Nos últimos dias, a equipe do Mercado do Futebol foi ao bairro Bom Jardim para entrevistar o coordenador da liga no bairro, Seu Lisboa que contou a história e atual estrutura do futebol amador na cidade
Fundação do clube e da liga atual do bairro:
Em 1985, o Seu Lisboa fundou o Esporte Clube Bom Jardim e se filiou a liga esportiva do bairro (os clubes mais antigos do local são da década de 1970). O presidente da liga na época deixava alguns trabalhos da agremiação de lado o que gerava certa revolta de seus filiados. Em 1994, o presidente se afastou e deixou a liga com o seu vice-presidente e assim o entrevistado foi convidado para ser administrador de competições. Após um ano de reestruturação e retomada de crescimento da liga, o antigo presidente voltou e o descontentamento junto com ele.
A Liga Desportiva da Tríplice Aliança (Santo Amaro, Santa Cecília e Granja Lisboa) foi fundada no dia 14 de fevereiro de 1995 como forma de reunir os desportistas do bairro e até o momento segue firme em seu projeto, tendo o apoio dos clubes da liga anterior. O Seu Lisboa foi o presidente fundador (atualmente a presidência é composta por uma mulher) é o coordenador de competições da liga. Então a fundação foi o resultado da criação do clube, do amor e das pessoas acreditarem em seu projeto.
Entrega de cargo no seu time e Relação com o poder público:
O fato de ser presidente de um clube e presidente da liga criou um entrave na relação de Lisboa com os desportistas dos outros clubes, assim ele entregou o cargo ao vice-presidente (Seu Eta). As dificuldades foram vistas em campo, Lisboa era atacante da equipe que fundou e alguns pensavam que o arbitro “roubava”, pois ele era o presidente da liga, após esses incidentes passou a trabalhar somente na presidência. Em 2001, por causa do trabalho na liga foi indicado ao cargo de diretor de Esporte e Lazer da Regional V pelo então prefeito Juraci Magalhães.
Com esta aproximação entre o futebol amador e o poder público houve a criação da Copa Cidade de Fortaleza em 2002, o Bom Jardim foi vice-campeão da regional e o dinheiro conquistado pela premiação foi dividido pela diretoria para pagamento de despesas e para os jogadores. No entanto, os atletas queriam o prêmio por inteiro e assim criou-se uma polêmica, por isso não foram a campo na final e perderam por W.O, após a questão o Esporte Clube Bom Jardim não existe mais.
Estrutura das equipes, apoio do governo e violência:
Em 1995, a primeira competição foi composta com 27 equipes (cada clube com duas quadras ou seja 54 equipes no geral) e hoje somente se tem 10 elencos (com duas quadras cada), o principal motivo é a decadência financeira. Os times não recebem apoio do poder público e os custos são altos (80 reais por fim de semana com a arbitragem, 320 reais por mês), além disso a lavagem do material e o dinheiro no entretimento dos atletas no pós-jogo. Uma equipe gasta 300 reais por semana, 1200 reais por mês, esse gasto somente é suportado por pessoas da Construção Civil.
As equipes tradicionais da liga são o Juventude, Granja Lisboa, Cearázinho e o Brasilzinho (equipes com mais de 40 anos de existência), muitos clubes não existem mais como o “Punho de Rede” e o Ouro Preto. A violência no bairro é algo muito sério sendo um área vulnerável na cidade, porém as estatísticas apontam que o campeonato da liga está em funcionamento o índice da violência cai. No final de semana mais de mil pessoas estão envolvidas em campo se divertindo, mas o poder público não vê essa oportunidade preferindo construir presídios do que tratar a prevenção.
Premiação e Patrocínio:
As equipes querem disputar uma premiação em dinheiro (geralmente 4 mil reais) e o troféu (valor de 600 a 800 reais), a premiação é conseguida através da taxa de arbitragem (se junta 10 ou 20 reais a cada partida para chegar ao valor necessário no final do campeonato). O valor médio é de 600 reais parece pouco, porém ao se comparar com o dinheiro ganho pelas pessoas (um salário mínimo) faz muita diferença. A única forma de ajuda seria o Ministério do Esporte, no entanto a equipe passaria a ser uma empresa o que seria muito complicado no atual momento.
Em São Paulo e no Paraná, o futebol amador é tratado com maior cuidado existindo um campeonato a nível estadual, no entanto aqui no estado não existe nem este projeto no momento. O patrocínio no bairro é a realidade da visão restrita dos comerciantes, apesar da tentativa da liga (confeccionando um jornal colocando pontos positivos do bairro, criando um bingo e divulgação na rádio) não se angaria bons valores de patrocínios, os calotes de eventos anteriores são uma das desculpas mais recorrentes neste caso.
Campos e Considerações Finais:
O Grande Bom Jardim tem muito espaço para a prática de futebol (Campo do Ypiranga, do Siqueira, da Santa Isabel, do Grêmio, do Granja Lisboa, do Flamenguinho, do Brasilzinho, do Cearázinho, o Estádio Municipal do Bom Jardim, a Areninha do Bom Jardim, do Coritiba e do Veracruz). Muitos campos ainda existem mesmo com a inexistência das suas respectivas equipes, diferente de muitos bairros onde o governo utiliza seus campos para construção de edifícios para os seus interesses.
Entra ano e saí ano ao invés de melhorar acaba piorando, a ajuda é mínima as dificuldades dos desportistas é grande. Há mais de vinte anos temos a liga e criamos ligas em outros bairros (como no José Walter) a duração foi de três anos e as competições tiveram sucesso com a nossa administração. Ainda espero uma pessoa como eu, que foi fundador de uma equipe e após isso chegou junto na construção da liga, não deixando a liga se acabar. As pessoas somente querem dirigir sua equipe, quero que a Liga da Tríplice Aliança se torne referência a nível estadual.
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