Crise na Gávea

“O Flamengo não pode perder, não deve perder. Sua derrota frustra, entristece, humilha e abate.” A frase, trecho de uma carta do Juiz Eliezer Rosa dirigida a João Antero de Carvalho, sintetiza o sentimento de 40 milhões ao redor do Brasil e do mundo, incluindo este que vos escreve com o momento atual do clube. Antes da derrota por 2×0 contra o Ceará no Maracanã, o Flamengo estava na busca pelo Bicampeonato Brasileiro. Após a partida, corre o risco de sequer disputar o título, apenas se preocupando com a classificação para a fase de grupos da Libertadores. Afinal, com as duas derrotas do líder São Paulo para Bragantino e Santos, o rubro-negro poderia estar no segundo lugar a um ponto de diferença do tricolor. Porém, é quarto colocado com sete pontos de diferença em relação ao líder.

Rogério Ceni

Agora, parece ser senso comum entre os torcedores que a escolha de Rogério Ceni como técnico foi equivocada. Ceni nunca trabalhou em alto nível ofensivamente falando pelas equipes por quais passou. Um erro crasso, já que como o Flamengo é um time de cultura ofensiva, a maioria dos seus adversários defendem em bloco recuado. Rogério não é o único culpado pelo momento do time, mas a escalação contra o Ceará é de dar arrepios em qualquer rubro-negro. Começando com a escolha por Cesar como titular no gol, já que ele não atuava no Brasileirão desde a derrota contra o próprio Ceará no primeiro turno. Gustavo Henrique, zagueiro ex-Santos que vem cometendo erros capitais a cada jogo (Ceni substituiu Gustavo Henrique colocando o Diego, precisando improvisar William Arão na zaga novamente, apesar de contar com Léo Pereira e Natan no banco de reservas.)

Jesusdependência

Quando Rogério chegou ao Flamengo, em sua coletiva de apresentação deu a entender que o problema do Flamengo era Domènec Torrent. Seguindo a lógica cenista, seria necessário apenas voltar a jogar como Jorge Jesus. O problema é que o Flamengo de Ceni não joga como nem um nem outro. Bruno Henrique, em entrevista coletiva realizada no dia 8 de janeiro comparou Ceni a Jorge Jesus, dizendo que os treinos de ambos são comuns pela intensidade. O real problema aqui é querer fazer de tudo pra voltar no tempo. 2019 acabou e Jesus (o Jorge) não vai voltar. O Flamengo precisa de ideias, novas ideias. 2019 foi lindo, mas acabou. Bola pra frente.

E agora, José?

O Flamengo necessita de ideias de jogo. Sejam de Rogério Ceni, Dome, Jesus. O time precisa de consistência. E para a próxima temporada, necessita não de uma barca, mas de uma reformulação. 2019 acabou, e a vida útil de alguns jogadores do time da tríplice coroa, também.