina, realmente nós sabíamos que pelo tempo para treinar poderíamos fazer algo diferente, se tivesse bons jogadores, pois sem qualidade não se vai a lugar nenhum. Então qualidade, boa condição física, um sistema tático que preencha toda a características dos atletas, ambiente maravilhoso e pagamento em dia faz com que qualquer equipe vá embora, e tivemos todos os requisitos. Isso fez com que a equipe pudesse ser a surpresa na competição, e mostrou a condição do que podíamos fazer, com gostinho de quero mais, até pois sofremos com alguns problemas internos, inclusive poderíamos ter ido melhor, fazer mais gols, vitórias. Nós trabalhamos muito e os garotos compraram a ideia, por isso conseguimos chegar. Conseguimos por isso, pelos itens que falei, tempo de trabalho, dedicação, qualidade, condição física e esquemas bons, o ambiente era maravilhoso entre jogadores, comissão técnica e direção, era muito legal. A parte financeira também foi ótima até onde puderam em dia, na pandemia aí complicou tudo.

 
Foto: Patrick Floriani/FFC.
 

5- Após o estadual você assinou com o Figueirense no dia 13 de novembro. Na época o clube era virtual rebaixado para a Série C e você encantou o torcedor com o futebol apresentado e por colocar o clube na briga de volta. Mesmo sem sucesso, você ficou marcado como grande nome da campanha, você atribui isso a quais fatores? 

R: Acabou realmente o estadual e fui assistindo jogos por jogos, e após o primeiro jogo do segundo turno eu recebi o convite do Figueirense, que estava com 94% de chances de rebaixamento, e ainda conseguimos com trabalho de recuperação brigar pra ficar fora. Mas o por que disso? Pois esse mesmo Figueirense, em grande parte de seus jogadores, pois com outros treinadores mudou muito, mas os jogadores que jogaram contra nós viram o que nós fizemos no campo e acreditavam naquilo que falava. Enquanto eu tive muitos jogadores que jogaram aquele jogo mais os jovens que compraram a ideia junto, que nós conseguíamos. Mas nós tínhamos um problema crônico aqui, os jogadores não suportavam dois ou três jogos seguidos então todo jogo perdíamos jogadores, chegamos a ter entre 15 e 18 jogadores no departamento médico e com lesões graves. Então o trabalho físico anterior, ou não sei o que foi, fazíamos com que deixássemos o desejar e não conseguir jogar, nem se defender ou atacar, mas os jogos que conseguimos comandar, se preparar, descansar e jogar todos eles fizemos bem feitos, até alguns marcantes, talvez por isso a torcida tenha entendido. A nossa forma de jogar simpatiza com aquilo que a torcida pensa, que o time do Figueirense, eu joguei muito aqui contra eles, é uma torcida exigente gosta de ver seu time pra frente, então casou a forma de jogar. Por isso aceitaram nosso trabalho, a diretoria também viu isso e que o resultado não veio por n circunstancias que escapa das nossa mãos e até dos jogadores, que não conseguiam sair do buraco em que estavam, mas agradeço a dedicação.

 

6- Ainda sobre o Figueirense, você decidiu permanecer no clube para 2021 e é “o cara” aos olhos dos alvinegros. Quais motivos te levaram a permanecer no clube? Você acha que é possível fazer com que a torcida (que parte já o considera ídolo) volte a sorrir no ano do centenário?