Dos fracassos à glória em casa: cinco anos da primeira conquista chilena
Há cinco anos, uma das histórias mais lindas de uma seleção sul-americana era escrita. Um time sem conquistas, um país sem vitórias futebolísticas, vencia seu primeiro título, justamente em sua casa, em seu estádio, com seu povo, os mais de 18 milhões de habitantes. Essa é a Seleção Chilena, que se acostumou aos fracassos e esperou calmamente por sua primeira glória sul-americana. Depois da primeira Copa América, que faz aniversário de cinco anos neste 4 de julho, veio a segunda no ano seguinte, nos Estados Unidos, contra o mesmo rival.
O Chile que tinha em seu time a melhor geração Roja da história soube jogar e teve a sutileza necessária quando se sabe que não havia como perder. A Copa foi abençoada do começo ao fim no estádio onde vagavam presos pela ditadura e tem em seu portão oito a eterna lembrança dos que entraram vivos e saíram mortos dali. Oficialmente, 400 dos cerca de 40 mil que ficaram presos ali tiveram a cancha como a última lembrança. O terror começou no 11 de setembro e o grito de campeão veio em 4 de julho. E vamos a história da Copa América de 2015.
Os fracassos chilenos
O Chile tardou a ganhar um título com sua seleção principal. Sua primeira partida internacional foi com a Argentina, em 1910. Por ironia do destino, foi o mesmo rival derrotado em seus dois títulos mais de um século depois. Das dez seleções da Conmebol, o Chile foi a oitava a conquistar a Copa América. Até hoje restam duas sem Copas: Equador e Venezuela.
La Roja, como é conhecida por seu uniforme vermelho, participou de nove das 21 Copas do Mundo. Sua melhor classificação foi um terceiro lugar conquistado no Mundial de 1962, disputado no país andino. A queda veio para o campeão Brasil. Seguindo seus fracassos em Copa do Mundo, nunca mais passou da fase oitavas de final. Em 2014, ficou a poucos centímetros de avançar. Contra a mesma Seleção Brasileira, no Mineirão, levou o embate para a prorrogação e no último lance, Mauricio Pinilla, o camisa 9, acertou a trave.

Não era o momento de avançar e sim de esperar a Copa América em casa no ano seguinte. Essa mesma competição que já havia rendido quatro vices ao Chile. E olha que quase La Roja não disputou a Copa em casa. Inicialmente, ela estava prevista para acontecer no Brasil em 2015 e a de 2019 no Chile. Após longas conversas, negociações, conspirações (por que não?), o Chile foi confirmado como sede. Era a hora de copar.
La Copa Roja
O primeiro embate, assim como os outros cinco que viriam, foi em Santiago, no Estádio Nacional. ‘El Coloso’, como também é conhecido, sempre foi a casa da Seleção desde sua fundação, em 1938. O jogo foi contra o Equador, vitória por 2 a 0 com gol de pênalti de Arturo Vidal e Eduardo Vargas. Ótima estreia para uma cancha lotada. O jogo seguinte foi contra o México, um animado empate em 3 a 3, com gols de Vidal (2), Vargas; Matías Vuoso (2), Raúl Jiménez. O fim da fase de grupos foi uma sonora goleada contra a Bolívia por 5 a 0, gols de Aránguiz (2), Sánchez, Medel e um contra.