Os irreconhecíveis – Análise tática Fluminense x Flamengo
Em partida válida pela final da Taça Rio, Fluminense enfrentou o Flamengo, em um Maracanã vazio devido a pandemia. O Tricolor Carioca chegou ao confronto com 3 desfalques, sendo 2 importantes para Odair: Ganso e Fred. Sendo assim, Odair optou por um 4-3-3, com Muriel; Gilberto, Nino, Matheus Ferraz, Egídio; Hudson, Dodi, Yago Felipe; Marcos Paulo, Nenê, Evanílson. Já o Rubro-Negro entrou em campo com força máxima: Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Léo Pereira, Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta; Bruno Henrique, Gabriel.
A proposta de ambos eram totalmente opostas. Flamengo tinha como sempre a ideia de propor o jogo, com uma posse de bola vertical e utilizando de toques rápidos para infiltrar na defesa adversária. Já o Fluminense, apostava em saídas em velocidade, utilizando um jogo direto na construção, buscando as costas da defesa Rubro-negra, com Marcos Paulo e Evanílson usando a velocidade.
Na primeira etapa, um jogo bem parelho. Flamengo tinha a posse, mas tinha dificuldades para penetrar na defesa compacta do Fluminense, mas que mesmo assim cedia espaços no entre linha, porém, Flamengo não conseguia fazer a bola chegar com qualidade lá. Rubro-Negro buscava na criação o lado direito do ataque, com Rafinha e Gabriel fazendo dobradinha, e Everton Ribeiro encostando.
Como podem ver nas imagens abaixo, Tricolor Carioca defendendo em um 451, que variava para um 442, sempre em bloco médio/baixo. Para evitar superioridade numérica em cima de Egídio, Odair colocou Marcos Paulo para cobrir a projeção de Rafinha, e Dodi para marcar de perto Gabriel.
Com isso, Flamengo tinha dificuldades para criar, muito por causa que, Gabriel saía do entrelinha para vir buscar a bola. Sendo assim, Bruno Henrique saía da esquerda para ficar centralizado, e deixava o lado oposto da jogada sem amplitude, isso foi um dos maiores problemas para o Mengão. Que também tinha um Gerson pouco flutuando e criando opções de passe.
Com Gabriel voltando toda hora, para dar apoio na saída, sem Gerson encostando e Filipe tendo que ocupar a amplitude, Flamengo perdia qualidade na construção, por isso a dificuldade de penetrar na defesa Tricolor.
Já o Fluminense, sofria com o bloco alto do Flamengo, com uma pressão por encaixe que dificultava a saída e por muitas vezes Muriel viu como opção apenas o chutão para frente. Entretanto, quando tinha oportunidade, o Flu buscava sempre o cruzamento, e essa foi a maior arma Tricolor na primeira etapa. Antes do gol, Tricolor já havia levado perigo duas vezes, uma em cruzamento de Egídio para Nenê. E outra em uma bola parada de Nenê, que alçou na área com o mesmo desvio que aconteceu no lance do gol, porém esse Gilberto perdeu.
No lance do gol tricolor, falha defensiva de Léo Pereira. Ele não acompanha nem Matheus Ferraz que toma a frente dele, e também não acompanha Gilberto nas costas dele. Há quem diga que a posição de Matheus Ferraz era irregular, mas a única coisa que podemos falar é que ele participa do lance atrapalhando Léo Pereira.
No segundo tempo, nos primeiros minutos Flamengo continuou com as mesmas dificuldades. Já Fluminense optou por Fernando Pacheco no lugar de Evanílson. Odair colocou o atacante peruano pelo lado esquerdo e Marcos centralizado. Assim, o time das Laranjeiras, começou a aproveitar mais os espaços nas costas de Rafinha, com Marcos Paulo e Pacheco dando profundidade, e atacando as costas da defesa adversária.
Para buscar acabar com o problema na construção, Flamengo começou a fazer a saída de 3 com os laterais juntos ao zagueiro, o revezamento dos laterais se dava dependendo do setor da jogada, mas por muitas vezes, aparecia mais o Filipe Luís iniciando, além de Arão dando apoio a eles. No entanto, Flamengo só começou a conseguir penetrar mais na defesa tricolor, quando Michael entrou no lugar de Everton Ribeiro. O ponta passou a flutuar pelo entre linha, sempre ajudando dando amplitude no lado oposto ou encostando em Gabriel pelo lado direito para fazer dobradinha. Arrascaeta e Gerson começaram a se aproximar de Arão, e Gabriel parou de voltar para iniciar as jogadas.
No lance do gol Rubro-Negro, a jogada se inicia pelo lado direito, passa a Léo Pereira que aciona Michael, Filipe Luís muito inteligente ataca as costas da defesa tricolor e cruza para Pedro, que se posiciona entre os zagueiros tomando a frente e fazendo o gol.
Após o gol, o final do jogo seria ainda pior para o tricolor, que sentia cada vez mais o desgaste dos atletas. Flamengo crescia na partida, e poderia ter virado a partida com Bruno Henrique em lance que a defesa do Flu falhou em disputa de 1º bola, mas o “Rei dos clássicos” não estava em seu dia.
Ao todo, foi um jogo que esperava se mais. Flamengo poderia ter saído vencedor, se tivesse começado a explorar o lado esquerdo antes. De qualquer forma, não mereceu vencer. Fez uma das suas piores atuações com Jorge Jesus. Mas também não podemos tirar o mérito do Fluminense, que fez uma partida excelente, e atípica na temporada. Segurou o Flamengo, com uma obediência na organização defensiva absurda. Agora cabe ao Rubro-Negro aprender com os erros desse jogo, porque o Fluminense não será o único a fazer isso ao longo da temporada.
Foto de capa: Flu TV.