Adeus, Robinho
Quando eu era pequena, meu pai me levou à Vila Belmiro para ver um “neguinho da canela fina” jogar. Eu não entendia muito sobre futebol, mas ficava encantada com a forma dele de correr, driblar e fazer gol. Era lindo. Eu, com meus sete anos, me apaixonei por futebol ali, vendo-o em campo. Gritava seu nome loucamente das arquibancadas – o primeiro canto de torcida que decorei foi “Diego toca a bola, Robinho deita e rola, e só dá Santos”. Ele tirou das minhas e de muitas outras costas o apelido de “menino da fila”. Com seu futebol mágico, encantou a todos e foi bicampeão brasileiro, sendo a primeira vez em um embate histórico contra um rival. Mas então, em meio a muitas polêmicas, ele se foi.
Em 2010, um pouco mais “entendida de futebol”, o vi ser reapresentado em um espetáculo com direito a helicóptero, Pelé e Chorão. “O Robinho tá de volta na baixada, o Robinho tá de volta no Santos”, cantava a torcida emocionada. Sempre dizem que um bom filho a casa torna, não é mesmo? Então. Naquele mesmo ano, junto com Neymar e cia, ele levantou a taça da Copa do Brasil e nos trouxe, mais uma vez, um título nacional.
Como doeu a segunda despedida. Como chorei ao vê-lo sair de campo, naquele 4 de agosto, e saber que não veria novamente nem tão cedo… A única coisa que me confortava era a convicção que eu tinha de que ele voltaria. Um bom filho a casa torna, não é mesmo?
Quatro anos depois ele voltou, mais uma vez. A emoção já não era mais a mesma, mas a euforia permanecia intacta. Fui à Vila Belmiro, em um domingo de clássico, só para vê-lo entrar novamente em campo com o manto sagrado. Santistas de todas as idades o ovacionavam. Cada vez que fazia uma jogada, por mais errada que fosse, era aplaudido. De todos os jogadores, o nome de Robinho era o único que era cantado com força máxima.
Ele era A referência para a molecada que subia da base. Assim como foi para Neymar, era uma honra, para os que chegavam ao profissional, jogar ao lado de Robinho. Capitão absoluto, idolatrado. Nossa eterna joia, diamante lapidado pelas mãos do Santos.
O clube passou por muitos problemas financeiros, em decorrência da má gestão de Odílio Rodrigues, e se endividou até a cabeça. Perdeu jogadores e ganhou processos judiciais, mas ele continuou lá. “O Robinho jamais faria isso com o Santos”, repetiam os torcedores. Era inegável a ligação do Robinho com o time, bastava ele voltar que a vaga na seleção estava garantida. Era inexplicável o amor da torcida por aquele jogador que, com 8 pedaladas, marcou seu nome para sempre na história do time. E, por tamanho sentimento, era inevitável a tristeza e a decepção ao ver Robinho virar, mais uma vez, as costas para quem o “criou” e “acolheu”.