No pior dia da pandemia no Brasil, Campello e Landim se reúnem com o “e daí?”

Nesta terça-feira (19), os presidentes do Vasco e do Flamengo, Alexandre Campello e Rodolfo Landim, respectivamente, se reuniram com o presidente da República, Jair Bolsonaro – o “e daí?” -. Além destes, a reunião contou com outras pessoas também ligadas ao esporte, como por exemplo, o Chefe do Departamento Médico do Flamengo, Márcio Tannure.

A reunião sem noção e sem precaução, foi realizada em Brasília, e tinha como principal objetivo organizar uma possível volta para o futebol, algo absurdo a se pensar em um dia que o país bate mais um recorde em número de mortes: 1179 em 24 horas. Além disso, o Brasil registrou 17.408 novos casos do coronavírus.

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Mediante à uma pandemia global que já vitimou mais de 300 mil pessoas em todo o planeta, pessoas irresponsáveis pedem à volta do futebol. Estamos em meio à uma pandemia e estamos sem um Ministro da Saúde, sem o capitão para essa partida duríssima em prol da vida – mas seres humanos desumanos propõem o retorno de um esporte de contato que vive conectado à emoção, todavia, sem contato e com risco iminente de contágio pela COVID-19, fica sem graça, perde toda sua essência, seu prazer -.

Infelizmente, Campello e Landim representam, respectivamente, Vasco e Flamengo, e mancham com sangue e lágrimas duas histórias tão belas do futebol brasileiro. Histórias de lutas ao longo dos anos, de sobrevivência mediante às dificuldades. A luta vascaína contra o racismo, o Flamengo que carrega o fardo de ser um time “do povo” no Rio de Janeiro – agora não mais, já que tudo ficou elitizado pelo lado rubro-negro -, mas, ainda assim, milhões de torcedores desses clubes, espalhados pelo mundo, sentem vergonha de seus presidentes irresponsáveis que brincam com vidas.

O senhor Rodolfo Landim pouco parece ligar para seus funcionários de baixa hierarquia, já que, no dia 4 de maio, perdeu o funcionário mais longevo do clube, o massagista Jorginho. Este trabalhou no rubro-negro durante 40 anos (sempre com muito amor e dedicação), porém, mesmo com sua triste morte devido ao coronavírus, quem seria seu chefe pouco importa com isso e quer a volta de ‘um futebol’ de qualquer maneira. Faz esforços quase que impossíveis para manter o salário integral dos jogadores, para renovar com o técnico Jorge Jesus (com um bom aumento). Agora, para proteger seus funcionários, não pode… até por isso, demitiu mais de 60 funcionários desde o início da pandemia.

— Flamengo (@Flamengo) May 4, 2020
Nas redes sociais, o clube lamentou a morte de Jorginho, no entanto, o presidente pouco pareceu se importar com o triste fato.

“Estamos seguindo os protocolos”. Em imagens divulgadas da reunião, não há ninguém de máscara ou sequer um frasco de álcool gel. Não há ninguém respeitando um mínimo distanciamento, muito pelo contrário, um número alto de pessoas concentradas em um pequeno espaço, lado a lado. Para piorar, ainda com pessoas que não sabem o mínimo do que estão fazendo ali – o caso do Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro -.

Os médicos Alexandre Campello e Márcio Tannure juraram lutar pela vida, entretanto, nesse momento dificílimo, ambos se encontram ao lado do presidente “e daí?”, convicto de seus pensamentos psicopáticos – mas sem a mínima base científica, claro, o que é feito nas universidades é balbúrdia -. O irresponsável incapaz atrás do posto de presidente da República tem toda a certeza do mundo que isso é só uma “gripezinha”, quando infelizmente ultrapassamos à marca de 270 mil infectados.

Como é possível observar, nenhuma medida foi adotada para que ocorresse a reunião.
(Foto: Reprodução.)

É repudiante qualquer ação destes para pedirem o retorno do futebol. O Flamengo quer treinar em Brasília, já que no Rio de Janeiro há uma série de dificuldades impostas – corretamente – pelos governantes locais. Aos senhores Alexandre Campello e Rodolfo Landim: vocês são uma VERGONHA para a história de seus respectivos clubes. Vergonha, vergonha, vergonha.

* A opinião contida neste texto não necessariamente reflete a opinião do site Mercado do Futebol, e deve-se exclusivamente ao autor desta matéria.