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Níger, um vento jovem e livre em busca de fazer história

O futebol nigerino (não confundir com nigeriano) aos poucos está ganhando ares no continente africano com o objetivo de chegar mais longe também no nível mundial. Seu início foi em 1961 com a criação da Fédération Nigerienne de Football, sendo que em 1964 foi filiado a FIFA e no ano seguinte na CAN, sua primeira aparição relevante foi nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1982. Na primeira fase, eliminou a Somália pelo gol fora de casa, pelo mesmo fator passou pelo Togo na segunda eliminatória. A esperança de disputar um campeonato intercontinental apareceu, porém a Argélia venceu no agregado por 4 a 1 e dissipou essa chance na terceira ronda.

Em 2009, o Níger conseguiu chegar a semifinal das Eliminatórias Africanas sub-17, todavia segundo a Confederação Africana existia um jogador de 22 anos na lista e assim o selecionado foi substituído por Malauí que disputou no lugar dos nigerinos, o mundial da modalidade. Contudo, eles não desistiram e seguiram na luta agora entre os principais, sendo que os resultados apareceram através da classificação para a Copa das Nações Africanas em 2012, perdendo os jogos para Gabão, Tunísia e Marrocos e em 2013 ficou no grupo com Gana, Mali e RD Congo (conquistando seu primeiro ponto contra os congoleses no 0 a 0).

Entretanto em 2017 chegou a tão gloriosa oportunidade de disputar a Copa do Mundo sub-17, após ser quarto lugar nas Eliminatórias, vale lembrar que a geração em parte foi criada em abril de 1999, após a morte de Ibrahim Baré Mainassara (autor de um golpe de estado que durou três anos). Na época, o conflito militar gerou eleições legislativas e presidenciais consideradas livres que tornaram Mamadou Tandja, presidente em novembro do mesmo ano. Cinco dos 21 atletas de Níger nasceram no dia 1º de janeiro de 2000, data-limite para inscrição o que gerou estranhamento, mas pelo visto foi somente devido as comemorações da liberdade.

A seleção nigerina enfrentou na competição: Brasil, Espanha e Coreia do Norte, sendo que eles venceram os norte-coreanos por 1 a 0, o gol de Abdourahmane ficou gravado na memória de todos do país. Mesmo com os resultados conseguiram passar para a segunda fase, sendo eliminados para Gana, todavia o treinador Ismaila Tiemoko foi profético ao mencionar: “Eles são o futuro do futebol nigerino. Vamos ser os anfitriões da CAN sub-20 em 2019 e esta equipa será a coluna dorsal dessa seleção”. Hoje, essa geração de 20 e 21 anos bate a porta do treinador francês Jean-Michel Cavalli (ele estava viajando para Niamei e assinar o contrato, quando os temor do coronavírus apareceu).

Aos 61 anos, o técnico chegou foi anunciado, após a situação estar minimamente controlada e mesmo com passagens por Lille, Ajaccio e seleção argelina (2006-2007) se impressionou com a estrutura do futebol no país: “nos meses que passei em casa antes de vir para cá, tive a oportunidade de estudar os jogadores e as escalações. Fiquei surpreso com as habilidades que testemunhei aqui, com alguns jogadores facilmente capazes de jogar na Europa”. O selecionado conta com atletas na Espanha, França, Israel e República Tcheca, sendo que nos últimos cinco jogos venceu três (Chade, Serra Leoa e Etiópia), além de um empate contra a Líbia.

Foto de capa: Getty Images.