De Alagoas para o mundo: Marta, nova embaixadora da ONU

“Entre no ônibus. Eu sei o que você está pensando. Eu sei o que você está sentido.

Não pense nisso… No quanto você está assustada… No quanto você está nervosa… No quanto todo mundo disse que você não podia fazer isso… Que você não deveria fazer isso… 

[…] Apenas entre no ônibus…

[…] Este ônibus… te levará para realizar o teu sonho, o sonho de se tornar uma jogadora de futebol profissional.

E te levará para muito mais.

Vai te levar para os campeonatos europeus, Copas do Mundo, Jogos Olímpicos, prêmios de melhor jogadora do mundo (e isto ainda nem existe na tua época)[…]”

E ainda te levará, querida Marta, ao cargo de embaixadora da ONU.

Trecho retirado do “Carta Para Eu Mesma Quando Jovem”, por Marta.**

Nesta última semana nos surpreendemos com a notícia que a jogadora Marta foi nomeada para o oficio de Embaixadora da Boa Vontade da Organização das Nações Unidas. Marta é a quarta brasileira a ocupar o cargo e primeira jogadora mulher latina escolhida para a luta pela igualdade de mulheres e meninas pelo mundo através da ONU.

O marco para a jogadora individualmente é espetacular; o marco para a sociedade é amplificador. Marta vem de origem humilde, passou por barreias sociais, econômicas e com certeza de gênero; atingir uma ocupação de alto nível prestativo a engrandece mais ainda, fazendo jus ao esforço e força que precisou ter em toda sua carreira futebolística. Socialmente, ter uma mulher no esporte como o futebol, enquanto porta-voz da igualdade tão necessária às mulheres é de extrema importância e representatividade para todos nós.

Marta tem  32 anos e já foi eleita 5 vezes a maior jogadora de futebol do mundo. Nasceu no município de Dois Riachos-AL, mas iniciou sua carreira profissional no Rio de Janeiro através do clube Vasco da Gama.

Foto: PNUD/ Site ONU Brasil

Como embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, Marta trabalhará na busca de emponderar, encorajar e inspirar meninas e mulheres a desafiar tabus, superar barreiras sociais sejam quais forem suas ambições.

Sabemos de toda cultura de inferioridade no seio social em que as mulheres são submetidas. A criação de políticas de enfrentamentos e educação contribui na equidade da sociedade com relação aos gêneros e na ruptura cultural de desigualdade e inferioridade na qual mulheres são enquadradas.

Foi de tiro certeiro da Organização dar visibilidade através da jogadora com relação ao esporte. O futebol carrega inúmeros tabus cercados na participação de mulheres ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, os investimentos são mínimos para as nossas meninas. Marta em nome de sua notoriedade leva mais visibilidades a essas lacunas por todo o mundo quanto ao futebol feminino, fazendo então subentender, aquilo que já é explicito para alguns: as oportunidades e incentivos aos torneios de futebol feminino precisam de grande elevação para tornar os sonhos de tantas Martas, Cristianes, Barbáras e Andressas ecoarem pelo o mundo.

“É uma honra me tornar uma embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres para mulheres e meninas no esporte. Estou totalmente comprometida em trabalhar com a ONU Mulheres para garantir que mulheres e meninas em todo o mundo tenham as mesmas oportunidades que homens e meninos têm para realizar seu potencial e eu sei, da minha experiência de vida, que o esporte é uma ferramenta fantástica para o empoderamento” – Marta

 

** https://www.theplayerstribune.com/en-us/articles/marta-letter-to-my-younger-self-portuguese