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Futebol feminino: o papel das categorias de base

O futebol feminino tem tido, nos últimos anos, um reconhecimento mais expressivo. Muito se discute quanto à falta de investimento na categoria profissional, mas deve se destacar, também, a precariedade de recursos para a formação de novas atletas. O bom preparo nos trabalhos de base terá reflexos evidentes no futuro das categorias profissionais.

No futebol feminino, encontram-se dificuldades logo no início da carreira. Não há, no Brasil, clubes para que as mulheres possam atuar até os 14 anos. Contraditoriamente, essa é a idade em que boa parte dos garotos, já possuem uma base bem definida. O início tardio atrapalha a formação das meninas como atletas, criando um déficit no desenvolvimento que muitas vezes precisa ser corrigido enquanto profissionais.  

Um exemplo que deu certo

Apesar do número escasso de clubes para formação dessas atletas, em São Paulo, encontramos um centro de formação referência no futebol feminino. Como iniciativa da Prefeitura, foi fundado o Centro Olímpico, em 2010. A iniciativa acarretou no primeiro clube de base, exclusivo para formação de meninas entre 9 e 17 anos.  

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Foto: Gabriela Santos

“O Centro Olímpico, diferentemente dos grandes clubes, é uma equipe de formação de atletas, com o objetivo é formá-las dos nove aos 17 anos, para que elas possam se inserir no mercado. Hoje, os clubes estão vendo que o futebol feminino é atrativo, cada vez mais ele está se tornando um mercado, mas em nível de base ainda falta muita coisa”, explica Rodrigo Coelho, supervisor do projeto, em entrevista ao repórter José Eduardo Bernardes, do Brasil de Fato, na TVT.

Competições de base

Além da falta de opções de clubes que ofereçam formação para as garotas, não há competições suficientes para abastecer as categorias de base. Além disso, até o ano de 2017, não haviam competições de base para as mulheres, quando ocorreu o primeiro torneio estadual de base paulista, Sub-17. Já no ano de 2019, ocorreu a primeira competição nacional Sub-18. 

Apenas pelo segundo ano consecutivo, a CBF irá organizar três competições de base: Torneio de Desenvolvimento Sub-14 – em parceria com a Conmebol – Campeonato Brasileiro Sub-16 e o Campeonato Brasileiro Sub-18. As competições são essenciais para fomentar o esporte, pois fazem parte da estratégia de desenvolvimento, além de aumentar o nível de exigência e competitividade da categoria.  

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Equipe titular na estreia da Seleção Brasileira Feminina Sub-17
Foto: Marcos Paulo Rebelo/CBF
Realidade fora do Brasil

Nos EUA, por exemplo, há um investimento inicial na formação das atletas, a partir dos 5 anos de idade. Com isso, as atletas chegam mais bem preparadas ao profissional, com bagagem técnica e tática. A boa formação acarreta, consequentemente, em visibilidade e em um bom conjunto na seleção nacional, além de influenciar, também, no mercado local do futebol feminino.  

A diferença na valorização das categorias de base entre EUA e Brasil refletem nos números. Conforme estudo da FIFA, o Brasil tem um total de 15 mil mulheres jogando futebol de maneira organizada, com apenas  475 jogadoras com menos 18 anos registradas nos clubes. Já o atual campeão do mundo tem 9,5 milhões de mulheres jogando, sendo 1,5 milhões de atletas nas categorias de base.  

A excelência de qualquer esporte começa pela preparação dos atletas durante as categorias de base. Projetos de países como os EUA evidenciam a importância de investimentos na formação de atletas como meio de desenvolver a modalidade. No Brasil, ainda é necessário mudanças para  aumentar a quantidade de clubes que disponibilizem categorias de base e proporcionar um calendário regular com competições. Desse modo, o futebol feminino poderá crescer e se tornar uma potência.

Créditos foto de capa: Divulgação CBF