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Pela primeira vez na história, Libertadores pode ter só um país na semifinal

Com uma vaga já garantida entre os quatro melhores, se os outros brasileiros passarem, Liberta vira ‘Copa do Brasil’

A Copa Libertadores começa sua fase de quartas de final nesta terça-feira (10) com o clássico paulista entre São Paulo e Palmeiras, às 21h30, no Estádio do Morumbi. Na quarta-feira (11), o Olímpia recebe o Flamengo em Assunção às 19h15 e o Atlético Mineiro visita o River em Buenos Aires às 21h30.

Fechando a semana, o Fluminense duela contra o Barcelona, do Equador, no Maracanã, na quinta (12), às 21h30. Com uma vaga na semifinal garantida, se os outros brasileiros passarem, será a primeira vez em 62 anos de Libertadores com apenas um país entre os quatro melhores.

Distribuições de vagas

Até o ano de 2000, era impossível acontecer uma semifinal só com equipes do mesmo país. Pela distribuição de vagas, uma federação poderia ter no máximo três representantes – dois classificados e o campeão. Nos primórdios da competição, somente os campeões nacionais disputavam a Copa – período entre 1960 e 1965. Na edição de 1966, que os brasileiros decidiram não participar, o número aumentou para duas vagas mais por país. Essa distribuição se manteve até 2000.

No final do milênio passado, o número passou para quatro times para Brasil e Argentina e três para os demais com exceção de Venezuela e México (esses com duas). Assim, foi a primeira edição sem os grupos binacionais e com a chance de uma semifinal de um país só. No tricampeonato do Boca Juniors, a semifinal foi composta também por Palmeiras, América, do México, e Corinthians.

Desde então, a Libertadores era uma competição do primeiro semestre, não durando todo o ano. A Confederação Sul-Americana de Futebol mudou tudo na edição de 2017. O número foi para 47 clubes – em 2016 eram 38 – e o Brasil passou a ter sete vagas (cinco para os grupos e duas para as prévias) e Argentina seis (cinco para os grupos e uma prévia). Os outros oito países ficaram com duas diretas aos grupos e duas nas prévias.

Grêmio eliminou o Barcelona em 2017 (Lucas Ubel/Grêmio FBPA)

A partir de toda a mudança, a Copa ficou para Brasil ou Argentina nas últimas quatro edições. Em 2017, Grêmio levantou seu tricampeonato. Em 2018, o River foi tetra. Em 2019, o Flamengo foi bi na final única em Lima. E o atual campeão é o Palmeiras. Fora desse eixo, o Atlético Nacional foi campeão em 2016 e o Barcelona semifinalista em 2017.

Domínio ou falta de democracia?

Das últimas 16 vagas na semifinal da Libertadores, somente oito clubes tomaram posse delas. São eles: Grêmio, Lanús, Barcelona, River Plate, Boca Juniors, Palmeiras, Flamengo e Santos. Todos esses resultados para Brasil ou Argentina começaram a gerar o debate se clubes de outros lugares não deveriam estar ali também. Alguns chegaram até a sugerir clubes dos Estados Unidos e do México para dar mais competividade.

No entanto, é para se levar em conta investimentos de hermanos e brasileiros na hora de pensar sobre isso. Os recursos são maiores que os demais. Porém, a política da Conmebol acaba por favorecer quem tem mais vagas e dinheiro. Somente três países entre os quatro melhores desde 2017 não é mera coincidência. Onde estão Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Bolívia, Venezuela e Peru? O paisito será apenas o palco da final única em Montevidéu no dia 27 de novembro.

O lendário Centenário não terá um finalista uruguaio na Libertadores (Wikipedia)

Se eles recebem menos vagas e premiações, fica mais complicado reverter um panorama que beneficia brasileiros e argentinos. Hoje, a Libertadores é menos democrática do que deveria. Essa falta de alternância é como uma República Café com Leite. É ele ou o outro, nunca tem o alguém mais.

Na edição de 2021, Olímpia e Barcelona, paraguaios e equatorianos, tentam fazer o que parece impossível nos tempos atuais, tirar vaga na semifinal de Brasil e Argentina. E se os brasileiros confirmarem suas vagas, temos uma ‘Copa do Brasil’ internacional.