Os Superclássicos em Libertadores

River Plate e Boca Juniors abrem a semifinal da Libertadores de 2019 nesta terça-feira, 1 de outubro, no Monumental. Mais uma história desse confronto será escrita na maior competição continental. São dois gigantes com 10 títulos de Libertadores somados e para muitos, é o maior clássico da América, quiça do mundo.

Esta será a décima segunda vez que eles se encontram na competição. É um confronto muito rico em vários sentidos. Tem torcidas apaixonadas, às vezes, violentas, partidas memoráveis, eventos quase inimagináveis como uma final de Libertadores em Madrid e por aí vai. Este capítulo da semifinal de 2019 terminará no dia 22 de outubro, em La Bombonera.

Os times já se enfrentaram 370 vezes na história. Isso tudo entre Campeonato Argentino, Copa da Argentina, Supercopa, Libertadores e Sul-Americana. O Boca Juniors tem 133 vitórias e o River Plate 123. Um confronto equilibrado diante do número de partidas.

Pela Libertadores da América, são 26 partidas em 11 edições diferentes. A vantagem também é dos xeneizes, mas os millionarios ganharam a chamada Final Del Mundo em 2018 e isso pesa muito.

Os primeiros confrontos

O primeiro Superclássico foi há 54 anos, na Libertadores de 1966. No dia 10 de fevereiro daquele ano, os times entraram no Monumental pela primeira fase da Libertadores. O River Plate venceu por 2 a 1 e na rodada de volta, Boca fez 2 a 0. E eles voltaram a se enfrentar na semifinal, que era disputada em grupos. Vantagem para o Boca Juniors, que empatou em Nunez em 2 a 2 e venceu em sua casa por 2 a 0. Apesar de perder, o River Plate acabou passando e foi vice naquele ano.

Superclássico em 1966 realizado na Bombonera (Foto: Expediente River)

Quatro anos mais tarde, os gigantes se enfrentaram de novo. Ali, nenhum havia conquistado a América, ambos já tinham batido na trave. Boca para o Santos de Pelé e o River Plate para o Peñarol. Na fase de grupos da Libertadores de 1970, o Boca venceu o River duas vezes, por 3 a 1 no Monumental e 2 a 1 na Bombonera. Na segunda fase, o River Plate venceu o Boca por 1 a 0 e empatou depois sem gols. No grupo que ainda era composto por Universitário-PER, o tricolor argentino passou de fase.

Bicampeonato do Boca

Na década de 1970, o Boca Juniors viveu o seu primeiro momento de glória na Libertadores e o River Plate foi novamente vice-campeão e nos anos seguintes o seu rival levantou o bicampeonato da América.

Em 1977, os dois se enfrentaram na primeira fase. O grupo 1 contava com os dois argentinos e com Defensor e Peñarol. Os dois Superclássicos terminaram com uma vitória dos xeneizes e um empate. Na Bombonera, 1 a 0 para o Boca Juniors e no Monumental, 0 a 0. Naquele ano, o Boca foi campeão em Santiago sobre o mesmo rival do River no ano anterior, o Cruzeiro.

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Elenco do Boca Juniors campeão em 1977 (Foto: Conmebol)

No ano seguinte, os times se enfrentaram na fase semifinal. O Boca, sendo campeão, entrou diretamente nessa fase. O grupo ainda contava com Atlético Mineiro, que ficou em último. Novamente o Boca levou vantagem. Um empate em 0 a 0 na Bombonera e 2 a 0 no Monumental. No fim daquela Libertadores, o Boca levantou sua segunda taça e depois ficou em um jejum de 22 anos.

Vantagem Millonaria

Depois de cair duas vezes para o maior rival, o River Plate deu o troco em 1982 e em 1986. Não foi na fase mata-mata, mas a vantagem foi do time de Nunez. Em 82, empate em 0 a 0 na Bombonera e no Monumental, vitória simples do River Plate. Naquela edição, o Boca caiu ainda na fase de grupos.

