Entrevista com Camilinha, meia da Seleção

A meia Camilinha, atualmente jogadora do Orlando Pride e da Seleção Brasileira, concedeu entrevista ao site Mercado do Futebol, confira o que disse a jogadora

 

Vamos começar com perguntas curtas de respostas rápidas ligadas aos mais diversos temas, para que o leitor conheça um pouco mais sobre a meia-atacante Camilinha

  • Um hobby: Sair com amigos
  • Filme favorito: Qualquer um da Marvel, amo super heróis”
  • Uma música favorita: Agora, Amor Falso
  • Jogo mais marcante da carreira: Mundial Sub-20, Brasil x Alemanha
  • Uma qualidade sua: Não tem tempo ruim
  • Um defeito seu: Não dizer não
  • Um orgulho: Poder ajudar minha família
  • Uma inspiração? Meu pai
  • Um lugar que deseja conhecer: Maldivas
  • Um ídolo no futebol: Marta e Cristiano Ronaldo
Imagem: Orlando Pride (Estados Unidos).

 

1 – Camila, começou sua caminhada no futebol aos oito anos, pode nos contar um pouco sobre o começo da sua carreira? Você sempre soube que seria jogadora profissional?

R: Comecei com oito anos jogando na escola e foi bem bacana, bem interessante porque eu jogava os jogos escolares, moleque bom de bola, micro regional, regional, estadual, então a gente sempre ia viajar pra cidades próximas de São Bento do Sul, que é a minha cidade, para disputar essas competições. Então a gente sempre ia e ficava uma semana em um colégio e como eu era a mais nova eu sempre tinha que fazer alguma prenda, alguma coisa. Foi interessante e divertido esse início, além de eu me divertir tinha meninas mais velhas e elas levavam isso a sério, porque era o que a gente tinha pra jogar naquele tempo, então era muito importante, eu aprendi com as meninas mais velhas que sim, cada competição que eu participasse, seja ela qual for, eu tinha que levar muito a sério. Acho que desde pequena aprendi que cada competição tem que ser muito importante e isso me levou a ser quem eu sou, essa Camila competitiva que odeia perder e sempre quer ganhar e estar entre os melhores. Sempre soube que eu queria ser jogadora de futebol profissional, eu comecei na brincadeira, com o incentivo do meu pai e ouvindo ele falar que sim eu poderia, que sim eu conseguiria chegar lá e alcançar outros objetivos, eu acabei acreditando muito mais em mim e me motivou muito. Quando eu vi que Deus tinha me dado esse dom e eu poderia levar a diante eu aproveitei essa oportunidade, essa bênção que Ele me deu e segui carreira.

 

2 – Hoje defende o Orlando Pride, dos Estados Unidos, como é a visibilidade do futebol feminino no país? Como foi sua adaptação fora do Brasil?

R: A gente tem uma visibilidade muito grande, não tanto quanto o masculino, mas o feminino já se expandiu muito aqui, muitas pessoas vão aos jogos acompanhar, temos muitos fãs e isso é muito bacana mesmo. Minha adaptação de primeiro ano dos Estados Unidos foi no Houston Dash, no Texas. Foi um pouquinho complicado, eu morei com uma família mexicana, que eles chamam de host family aqui e foi uma adaptação um pouquinho complicada, eu não falava inglês, não conseguia me comunicar, foi um pouquinho difícil sempre tinha que ter um tradutor perto. Aqui em Orlando foi bem mais tranquilo, as meninas me receberam muito bem, então eu já tive mais tranquilidade, fui desenvolvendo o inglês, fui conversando e a timidez acabou saindo. Fazendo uma boa temporada e estando feliz as coisas começam a fluir, a adaptação eu acabei levando de letra e me adaptei super bem, as brasileiras que estão aqui também, fica mais fácil de levar as coisas.

Imagem: Seleção Brasileira.

3 – Em setembro de 2017 rompeu o ligamento cruzado do joelho direito, sendo uma das lesões de recuperação mais lenta, como foi pra você ficar longe dos gramados?

R: Foi a lesão mais complicada que eu tive, e é complicado porque eu vinha numa boa fase, num bom ano, conquistando aqui em Orlando a ‘novata do ano’, eu tava numa boa fase e isso me abalou bastante, mas tudo acontece por um propósito. Foi no final da temporada, não foi no início, eu poderia ter perdido a temporada toda, mas não, perdi um ou dois jogos, claro que eram jogos importantes porque eram play-offs. É complicado porque eu comecei com oito anos, saí de casa com 13 anos e eu vivo disso, ajudo minha família e faço minhas coisas, vivo do futebol e é o que eu amo fazer, então ficar todo esse tempo longe é complicado. Tive contato com as meninas no campo somente no final de fevereiro, eu só estou voltando a treinar com elas, é difícil. Agora eu estou numa parte boa, que é voltar a treinar e daqui a algumas semanas ter o meu primeiro jogo da temporada, que vai ser agora em junho, mas no início ficar “trancada” numa sala de fisioterapia tratando é difícil. Eu vivo em quatro linhas, numa competitividade e adrenalina gigante, aí sair de tudo isso para fazer fisioterapia é bem complicado.

 

4 – Desde que começou sua carreira, chegou a sofrer preconceitos ou pensou em desistir do esporte? Acredita que ainda há um caminho a ser percorrido para o Futebol feminino ter o mesmo apreço do masculino?