Entrevista exclusiva com o atacante Jô, artilheiro no Nagoya Grampus, do Japão

João Alves de Assis Silva nasceu no dia 20 de março de 1987 na cidade de São Paulo. Fostes revelado no Corinthians (onde retornou e foi artilheiro em 2017), além de passagens por Manchester City e CSKA Moscou. O atleta está atualmente no Nagoya Grampus, do Japão. Conhecido e reconhecido por bons serviços na Seleção Brasileira e por fazer gols por onde atua

 

1- Quando retornou ao Corinthians, você que saiu do Terrão, você sentiu que ali poderia ser uma espécie de recomeço, tanto da carreira quanto do lado pessoal?

R: Então, quando eu voltei para o Corinthians, o projeto que me apresentaram que foi o ano que o time teve em 2016 e o que eles pensavam para 2017, eu vi que era uma excelente oportunidade. Eu nunca quis mostrar a minha conversão ou se eu mudei ou não. Eu só mostrei isso à minha família, que foi quem sempre esteve ao meu lado. Daí, quando veio a chance de voltar ao Corinthians, eu pensei que, consequentemente, eu poderia mostrar também para as pessoas que o ser humano pode dar a volta por cima, então, acabou que isso também me ajudou a optar pelo Corinthians e graças a Deus, eu tive um ano maravilhoso em 2017. Foi bem pensada essa volta para mostrar o meu recomeço e meu valor no clube que me projetou ao futebol.

 

2- Como você resumiria seu 2017? Por que saiu do Corinthians, uma vez que você dizia que queria ganhar a Libertadores? O que fez você aceitar proposta do Japão?

R: O ano de 2017 praticamente foi muito bom. Quase ninguém esperava que fosse assim para mim e também para o Corinthians. Mas eu acreditava, assim como a família. É claro que clube também teve essa crédito em mim, porque me contratou. Foi um ano em que conquistamos dois títulos, eu fui artilheiro do Brasileiro, um feito que é muito difícil, me sinto muito orgulhoso e feliz, com certeza foi ano marcante na minha carreira. A proposta do Japão foi muito boa tanto para mim, quanto para o clube. A oportunidade de viver em um país diferente, maravilhoso para a família. Hoje eu sei que valeu a pena. Foi uma proposta realmente muito boa, por mais que eu dissesse que eu queria ficar no Corinthians, não dava para recusar. É uma oportunidade que não vem todos os dias e como vi que seria bom para todos, aceitei.

   

3- E como foi o seu 2018 no Japão? Conseguiu se adaptar ao jogo?

R: Não foi fácil a adaptação no começo. Futebol tem técnica, mas é muito corrido, tive que mudar um pouco a minha movimentação, enfim, mas depois de uns 4, 5 meses você vai pegando jeito, entende a maneira de sua equipe jogar e foi quando as coisas começaram a mudar. Mesmo com as dificuldades, ainda eu consegui ser artilheiro da competição. Deus tem me capacitado e mesmo com o time quase sendo rebaixado, brigando para não cair até o último momento, consegui fazer os 24 gols, ser artilheiro, e ajudar a equipe a ficar na primeira divisão. Foi um ano difícil para mim, mas especial, porque aprendi muito. Espero que 2019 seja ainda melhor.

 

4- O que mais você almeja para a sua carreira para os próximos anos? Algum dia retornará ao Corinthians?

R: Sempre temos que ter objetivos e motivações para continuar a carreira. Agora no Japão eu almejo títulos, marcar mais ainda o meu nome na história do clube. Então isso te dá mais motivação para melhorar e poder continuar jogando. Seleção eu também penso, tem Copa América esse ano e a gente nunca sabe quando será chamado. Tudo isso faz com que eu me sinta motivado para continuar. O retorno ao Corinthians todos já sabem, é um clube que eu amo, me deu uma oportunidade quanto eu precisei. Se tiver uma chance de voltar um dia, eu volto sim.

 

5- Tem mais de 200 gols na carreira, podemos dizer que seu melhor momento foi no CSKA? Por qual motivo? Teve também momentos interessantes no Atlético Mineiro, Al-Shabab e Jiangsu Suning. Existe alguma semelhança entre o modo de jogar desses países?

R: Foram vários momentos na carreira diferentes. O CSKA foi o meu primeiro clube na Europa e onde eu me destaquei muito em termos de números de gols, foi o lugar no qual eu mais de destaquei nesse aspecto, porém, eu era muito novo, e também não era muito conhecido. Minha passagem pelo City foi complicada, porque eu sai da Liga Russa e fui para a Premier League, um campeonato muito badalado. Para mim era tudo muito novo, então os primeiros seis meses não foram tão bons como eu, a diretoria e o presidente esperávamos. Mesmo assim continuei quase até o fim da temporada e depois fui para o Everton, e já mais adaptado fiz gols. No Galatasaray foram seis meses nos quais eu tentei dar o meu melhor, até o treinador na época queria a minha permanência, mas acabei voltando ao City do Roberto Mancini e um pouco mais maduro e acredito que fui bem, fomos campeões da FA Cup. Eu era muito novo, não muito disciplinado, a cabeça não estava muito no lugar. Era um garoto que ficou seis, sete anos na Europa. Daí voltei para o Internacional e não fui muito bem, depois teve o Atlético-MG e já com 26, mais maduro e experiente, fui melhor e teve título da Liberadores. Foram vários momentos, não consigo escolher, teve a Seleção, no Corinthians, em 2017 foi espetacular, tive um nível de concentração muito alto em termos de qualidade de jogo. Agora no Japão marquei 24 gols no meu primeiro ano. Então, foram momentos especiais que vivi em cada clube que passei e que vou levar comigo, serviu para crescer.

   

6- Passou por Manchester City, Everton, Galatasaray e Internacional. Por quais motivos não conseguiu se encaixar no futebol inglês? Naquela época (2008-2009) já se esperava um Manchester City muito forte atualmente? Como foi retornar ao Brasil depois de seis temporadas?

R: Como eu disse na resposta anterior, no Campeonato Inglês eu não pude mostrar o meu melhor pelo fato de ser muito novo, sai do país bem jovem, vim de uma Liga Russa que ainda não era muito conhecida. As coisas não saíram do jeito que eu queria, mas sou feliz pela experiência e por ter jogado a Premier League. Se eu pudesse voltar no tempo, corrigiria algumas coisas em termos de disciplina e aproveitaria mais do que o Campeonato Inglês nos ensina, mas valeu por tudo que eu aprendi. Quando voltei ao Brasil, estava com sede para jogar em alto nível. O Internacional já tinha uma equipe encaixada, o Leandro Damião estava voando e a readaptação foi difícil, mas depois ocorreu tudo bem, veio o Atlético-MG e consegui deixar o meu nome na história do clube e isso me deixou muito feliz.