Quatro anos mais tarde, o River Plate eliminou o Boca na fase de grupos e partia para o seu primeiro título de Libertadores. O jogo do turno ficou empatado em 1 a 1 e no returno, outra vitória simples para os millonarios. Em 86, o América de Cali ficou com o vice-campeonato.

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Jogadores levantando a taça em Nunez (Foto: Conmebol)

Domínio xeneize

Nas décadas de 1990 e 2000, o Boca Juniors teve um imenso salto de patamar na sua história. Principalmente de 2000 até 2007, que o time enfileirou quatro Libertadores e se isolou como o segundo maior campeão da competição. Até hoje, está com seis copas e o Independiente tem sete.

No ano de 1991, na fase de grupos, os times fizeram dois grandes embates. Foram duas vitórias do Boca Juniors. O time millonario ficou pelo caminho naquela edição. Diante dos xeneizes, perdeu por 4 a 3 na Bombonera e por 2 a 0 no Monumental.

No tricampeonato da Libertadores, em 2000, o Boca passou novamente pelo seu maior rival. O tido como muitos maior Boca de todos os tempos começou sua linda trajetória de quatro títulos em sete anos ali. Nas quartas de final, enfrentou o River, perdeu o jogo de ida por 2 a 1 no Monumental e em sua casa, engatou um 3 a 0. Passou e foi campeão diante do Palmeiras.

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O Superclássico em 2000 pela Libertadores (Foto: Trivela)

Em 2004, quando o time azul foi vice-campeão da América, também eliminou o seu maior rival. O embate dessa vez foi na semifinal e decidido nas penalidades. Na ida, o Boca venceu por 1 a 0 e na volta, perdeu por 2 a 1. Como os jogos foram na mesma cidade, não existiu o critério do gol fora e por isso os penais. Boca passou e perdeu a final para o Once Caldas.

Troco dos millionarios

O atual momento é do time dirigido por Marcelo Gallardo. Com ele no comando, a equipe já venceu duelos decisivos contra o Boca em Libertadores duas vezes. Além disso, ainda eliminou-o na Sul-Americana de 2014, que o River foi campeão. Enfim, a história com o muñeco é outra.

Pela Libertadores, a primeira eliminação xeneize foi em 2015. Nas oitavas de final, o River havia feito a pior campanha da primeira fase e o Boca a melhor. Nas oitavas, o jogo de ida no Monumental foi 1 a 0 para os locais. Na volta, 0 a 0 no primeiro tempo e no intervalo, confusão envolvendo a torcida e os jogadores do River Plate, que culminou na eliminação do Boca. Ali, os millionarios partiram para sua terceira Libertadores.

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Os jogadores do River sofreram com o spray de pimenta lançado por torcedores no túnel que deu acesso ao vestiário (Foto: Clarín)

Final del Mundo

O maior Superclássico da história tinha tudo para ser marcado por jogos épicos e por uma grande festa em duas das maiores canchas do futebol latino. Mas não aconteceu isso. Quis o destino que a nossa final fosse para longe, mais precisamente para Madrid, a capital de uma Espanha que nos colonizou.

Na última temporada, os dois decidiram a Copa Libertadores pela primeira vez em 59 edições. O primeiro embate foi na Bombonera e a final estava marcada para o dia 10 primeiramente. Só que uma chuva adiou o embate para o dia seguinte. Parecia uma profecia do que viria.

No campo, um grande jogo. Ramón Ábila e Dario Benedetto marcaram para o Boca. Pratto e um gol contra igualaram a contagem. 2 a 2 e a decisão ficava para o Monumental.

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Campo da Bombonera inundado no dia da final (Foto: Portal T5)

Para o jogo de volta, o tempo colaborou, não choveu. Pelo contrário, estava limpo. Porém, na ida do Boca ao estádio rival, o ônibus foi apedrejado e vários vidros quebraram. Alguns jogadores foram atingidos e ficou-se um impasse se teríamos ou não a final. O Monumental estava lotado com 70 mil torcedores. Mas não se tinha certeza de nada. No fim das contas, final adiada para o dia seguinte.